30/06/2015 17h52

Foi realizada na tarde desta terça-feira, 30, mais uma oitiva da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga supostas irregularidades ocorridas na Santa Casa. A sessão foi conduzida pelo presidente da comissão, José Crespo (DEM), com Irineu Toledo (PRB) como relator, e teve participação do vereador Izídio de Brito (PT).

O primeiro depoente a ser ouvido foi o consultor Murilo Contó, que foi citado em relatório da auditoria realizada pela empresa UHY Moreira Auditores no hospital como contratado para realizar serviços de mapeamento e melhorias de processos da instituição. Segundo a auditoria, Contó recebeu R$ 3.200 mensais, totalizando R$ 16 mil, mas nunca realizou nenhum mapeamento, sendo sua real atividade agilizar liberação de verbas junto a parlamentares em Brasília.

O depoente defendeu-se dizendo que jamais atuou como lobista e afirmou que a auditoria fez mal interpretação do objeto do contrato com o consultor. Contó disse que deveria realizar serviços para desenvolvimento profissional e gerencial da contratante, e o referido monitoramento de processos seria um dos objetivos do trabalho. Ele explicou que o monitoramento não foi realizado porque seu contrato era estipulado para dois anos, mas foi encerrado em cinco ou seis meses, por parte do hospital, sob alegação de falta de verbas.

O consultor enfatizou um suposto erro da auditoria. “Não sei qual foi a fonte dessas informações, mas digo que não foi a fonte apropriada”, disse Contó, acrescentando que inclusive colocou cláusula no contrato determinando que jamais faria qualquer interlocução em nome da instituição Santa Casa. O depoente inferiu que a única ligação possível entre o serviço para que foi contratado e a liberação de verbas seria a correção de falhas processuais que poderiam fazer o hospital perder direito de repasses. “A única evidência que vejo é essa, que a Santa Casa reconhecia falha processual e procurou ajuda de um profissional para resolver”.

Descontrole em pagamentos – O segundo depoente, João Tadeu Rocha, ex-supervisor de manutenção da Santa Casa de Sorocaba, foi questionado pelos vereadores por seu nome ter sido citado na auditoria como responsável pela aprovação de pagamentos por manutenções realizadas por prestadores de serviços. Segundo o relatório da auditoria, havia descontrole nesses pagamentos.

O ex-funcionário disse que sua função era de controle do patrimônio do hospital, liberando materiais para manutenção e conferindo seu retorno. Ainda segundo ele, as notas fiscais não passavam por suas mãos, mas apenas pela provedoria, a tesouraria e a contabilidade. O depoente ainda afirmou que o setor de manutenção, sob sua responsabilidade, realizava análise de concorrência, através de três orçamentos, para escolha dos prestadores de serviços. João Tadeu Rocha negou superfaturamento em contratos e, posteriormente, explicou que os orçamentos que ele mesmo realizava eram apenas no âmbito de “coisas pequenas”.

Quanto ao montante citado pela auditoria de R$ 1.666.000,00 em gastos para consertos de cadeiras de rodas e macas, o depoente disse não poder opinar, porque não era de sua responsabilidade, limitando-se a confirmar que o volume de reparos era realmente muito grande, pois atendia ao hospital inteiro.

Doação realizada pela Santa Casa – Por fim, os últimos ouvidos na sessão foram o presidente e o tesoureiro do Instituto Humberto de Campos, Paulo Roberto Baccelli e João Américo Pellini. Os depoentes negaram que o instituto tenha recebido doação por parte da Santa Casa, no valor de R$ 27 mil, e dispuseram a abertura de sua contabilidade para confirmar a informação à CPI.

A referida doação foi citada pelo ex-tesoureiro da Santa Casa, Belarmino Filho, em oitiva anterior da CPI. Segundo Belarmino, o valor fora angariado pelo hospital em um almoço beneficente e, por ordem do ex-provedor José Antonio Fasiaben, teria sido doado ao Instituto Humberto de Campos. “Estranhei uma entidade sem fins lucrativos realizar essa doação. Esse dinheiro devia ter ficado e ser revertido para a Santa Casa”, dissera Belarmino na ocasião.

Diante da negação do presidente e do tesoureiro do instituto, o vereador José Crespo disse que irá solicitar novamente a Belarmino mais detalhes sobre a suposta doação.