CPI DO SAAE: Ex-diretor do Saae é ouvido pelos membros da comissão parlamentar de inquérito

A Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada na Câmara Municipal para investigar os problemas de abastecimento e tratamento de água na cidade ouviu na tarde de terça-feira, 15, o ex-diretor do Saae, Wilson Unterkircher Filho, último diretor da autarquia antes do atual, Adhemar José Spinelli Jr. (já ouvido pela CPI). O assessor jurídico do Saae, Diógenes Brotas, também esteve presente. Já o ex-vice-prefeito José Ailton Ribeiro, que seria o segundo depoente, comunicou que não poderia comparecer à oitiva por motivos de saúde.

No início dos trabalhos, o presidente da CPI, vereador Carlos Leite (PT), fez um relato das diligências realizadas pelos membros da comissão, como a visita à Represa do Clemente, ao Centro de Operações do Saae, à ETA do Cerrado e ao Valo de Oxidação no Éden, esta última realizada no dia 9 de abril passado. O parlamentar observou que a CPI está prevista para se encerrar em 4 de maio, podendo ser prorrogada ou não.

Água in natura – O vereador José Crespo (DEM) lembrou que, em Sorocaba, ao contrário do que prevê a legislação federal, quem retira água in natura não tem de pagar uma taxa, que deveria ir para o Comitê de Bacias do Rio Sorocaba. “Nenhum proprietário de poço artesiano está pagando pela coleta da água ao Saae e não sabemos se o Comitê de Bacias está cobrando esse uso. Não podemos terminar a CPI sem que se tenha essa informação. Temos que reservar uma tarde para discutir esse assunto com um representante do Comitê de Bacias”, afirmou, sugerindo que Vitor Lippi, como ex-presidente do comitê, seja convocado, juntamente com técnicos. Wilson Unterkircher Filho confirmou que o Saae não cobra, mas paga cerca de R$ 2 milhões pelo uso da água in natura.

A despoluição do Rio Sorocaba também foi tema da oitiva. Crespo observou que, segundo denúncia do ambientalista Cláudio Robles, toda a Região Leste da cidade, que compreende os afluentes do lado direito do Rio Sorocaba, não tem tratamento de esgoto. O ex-diretor do Saae contestou essa informação, afirmando que apenas um trecho, que compreende Aparecidinha, Brigadeiro Tobias, Éden e Cajuru, terá seu esgoto coletado através de ramais para ser tratado na Estação ABC (Aparecidinha), que está paralisada por problemas com a empresa construtora. Os demais bairros, segundo ele, têm seu esgoto recolhido por coletores troncos e encaminhado para tratamento.

Distribuição de água – Crespo também fez indagações sobre as empresas que tiveram problemas com obras do Saae e reconheceu que a autarquia decretou a idoneidade de uma dessas empresas. O vereador indagou ainda se Wilson Unterkircher concorda com o prefeito Antonio Carlos Pannunzio de que, desde seu primeiro governo na cidade, não houve mais investimentos no sistema de água em Sorocaba.

O ex-diretor do Saae afirmou que, em relação à distribuição de água, de fato, há muitos anos não se fazia investimento, mas observou que, mesmo se tivessem sido feitos investimentos, não seria possível garantir que, nos primeiros meses deste ano, quando da situação climática atípica, não haveria problemas de abastecimento, mas reconheceu que esses problemas seriam muito menores.

O ex-diretor do Saae também respondeu indagações do vereador Izídio de Brito (PT) e do presidente da CPI sobre várias questões, entre elas, a perda de água. Segundo Wilson Unterkircher, essa perda já deve ter caído em 2013 de 39% para 35%, em face do combate às ligações clandestinas e às trocas de hidrômetros para aferir o consumo com mais precisão. Ele observou que, nos países de primeiro mundo, a perda de água costuma ficar em 10%, mas zerar as perdas, segundo ele, pode ficar muito mais caro do que conviver com esse índice.

A CPI do Saae é presidida pelo vereador Carlos Leite (PT). tendo como relator o vereador Pastor Apolo (PSB). Também fazem parte da Comissão os vereadores Francisco França (PT), Izídio de Brito (PT), Marinho Marte (PPS), José Crespo (DEM) e Tonão Silvano (SDD).