23/04/2014 10h44

Informação foi passada à CPI do Saae, presidida por Carlos Leite, durante oitiva de terça-feira (22) 

O ex-Diretor Geral do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), Geraldo Caiuby, afirmou que a autarquia pagou cerca de R$ 10 milhões de reais à ECL Engenharia e Construções Ltda., para a compra de material metal-mecânico que nunca chegou a Sorocaba. Caiuby também não sabe onde esse material se encontra hoje. A informação foi passada aos vereadores membros da CPI do Saae, presidida pelo petista Carlos Leite (PT), durante oitiva realizada na tarde da terça-feira (22). 

O valor faz parte do montante contratado para a empresa realizar obras no Coletor Tronco do Pirajubú, ETE ABC (Aparecidinha, Brigadeiro Tobias e Cajuru) e na Ampliação do Sistema Produtor de Água Tratada do Cerrado. O Saae pagou cerca de R$ 10 milhões de reais acima das obras efetivamente realizadas pela ECL, antes dela abandonar os empreendimentos, no final de 2012, alegando desequilíbrio econômico-financeiro do contrato. 

Geraldo Caiuby informou que todos os pagamentos feitos à ECL foram realizados após fiscais, formados em engenharia, medirem o quanto das obras foram realizadas, para então efetuar o pagamento da etapa. Contraditoriamente, outros diretores do Saae, como Gilmar Buffolo, Diretor Operacional de Água, e Reginaldo Schiavi, Diretor de Produção, afirmaram que o Saae ainda faz um invetário para saber o que a ECL efetivamente fez, informação que a autarquia deveria ter hoje, caso um engenheiro de fato realizasse as medições antes dos pagamentos. 

Caiuby também informou que a empresa ECL jamais havia sinalizado qualquer intenção de abandonar as obras durante sua gestão. Ele diz que recebeu com surpresa essa informação, logo após ter deixado a Diretoria do Saae, sob acusações de corrupção passiva e formação de quadrilha, pela Operação Águas Claras.

 Valo de Oxidação

 O ex-diretor do Saae informou que durante todo o período de sua gestão à frente do Saae, tentou negociar com o pool de empresas formado para utilizar o Valo de Oxidação do Éden, cujo contrato foi firmado em 1990 e venceu em 2005. Segundo ele, nenhuma medida judicial foi tomada por sua gestão para cobrar essas empresas. Foram tomadas apenas medidas administrativas. O Saae deixou de arrecadar R$ 35 milhões de reais desse pool de empresas, desde o ano de 2005. 

Não sabe

Em 2011, a Câmara aprovou um financiamento de R$ 5,6 milhões de reais para investir no sistema de abastecimento de água de Aparecidinha e de Brigadeiro Tobias. Questionados pelo vereador Carlos Leite sobre onde esse dinheiro foi aplicado efetivamente, Caiuby não soube responder. 

O Sistema de Abastecimento de Água - Núcleos Residenciais Sociais Aparecidinha, foi orçado em R$ 2.909.373,95, sendo R$ 2.323.499,16 o valor financiado e R$ 580.874,79 de contrapartida com recursos próprios. O Sistema de Abastecimento de Água - Ampliação do Sistema de Abastecimento de Água no Bairro Brigadeiro Tobias, foi orçado em R$ 2.746.460,49, sendo R$ 2.197.168,39 o valor financiado e R$ 549.292,10 de contrapartida com recursos próprios. 

Adutora parada há anos 

Uma das quatro adutoras que transportam água da Represa do Clemente até a ETA do Cerrado, cujas obras estavam previstas para serem realizadas pela ECL, está sem funcionamento há anos, muito antes de a ECL abandonar as obras, em 2012. A informação também foi passada por Ciuby.

 De acordo com o engenheiro Gilmar Buffolo, Diretor Operacional de Água do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), caso haja problemas em uma das três outras adutoras que estão em funcionamento (uma delas desde 1938), a quarta adutora seria a responsável por garantir o abastecimento da ETA do Cerrado, no caso de serem necessárias obras nas outras adutoras. A ETA do Cerrado abastece cerca de 80% do sistema de distribuição da cidade.

 Dinheiro em caixa

 Contrariando as informações do Prefeito Antônio Carlos Pannunzio (PSDB) de que no começo de 2013 o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) não tinha qualquer capacidade de investimento, o ex-Diretor Geral da autarquia, Geraldo Caiuby, informou que deixou o Saae no final de 2012 com R$ 10 milhões de reais em caixa para investimentos. 

Além disso, em 2012, o Saae teve um orçamento de R$ 173,4 milhões de reais. Para 2013, Caiuby projetou um orçamento de R$ 217 milhões, ou seja, um crescimento de 25% entre 2012 e 2013. O ex-diretor do Saae não soube informar, contudo,detalhes sobre esse orçamento que ele planejou. 

Além disso, Caiuby afirmou que todos os processos de cobrança de arrecadação, implantados em 2011 e 2012 para ingresso com ações na justiça, foram medidas tomadas em sua gestão.

Ele afirmou, por exemplo, que conhecia o problema dos hidrômetros parados, mas não soube afirmar quantos foram substituídos por ele. Caiuby garante que as substituições dos velhos pelos novos hidrômetros começou ainda na gestão dele. Nos bairros onde esses equipamentos foram trocados, ouve arrecadação de 25% a 30% pelo Saae.