Horário estipulado para carga e descarga prejudica comerciantes que cobram flexibilização da Urbes. Comissão formada irá analisar o problema.
Por iniciativa do vereador Waldecir Morelly (PRP), foi realizada na manhã desta segunda-feira, 15, na Câmara Municipal de Sorocaba, audiência pública para discutir a implantação de faixa exclusiva para ônibus na Avenida Itavuvu.
A audiência reuniu comerciantes e técnicos da Urbes – Trânsito e Transportes e após mais de duas horas de explanações uma comissão foi formada para estudar a questão de carga e descarga na avenida. Enquanto isso, o prazo para adequação e início das multas foi prorrogado por dez dias.
Além de Morelly, participaram da reunião o presidente da Urbes, Renato Gianolla, o primeiro secretário da Associação Comercial de Sorocaba, Luiz Issao Kagiyama, e o vereador Francisco França (PT). O parlamentar deu abertura à audiência explicando que a proposta surgiu a partir de pesquisa de satisfação feita com os comerciantes locais. “Cento e setenta e sete empresas se disseram prejudicadas pela implantação da faixa. Estamos aqui como mediares, ninguém é contra a faixa exclusiva, não estamos tentando retirar o sistema, mas apenas dando a possibilidade dos comerciantes se manifestarem”, afirmou.
Gianolla apresentou alguns dados do transporte coletivo. Segundo ressaltou, os 60 passageiros que ocupam um ônibus utilizariam cerca de 50 carros, portanto, o objetivo é priorizar o transporte público para melhorar a mobilidade urbana. Também esclareceu que a carga e descarga, apesar de algumas restrições, também é uma prioridade.
Avaliação da Urbes: A faixa exclusiva é válida em dias úteis das 6h às 8h de das 17h às 19h, com limite de velocidade de 50 Km por hora e estacionamento proibido durante a semana. Na Avenida Itavuvu, a quarta a receber a faixa-exclusiva em Sorocaba, a faixa se estende por 7,2 Km.
Segundo avaliação da Urbes, o ganho da velocidade média é expressivo, sendo na avenida em discussão (em 14 dias) de 7% a 15% de aumento no sentido centro-bairro e de 20% no sentido bairro-centro. Sobre a satisfação dos passageiros, em 200 entrevistas, a porcentagem foi de cerca de 60% bom e 40% ótimo, com 3% de péssimo.
O presidente da Urbes destacou como benefícios diretos e indiretos das faixas exclusivas, a curto e longo prazo, a diminuição de custos, aumento da velocidade e da demanda, diminuição da emissão de gás carbônico, de veículos e acidentes.
Comerciantes: A descarga de mercadorias é apontada como o maior problema pelos comerciantes instalados na Avenida Itavuvu. Com grandes quarteirões, há grande dificuldade de estacionar nas vicinais, segundo os comerciantes. O período de carga e descarga antes das 6h ou após as 19h, ou seja, fora do horário comercial, é outra dificuldade, além do volume das cargas, que dificulta a travessia da avenida. O estacionamento é outro ponto levantado pelos comerciantes como prejudicial aos negócios.
Os comerciantes ressaltaram que não são contrários a instalação das faixas exclusivas, mas cobram uma solução para o problema de carga e descarga, com a flexibilização do horário, e estacionamento rápido fora os horários de pico, para facilitar a entrega de mercadorias e o estacionamento dos clientes. Segundo os comerciantes, algumas lojas já fecharam desde a implantação da faixa exclusiva e a preocupação é de que outros locais sejam afetados.
Estudos: O presidente da Urbes ressaltou que estão sendo abertas exceções pontuais e que ainda não há uma definição para a descarga, mas que está sendo estudada. Em resposta aos questionamentos, frisou que a carga e descarga fora dos horários de pico será analisada em conjunto com os comerciantes. Gianolla admitiu que a Itavuvu é diferente da Avenida General Carneiro, onde há mais ruas transversais para a descarga de mercadorias, e reconheceu a necessidade de novos horários para carga e descarga.
Como sugerido pelo vereador Waldecir Morelly, o engenheiro concordou com a formação de uma comissão de comerciantes para discutir junto com a Urbes a flexibilização pretendida. Ressaltou ainda que não houve multas até o momento, respeitando o prazo estipulado que acabaria amanhã, mas será prorrogado por mais dez dias, conforme anunciado por Gianolla. “Já estamos estudando, em conjunto com a Associação Comercial, e assim que estiver pronta, vamos levar ao prefeito uma solução para a carga e descarga, inicialmente”, afirmou. Com relação a liberação do estacionamento fora do horário de pico, destacou que não acha ser possível, porém as vagas rápidas, de 15 minutos, poderão ser estudadas.
O vereador Francisco França, como representante do Sindicato dos Condutores na Câmara, falou sobre a importância da audiência e da busca por um consenso. “Acreditamos que o transporte coletivo precisa ser priorizado. Enquanto sindicato somos defensores das faixas exclusivas, porém não podemos matar o comércio. A solução que está sendo apontada é a ideal e não esperava uma resposta diferente da Urbes”, disse. A criação de uma comissão para o estudo aprofundado da questão também foi comemorada pelo representante da Associação Comercial.
O vereador Waldecir Morelly encerrou a audiência pública ressaltando a importância do diálogo e dizendo que nos próximos dias a comissão de comerciantes e representantes da Urbes deverá se reunir para iniciar os estudos.