Vereadores e gestores discutem situação crítica no município e principal queixa é quanto ao baixo investimento do Estado para resolução do problema
Por iniciativa do vereador Carlos Leite (PT), foi realizada na tarde desta quinta-feira, 18, no plenário da Câmara Municipal de Sorocaba, audiência pública com o tema Diagnóstico da Oncologia em Sorocaba. Presidida pelo parlamentar proponente, a sessão teve também a participação do vereador Luis Santos (Pros), de gestores da área da Saúde e membros da sociedade civil.
Abrindo os trabalhos, Carlos Leite, citando diversas reportagens veiculadas pela imprensa sorocabana, traçou o panorama do atendimento público de pacientes com câncer do município. O vereador contou que eles precisam viajar 230 km para receber tratamento de radioterapia em Guarulhos, pois o único equipamento disponível em Sorocaba – na Santa Casa – não dá conta da demanda.
Carlos Leite contou que esses pacientes saem de suas casas às 4h da manhã e retornam apenas no final da tarde, pois precisam esperar que todos sejam atendidos para voltarem a Sorocaba com o transporte da Prefeitura. Informou também que o Executivo alega que os recursos disponibilizados pelo governo estadual são para tratamento de 140 pacientes, mas a demanda chega a 420 pessoas. “É inadmissível que Sorocaba, do tamanho que é, com o crescimento que tem, número de empresas e excelentes profissionais oncológicos, não tenha condições de atender seus cidadãos. Precisamos de atendimento público de qualidade aos pacientes de oncologia”, disse o vereador. “A Câmara tem que se mobilizar e encontrar caminhos para solucionar mais rapidamente esse problema”, concluiu.
Manifestações – O gestor da Santa Casa, José Luiz Pimentel, apresentou seu ponto de vista sobre a situação. Ele informou que a Santa Casa tem um equipamento para radioterapia que já totaliza 40 anos de uso e que o hospital contava com a possibilidade de um novo equipamento, prometido pelo Ministério da Saúde. Segundo o gestor, a expectativa anteriormente era de receber o referido equipamento até o fim desse ano, mas que a data provavelmente não será cumprida, sendo adiada para 2018. “Muito provavelmente vai chegar o fim do ano sem nenhum equipamento em Sorocaba”, previu Pimentel, explicando que o aparelho atualmente em uso já está com seu ciclo de vida muito próximo do fim.
Ainda segundo o gestor, o Ministério da Saúde preconiza que exista um acelerador linear para cada 600 a 700 mil habitantes – totalizando, para atender a região de Sorocaba, a necessidade de três ou quatro equipamentos. Pimentel informou também que em 2015 foram gastos na Santa Casa R$ 12 milhões em atendimento oncológico, sendo que pela contratualização, recebeu apenas R$ 6 milhões em repasses. “Não acho justo que município atenda moradores de outros municípios”, finalizou.
Em seguida, o representante do Departamento Regional de Saúde, Ricardo Leão, disse que a DRS enfrenta muitos obstáculos para atender a região que lhe compete, com 48 municípios. “Temos muitas dificuldades, como ausência de prestadores de serviços e os grandes hospitais e referências estão longe de municípios que necessitam”, exemplificou. Leão disse que a DRS conta com a possibilidade de trabalhar com outro prestador de serviço de oncologia em Sorocaba, e que um processo licitatório está em andamento para realização de atendimentos para a região. “Não podemos continuar com essa questão da distância. Isso é difícil de resolver, mas estamos fazendo o possível”, concluiu.
O vereador Luis Santos demonstrou decepção com os relatos. “Pelo que estamos ouvindo, vamos sair do nada para lugar nenhum”. O parlamentar reclamou do déficit de investimentos por parte do governo estadual. “Nenhum dos gestores aqui tem culpa nesse assunto, mas quem tinha que dar mais atenção para nossa região é o nosso governador, porque sem recurso não melhora nada”.
Já o oncologista Carlos Eduardo de Moura, funcionário do Conjunto Hospitalar de Sorocaba, reclamou que, além da cidade ter apenas um equipamento antigo para tratamento de radioterapia, nada foi feito durante os 40 anos de sua utilização. Ele contou ainda que o CHS não pode aumentar o número de atendimentos oncológicos por falta de funcionários, equipamentos e medicamentos necessários. “Porque é um hospital geral, não é específico para tratamento de câncer. Sorocaba precisa de um hospital especializado”, argumentou.
O conselheiro municipal de Saúde, José William Oliveira, comparou Sorocaba com Taubaté, informando que a segunda cidade conta com sete aparelhos de radioterapia. Por fim, a ex-vereadora Iara Bernardi argumentou que o CHS não conta com os aparelhos necessários para tratamento de câncer e que o governo do Estado devia tomar providências quanto a isso. “Nunca vi mobilização em Sorocaba das forças políticas para reestruturação do Conjunto Hospitalar”, queixou-se.