12/06/2013 12h51
 

Vereadores e demais participantes demonstram necessidade de novas APs frente a complexidade do projeto.

 

A Câmara Municipal sediou na manhã desta quarta-feira, 12, a quarta audiência pública sobre a revisão do Plano Diretor de Sorocaba. O objetivo da reunião, aberta ao público, foi a validação das propostas recebidas em 2012 e 2013. No total foram apresentadas 259 propostas, 114 delas aceitas, 119 rejeitadas e 26 não pertinentes ao Plano Diretor e sim a ações de Governo.

 

O presidente da Casa, vereador José Francisco Martinez (PSDB), abriu a audiência convocada pelo secretário de Habitação e Urbanismo, Helio Godoy, responsável pela revisão, e pelo presidente da Comissão do Plano Diretor da Câmara, vereador Cláudio do Sorocaba I (PR), que também presidiu a reunião.

 

A AP reuniu associações de bairros, representantes do Ciesp, Cecov, Ceadec, Instituto Defenda Sorocaba e Sindicato Rural, técnicos da prefeitura, os vereadores Marinho Marte (PPS), Izidio de Brito (PT), Rodrigo Manga (PP), Fernando Dini (PMDB), Carlos Leite (PT), Muri de Brigadeiro (PRP), Luis Santos (PMN), Jessé Loures (PV) e José Crespo (DEM), além da vice-prefeita Edith di Giorgi e dos secretários municipais de Obras, José Carlos Comitre; Meio Ambiente, Jussara de Lima Carvalho; de Governo, João Leandro da Costa Filho; SAAE, Wilson Unterkircher; Transporte, Renato Gianolla, e do Nuplan, Flaviano A. Lima.  

 

Comitre destacou a importância de algumas mudanças, citando as principais: na Zona Residencial 3, cujo lote mínimo passa a ser de 200 m² com 8 metros de frente; na R2 lote mínimo de 300 m² com 10 metros de frente; gabarito mínimo para prédios fora dos corredores comerciais de sete pavimentos; na zona de conservação ambiental, APP (Área de Proteção Ambiental) de 150 metros; e no rio Pirajibu e outros dois cuja área de APP passa a ser de 100 metros.

 

Em seguida, cada uma das propostas apresentadas foram lidas e explicadas, sendo elas divididas em propostas de zoneamento, sistema viário, macrozoneamento industrial e parcelamentos do solo. Um dos problemas citados, por exemplo, foi quanto a adequação da cidade velha à legislação ambiental atual como a exigência de 30 metros de APP nos córregos urbanos. Tais questões deverão ser tratadas pontualmente, segundo a equipe de Obras. 

 

Outra apresentação, esta do professor Flaviano de Lima, presidente do Nuplan, trouxe dados recentes do Município em debate no núcleo. Em 1654, Sorocaba foi fundada com 350 pessoas e com quase 360 anos, o município possui atualmente 600 mil habitantes, segundo a Fundação Seade. Com crescimento populacional em queda, os números mostram aumento de 35% na década de 2000 e de apenas 19% em 2010.

 

Na projeção de 2012, os 600 mil habitantes estão divididos ns seguintes proporções: 28% de zero a 19 anos; 35% de 30 a 39 anos; 25% de 40 a 59 anos, e 12% acima de 60 anos. Em outra projeção, esta induzida, os dados apontam para uma população de 850 mil habitantes até o ano de 2050.

 

Manifestações: Jessé Loures falou sobre a importância de aprovar outros planos antes do Diretor, citando a produção de resíduos no município. O parlamentar destacou que o Plano de Gestão Integrada de Resíduos e a questão do aterro sanitário são políticas públicas que já deveriam ter sido adotadas pelo ex-prefeito.

 

Já o vereador Fernando Dini falou sobre a transição de zoneamento do bairro Caputera ressaltando a importância de se chegar a um consenso de preservação da área, considerando  benefícios e malefícios que possam causar. Comitre explicou que na audiência anterior foi considerada a região como Zona de Chácaras, mas, em seguida uma nova proposta que transforma uma pequena parte do bairro em Zona Residencial 2, foi aceita porque o trecho possui toda a infraestrutura necessária para isso.

 

Em seguida o vereador José Crespo ressaltou a complexidade da matéria, parabenizando a transparência e democratização demonstrada pelo governo municipal na realização de diversas audiências, apesar de não serem suficientes para esgotar o assunto, que deverá ser discutido durante todo o ano. O vereador anunciou que deverá apresentar 71 emendas ao projeto de revisão, sendo 42 pontos ainda de impasse entre sua equipe e a do Executivo. Crespo propôs que novas audiências temáticas sejam realizadas diante da amplitude dos tópicos.

 

Luis Santos apresentou sua preocupação com a questão social, afirmando que há a impressão de que interesses de grupos econômicos sobrepõem às necessidades da população. Sobre temas pontuais, o vereador levantou questões relacionadas ao aeroporto, instalado em área residencial; à rodoviária, um problema latente; shoppings no centro da cidade, atrapalhando o fluxo de veículos; além da questão da mobilidade urbana, o desenvolvimento social e preservação do patrimônio histórico e social.   

 

Continuando com as manifestações, Izídio de Brito questionou os secretários quanto aos prazos, possibilidade de audiências descentralizadas, de incluir a discussão da implantação da região metropolitana e de um conselho municipal específico para acompanhar e fiscalizar o novo Plano Diretor.

 

Segundo Comitre as propostas foram recebidas até 31 de janeiro e a realização de novas audiências públicas, assim como sua descentralização, é uma questão política. Com relação à região metropolitana, a questão já está sendo estudada. O secretário também afirmou que não há previsão do conselho, mas não vê problema em sua implantação.

 

Em resposta ao vereador Carlos Leite a secretária de Meio Ambiente afirmou que todas as intervenções são aprovadas segundo a legislação vigente, sendo a fiscalização de responsabilidade de quem licenciou, ou seja, tudo que é licenciado pelo município é de sua responsabilidade.

 

O vereador também demonstrou sua preocupação quanto à redução da área rural no município que segundo o secretário de Obras foi definida em 3%. Por fim, Leite questionou o secretário de Habitação se as construções dos conjuntos habitacionais serão divididas entre as regiões da cidade ou centralizadas. Godoy afirmou que uma pesquisa habitacional deverá demonstrar a demanda e as faixas de renda além de apontar as áreas ocupadas por esses munícipes para nortear os novos conjuntos. O objetivo é atender todas as regiões, ocupando os vazios urbanos e privilegiando locais já equipados com escolas, postos de saúde e outros.  

 

O empresário Flávio Amary pontuou alguns dos assuntos levantados afirmando que, em sua opinião, o aumento da metragem dos terrenos nas ZRs tornam a cidade mais cara e não atendem ao diagnóstico feito pelo Nuplan. Amary também falou da importância do setor imobiliário prover os moradores de empreendimentos habitacionais, sem que a ganância sobreponha os interesses do município.

 

Em nome do instituto Defenda Sorocaba, Marcos Aydar, momento de justificar tecnicamente todas as decisões tomadas. Rita de Cássia do Seadec maior tempo para manifestação dos participantes nas próximas audiências.

 

A comunidade do bairro Caputera, questionou os argumentos utilizados pelo secretário de Obras para o acatamento da proposta, não aceita na audiência anterior, que transforma de Zona de Chácaras Urbanas para ZR 2 ao longo das três estradas que cortam o bairro, uma vez que nenhuma rua tem esgoto, sendo utilizadas fossas, e apenas uma parte tem rede de abastecimento de água, a maioria poços artesianos.

 

Já moradores do Elton Ville, Uirapuru e adjacências reclamaram a descaracterização dos bairros, hoje estritamente habitacionais e que devem ter ruas transformadas em Corredor Comercial I, o que não condiz com as propostas dos moradores que pediram a reavaliação da proposta.

 

A Zona Leste do Município também teve divergências apresentadas por moradores.