Álcool,
cigarro e outras drogas estão presentes desde o início da adolescência da
metade dos brasileiros. Um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) no ano passado mostrou que mais da metade
(50,3%) desses jovens já tomaram ao menos uma dose de bebida alcoólica - o que
corresponde a uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de cachaça ou
uísque.
A
Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) 2012 entrevistou 109.104 estudantes
do 9º ano do Ensino Fundamental (antiga 8 série), de um universo de 3.153.314,
grupo no qual 86% dos integrantes têm entre 13 e 15 anos. As meninas é maioria
na hora de experimentar: 51,7%, ante 48,7% entre os meninos. Os pesquisadores
perguntaram, apenas aos entrevistados com 15 anos, quando havia sido a primeira
experiência com bebida, e 31,7% deles responderam que a primeira dose veio
antes dos 13 anos.
De
acordo com o vereador Waldecir Morelly (PRP), concluímos então que alcoolismo nunca
foi problema exclusivo dos adultos, podendo também acometer os adolescentes.
Por
isso, ele apresentou na Câmara Municipal de Sorocaba, Projeto de Lei que trata
da obrigatoriedade dos hospitais públicos e privados e instituições congêneres
a notificarem ocorrências de uso de bebida alcoólica ou entorpecentes por
crianças e adolescentes.
Segundo
o projeto, os hospitais públicos e privados, bem como as instituições
congêneres, estabelecidos em Sorocaba ficam obrigados a notificar os Conselhos
Tutelares do Município e o Ministério Público do Estado de São Paulo, os casos
devidamente diagnosticados de uso de bebida alcoólicas e/ou entorpecentes por
crianças e adolescentes, atendidos em suas dependências.
A
notificação será feita ao Conselho Tutelar na pessoa dos Conselheiros que
abrange o Bairro no qual se localiza a residência do paciente e ao Ministério
Público na pessoa do titular, que tenha como atribuição atuar na área da
Infância e Juventude.
De
acordo com o artigo terceiro a notificação deverá ser encaminhada em até 5
(cinco) dias úteis contados do atendimento, em que se constate a utilização de
bebidas alcoólicas e/ou entorpecentes. Em papel timbrado, fazendo constar: Nome
completo da criança ou adolescente, sua filiação, endereço residencial e
telefone para contato, quando possível, constar o tipo de bebida alcoólica ou
entorpecente utilizado, bem como a quantidade detectada, rubrica e número de
registro
De
acordo com o parlamentar, o objetivo é de se promover os cuidados
socioeducacionais voltados para a proteção da criança e do adolescente.
Morelly
lembra que “o processo de elaboração e remessa da notificação será restrito ao
pessoal médico, técnico e administrativo diretamente envolvidos no atendimento,
sendo responsabilidade dos hospitais públicos e privados, bem como instituições
congêneres precaverem-se pela inviolabilidade das informações, preservação da
identidade, imagem e dados pessoais, com o fim de proteger a privacidade da
criança ou do adolescente e de sua família”.
Em sua
justificativa do projeto, o vereador Waldecir Morelly ressalta que hoje, no
Brasil, causa grande preocupação o fato de os jovens começarem a beber cada vez
mais cedo e as meninas, a beber tanto ou mais que os meninos. Pior, ainda, é
que certamente parte deles conviverá com a dependência do álcool no futuro.
Para
essa reviravolta em relação ao uso de álcool entre os adolescentes, que ocorreu
bruscamente de uma geração para outra, concorreram diversos fatores de risco. O
primeiro é que o consumo de bebida alcoólica é aceito e até estimulado pela
sociedade. Pais que entram em pânico quando descobrem que o filho ou a filha
fumou maconha ou tomou um comprimido de ecstasy numa festa, acham normal que
eles bebam porque, afinal, todos bebem.
Sem
desprezar os fatores genéticos e emocionais que influem no consumo da bebida -
o álcool reduz o nível de ansiedade e algumas pessoas estão mais propensas a
desenvolver alcoolismo -, a pressão do grupo de amigos, o sentimento de
onipotência próprio da juventude, o custo baixo da bebida, a falta de controle
na oferta e consumo dos produtos que contêm álcool, a ausência de limites
sociais colaboram para que o primeiro contato com a bebida ocorra cada vez mais
cedo.
Não é
raro o problema começar em casa, com a hesitação paterna na hora de permitir ou
não que o adolescente faça uso do álcool ou com o mau exemplo que alguns pais
dão vangloriando-se de serem capazes de beber uma garrafa de uísque ou dez
cervejas num final de semana.
Não se
pode esquecer de que, em qualquer quantidade, o álcool é uma substância tóxica
e que o metabolismo das pessoas mais jovens faz com que seus efeitos sejam
potencializados. Não se pode esquecer também de que ele é responsável pelo
aumento do número de acidentes e atos de violência, muitos deles fatais, a que
se expõem os usuários.
Proibir apenas que os adolescentes bebam não adianta. É preciso conversar com eles, expor-lhes a preocupação com sua saúde e segurança e deixar claro que não há acordo possível quanto ao uso e abuso do álcool, dentro ou fora de casa.
Assessoria de Imprensa do vereador Waldecir Morelly – PRP