21/07/2014 13h43

O dado é do gestor Francisco Fernandes, que prestou contas dos 180 dias de gestão da Prefeitura em audiência presidida pelo vereador Izídio de Brito (PT)

 

De fevereiro a junho deste ano, já sob a gestão da Prefeitura Municipal, a Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba realizou 1.916 cirurgias, entre as quais 477 cirurgias gerais, 415 cirurgias de ortopedia e 382 partos cesáreos, entre outros procedimentos cirúrgicos, o que dá uma média de 383,2 cirurgias por mês, um pouco aquém da meta de 400 cirurgias mensais. Esses dados foram apresentados pelo gestor da Santa Casa, o médico nefrologista Francisco Antônio Fernandes, em audiência realizada na manhã desta segunda-feira, 21, que esteve acompanhado do secretário de Governo e Segurança Comunitária, João Leandro da Costa Filho.

 

Os trabalhos foram presididos pelo vereador Izídio de Brito (PT), presidente da Comissão de Saúde Pública da Casa, que é integrada também pelos vereadores Fernando Dini (PMDB) e Pastor Apolo (PSB). Francisco Fernandes prestou contas dos 180 dias de gestão da Prefeitura à frente da Santa Casa desde que os bens e serviços da instituição foram requisitados pelo poder público municipal. “É possível dividir essa gestão em dois períodos: o primeiro compreende a recuperação da Santa Casa e o equilíbrio das finanças da instituição; o segundo, a melhoria de qualidade da gestão”, afirmou.

 

O orçamento anual da Santa Casa é de R$ 57,5 milhões, mas, com alguns descontos, inclusive a parcela do empréstimo feito junto à Caixa Econômica Federal, sobra um orçamento anual final de R$ 50,7 milhões. As despesas até junho totalizaram R$ 26,1 milhões, restando um saldo de 24,1 milhões. Com um custo mensal de R$ 6,8 milhões, estima-se um gasto futuro, entre julho deste ano e janeiro do próximo ano, no valor de R$ 44,5 milhões, o que representa um déficit estimado em R$ 19,8 milhões.

 

Críticas dos vereadores – O vereador Rodrigo Manga (PP) parabenizou o secretário de Governo e a nova gestão da Santa Casa, mas criticou a Central de Regulação, que, segundo ele, ainda não surtiu efeitos práticos. Citando reportagem do jornal Cruzeiro do Sul, de 14 de agosto do ano passado, Manga observou que, na época, a fila de espera por algum tipo de procedimento na saúde no município chegava a 62.274 pessoas, das quais 49.067 pessoas esperavam por consultas especializadas e 6.931, por exames. “O meu questionamento não é nem para o gestor da Santa Casa, mas para o secretário da Saúde, que não está presente. A saúde de Sorocaba se encontra na UTI”, disse Manga, que defendeu, veementemente, a realização de mutirões de cirurgias para reduzir essa fila de espera.

 

O secretário João Leandro observou que o problema da saúde é nacional, com mais de 60% dos brasileiros se mostrando insatisfeitos com o setor nas pesquisas de opinião, e afirmou que Sorocaba está buscando soluções para o problema com a contratualização. Por sua vez, Francisco Fernandes disse que o sistema de regulação é fundamental para a gestão dos grandes hospitais de referência e afirmou que Sorocaba só tem condições de fazer mutirões de exames, mas para um mutirão de cirurgias, a estrutura de internação não comporta, especialmente se forem cirurgias complexas. Já o vereador Fernando Dini (PMDB) questionou a situação financeira da Santa Casa e afirmou que o gestor “está de mãos atadas”, uma vez que, segundo ele, já começam a surgir problemas no atendimento.

 

O vereador Luis Santos (Pros) criticou a ausência do secretário de Saúde, Armando Ragio. “O secretário não pode se omitir diante da situação ruim da saúde em Sorocaba. Ele é que tem de ser cobrado e tinha de estar presente”, afirmou. João Leandro assumiu a inteira responsabilidade pela não vinda do secretário, alegando que, como se tratava apenas de prestação de contas da Santa Casa, entendeu que bastava a presença do gestor da instituição. Mas deixou claro que Armando Raggio está à disposição dos vereadores para comparecer à Casa a qualquer momento. Luis Santos também questionou o fato de a Santa Casa não dispôs de alvará do Corpo de Bombeiros, ao que o gestor explicou que a obtenção desse alvará exige um processo demorado e caro.

 

O vereador Waldecir Morelly também fez questionamentos sobre a qualidade do atendimento na Santa Casa e deixou claro que as críticas não significam uma perseguição ao secretário de Saúde, mas um desabafo da Câmara no sentido de atender a população. E o vereador Saulo do Afro Arts também externou as preocupações da população com o atendimento de saúde. Por meio de sua assessoria, o vereador Carlos Leite também fez questionamentos ao gestor. Por fim, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Milton Sanches, indagou sobre a situação dos trabalhadores da Santa Casa que foram dispensados pela Prefeitura e, agora, a Santa Casa diz que não os quer. Francisco Fernandes afirmou que será mantido o diálogo com todas as partes para buscar soluções para o problema.