17/01/2013 13h22
 

No total serão transferidos R$ 225 mil para a Liga Sorocabana de Blocos e Escolas de Samba como subvenção à realização do carnaval

 

Com cinco votos contrários, os vereadores aprovaram em sessões extraordinárias realizadas na manhã desta quinta-feira, 17, o projeto de lei de autoria do Executivo que prevê o repasse de R$ 225 mil para a Liga Sorocabana de Blocos e Escolas de Samba (Lisobes).

 

O projeto dividiu opiniões. A maioria dos parlamentares, mesmo favoráveis à manutenção do carnaval de rua, falaram sobre a necessidade de reformulação do modelo adotado pelo município e criticaram o valor do repasse, insuficiente na visão dos vereadores para a realização de um grande evento.

 

O presidente da Liga das Escolas de Samba, coronel Rolim, e outros membros da mesma acompanharam a votação, assim como o ex-secretário de Cultura e Lazer, Edmilson Chelles Martins. O presidente da Câmara, vereador José Francisco Martinez (PSDB), criticou a ausência do atual secretário de Cultura, José Simões de Almeida Junior. Martinez é autor da Lei nº 7.509, que criou o Fundo Municipal para Realização de Festejos Populares como o carnaval.

 

Votaram contra o projeto os vereadores: Marinho Marte (PPS), Irineu Toledo (PRB), Luis Santos (PMN), Pastor Apolo (PSB) e Rodrigo Manga (PP).

 

Discussões – Marinho Marte (PPS) iniciou o debate. Para o vereador, o prefeito Antonio Carlos Pannunzio está “constrangido” pelo compromisso assumido pelo ex-prefeito Vitor Lippi com as escolas de samba diante dos problemas sérios na saúde, educação e outras áreas. O parlamentar foi enfático ao dizer que não é contrário ao carnaval de rua, mas defende que as escolas de samba se mantenham com participação da iniciativa privada.

 

“O carnaval de rua em Sorocaba tem de ser reorganizado. A Prefeitura deve colaborar dando estrutura para que o evento aconteça”, afirmou Marinho Marte. Quanto ao repasse de verba, o parlamentar ressaltou: “Como os vereadores vão responder quanto ao mais importante, como a falta de médicos?”. Para Marinho Marte, a liga deveria promover atividades ao longo do ano para capitalizar recursos, a exemplo dos blocos de rua da cidade.

 

O líder do Governo na Casa, vereador Paulo Mendes (PSDB), destacou que a Prefeitura repassa verbas para a Semana dos Tropeiros, aniversário da cidade e outras festividades do calendário oficial do município, que são previstas no orçamento municipal. Segundo Mendes, pela primeira vez, a Câmara vota em sessão extraordinária um projeto de lei para transferir a verba do carnaval, devido à exigência recente do Ministério Público que determina lei especifica antes do repasse. O líder afirmou que o novo prefeito está “racionalizando” a estrutura administrativa da Prefeitura para enxugar os gastos; economia que será investida em urgências como as da área da saúde.

 

Demais posições Para José Crespo (DEM), a administração deve prestar apoio às escolas de samba durante todo o ano, ajudando as escolas a se organizarem, e não só de última hora, com um projeto em caráter de urgência. Na mesma linha, Izídio de Brito (PT) destacou o constrangimento das escolas de samba, diante da demora no repasse da verba nesse processo de transição de governo. O petista se mostrou favorável a uma mudança no modelo, mas disse que nesse momento, o valor não fará diferença no orçamento.

 

Jessé Loures (PV) também falou sobre a importância do carnaval como festejo popular e a necessidade do poder público fomentar ações de lazer. O parlamentar ressaltou o comprometimento de todos os envolvidos no carnaval, além da atividade econômica gerada direta e indiretamente. A segurança foi outro tema abordado pelo vereador. “Que os presidentes da liga fiquem atentos ao que foi combinado, para não comprometer a logística e a segurança de todos”, disse.

 

O vereador Anselmo Neto (PP) lembrou que a rubrica já consta do orçamento e não foi criada agora: “Se não houvesse o repasse, as escolas deveriam ser avisadas antes. Temos que honrar nossos compromissos como homens públicos”. Os vereadores Claudio do Sorocaba I (PR) e Antonio Carlos Silvano (PMDB), falaram a favor do repasse e do festejo popular.

 

Já o vereador Luis Santos (PMN) anunciou voto contrário ao projeto afirmando que “carnaval não é prioridade”. O parlamentar destacou que as entidades sociais do município não receberão os repasses neste mês, mas, para o carnaval foram convocadas sessões extraordinárias. O Pastor Apolo (PSB) também se posicionou contrário ao repasse da verba. O parlamentar disse que é preciso priorizar as necessidades da população. “Sou favorável ao calendário dos eventos culturais e sempre que possível estarei votando favorável”, disse.

 

Por sua vez, o vereador Fernando Dini (PMDB) lamentou a ausência do secretario de Cultura, considerando um descaso do Executivo com a Casa, além de defender o carnaval de rua no município. “A Liga é composta por oito escolas e cinco blocos, com mais de 400 pessoas envolvidas que trabalharam durante todo o ano. São 3 mil componentes, reunindo 25 mil pessoas por dia no carnaval”, afirmou.

 

Segunda discussão – O vereador Francisco França (PT) ressaltou que a segurança do carnaval é responsabilidade do poder público e não da Liga das Escolas de Samba. França também refutou a ligação entre a verba para o carnaval e os problemas na Saúde. “O que falta na saúde é gestão e não recurso”, disse.

 

O vereador Carlos Leite (PT) ressaltou que o carnaval é um evento gratuito e aberto à população. “Que os blocos não sejam penalizados, arcando somente eles com as despesas. Sou favorável ao repasse”, enfatizou, reforçando a fala de seu colega França de que a segurança do evento é responsabilidade do poder público.

 

Encerrando as discussões, o vereador Waldecir Morelly (PRP) anunciou seu voto. “Apesar de outras necessidades emergências, a bancada vota favorável, respeitando as posições contrárias dos colegas”, afirmou.