10/03/2015 18h35
 

Foi realizada na tarde desta terça-feira, 10, a primeira oitiva da CPI da Dengue, presidida pelo vereador Carlos Leite (PT), ocasião em que foi ouvido o secretário municipal da Saúde, Francisco Antônio Fernandes. Fazem parte da CPI o relator Luis Santos (Pros), Izídio de Brito (PT), Francisco França (PT), José Crespo (DEM), Marinho Marte (PPS), Antonio Silvano (SDD), Helio Godoy (PSD) e Rodrigo Manga (PP). Também participaram da sessão os vereadores Waldecir Morelly (PRP) e Wanderley Diogo (PRP).

 

Carlos Leite iniciou os trabalhos explicando que o objetivo da comissão é apurar as causas e responsabilidades que levaram ao surto de dengue em Sorocaba. Em seguida, o vereador destacou que durante a prestação de contas do terceiro quadrimestre de 2014, realizada pela Secretaria Municipal de Saúde, o secretário apontou que a Prefeitura cumpriu apenas metade das fiscalizações de imóveis que havia determinado, o que já significava apenas 50% do recomendado pelo Ministério da Saúde. Carlos Leite disse também que, se mantido o crescimento da doença, a cidade pode chegar a 60 mil casos de dengue, o equivalente a 10% da população.

 

Evolução da doença – Francisco Fernandes negou a projeção que aponta a possibilidade de chegar a 60 mil casos em Sorocaba. Segundo ele, a estimativa pessimista com que trabalha a secretaria da Saúde assinala que os casos podem totalizar entre 25 e 30 mil. “Esperamos não passar de 20 a 25 mil contaminações”, salientou.

 

O secretário enfatizou que não culpa a população pela epidemia, mas disse que a participação dos munícipes no trabalho de prevenção é muito importante, com cuidados permanentes quanto ao combate aos criadouros do mosquito Aedes aegypti. Em seguida, enumerou as ações que a secretaria está adotando. “Hoje estamos na fase, infelizmente, de investir no tratamento de quem está com a doença, tratando do produto da doença. Provavelmente na próxima semana aumentaremos o número de leitos no município, na Santa Casa, para atender os pacientes que precisam de internação”.

 

Francisco Fernandes disse também que desde o início de fevereiro a Prefeitura aumentou o poder de controle da doença, por meio da nebulização. Outra medida apontada por ele será a contratação emergencial de mais 48 funcionários para a vigilância em saúde, que devem começar a atuar nesta quarta-feira, 11, juntando-se aos demais 85 efetivos.

 

O secretário contou que ainda determinou a contratação de funcionários para assistência (entre enfermeiros, médicos, técnicos em enfermagem, veterinários, biólogos e auxiliares de laboratório) e estabeleceu a abertura de Unidades Básicas de Saúde em finais de semana. Por fim, disse ainda que foi triplicado o número de pessoas fazendo o atendimento pelo telefone 156, para recebimento de denúncias da população.

 

Sobre os custos envolvidos nas ações de combate à dengue, Francisco Fernandes disse que poderão totalizar R$ 7,4 milhões até o mês de junho, em caráter emergencial, com gastos envolvendo desde compra de água mineral e medicações até contratação de mão de obra.

 

Reforços – O vereador Izídio de Brito questionou o papel da SUCEN (Superintendência de Controle de Endemias) no combate à dengue em Sorocaba e sugeriu a solicitação de apoio da autarquia. O secretário da Saúde explicou que a SUCEN assessora a secretaria quando acionada, mas disse que quanto à mão de obra não pôde prestar atendimento em Sorocaba. “Desde 22 de fevereiro estamos recebendo apoio na parte de tecnologia e nebulização pesada. Com relação à mão de obra, eles montaram um exército de 100 pessoas para trabalhar em Catanduva, a que mais tem pacientes graves, e não têm efetivo disponível. Por isso, lançamos mão de contratação emergencial para atuar onde contaríamos com a SUCEN”.

 

Em resposta a questionamentos do vereador Wanderley Diogo, Francisco Fernandes disse que não acredita que será necessário o uso de tendas ou instalações de escolas e ginásios de esportes para atendimento de pacientes. Segundo o secretário, em caso de extrema urgência a parte debaixo da UPH da zona leste será utilizada para atender pacientes que precisem de monitoramento.

 

Já em relação a uma proposta do vereador Marinho Marte, de reforçar o número de envolvidos no combate à doença recorrendo ao tiro de guerra, polícia civil, guarda municipal e até mesmo grupos de escoteiros, Fernandes explicou que haveria problemas quanto ao treinamento dessas pessoas. “O tempo para treiná-los poderia ser comprometedor no momento em que estamos”, concluiu.

 

Ao final da oitiva, o vereador José Crespo contestou a afirmação feita anteriormente pelo secretário de que há um serviço de cata-treco atuante no município. Crespo salientou a importância da retomada desse serviço assim como a adesão a outros programas, como o Cidade Limpa, realizado pela TV TEM. O parlamentar criticou a administração municipal por não ter aderido até hoje ao Cidade Limpa, mas ponderou que recebeu informações de que uma primeira reunião com a emissora será realizada, e que em breve esse trabalho pode começar a ser realizado na cidade.