Falta de cobertores, de leitos hospitalares e demora na espera pelo atendimento médico nas UPHs, e pela transferência para hospitais, estão entre os problemas relatados.
Durante reunião realizada na manhã desta quarta-feira, 1º, na Câmara Municipal de Sorocaba, membros da Mesa Diretora e da Comissão de Saúde da Casa de Leis entregaram um relatório das fiscalizações, realizadas no mês passado, nas Unidades Pré-Hospitalares (UPHs) das zonas Norte, Oeste e Leste, além do pronto-socorro e Hospital da Santa Casa, ao prefeito José Crespo (DEM) e à vice-prefeita Jaqueline Coutinho (PTB).
Além do presidente do Legislativo, Rodrigo Manga (DEM), assinaram o relatório o 2º vice-presidente, Luis Santos (Pros); o 3º vice-presidente, Hudson Pessini (PMDB) – membro da Comissão de Saúde Pública da Câmara – o 1º secretário, Fausto Peres (PTN); o 2º secretário, João Donizeti (PSDB); o 3º secretário, Péricles Régis (PMDB); o presidente da Comissão de Saúde, Renan dos Santos (PCdoB), e JP Miranda (PSDB), que também faz parte da comissão.
Também estavam presentes os vereadores Rafael Militão (PMDB), Fernando Dini (PMDB), Iara Bernardi (PT), assessoras da vereadora Fernanda Garcia (PSOL), os secretários municipais Anselmo Neto, de Relações Institucionais e Metropolitanas; Hudson Zuliani, do Gabinete Central; e Marinho Marte, de Assuntos Jurídicos e Patrimoniais.
O presidente da Câmara abriu a reunião explicando que a intenção do Legislativo é fazer um diagnóstico pontual de problemas na Saúde para contribuir com a Prefeitura. “Em temas como a vida das pessoas, temos que unir esforços”, ressaltou Manga. Já o presidente da Comissão de Saúde citou detalhes identificados nas fiscalizações e afirmou que alguns problemas são primários e podem ser resolvidos de imediato, como o reaproveitamento de lençóis na UPH da Zona Norte, onde ventiladores estavam quebrados durante a visita, além de bebedouros sem funcionar.
Renan citou ainda que o prédio da Santa Casa precisa de reforma e várias adequações e que o trabalho não terminou. “Percebemos paredes sujas, corredores estreitos e escuros, problemas no piso. Eu quero frisar que esse relatório é parcial e que vamos continuar realizando as fiscalizações nas unidades de saúde, inclusive nos hospitais psiquiátricos”, avisou.
João Donizeti ressaltou que a situação da saúde se agrava na cidade e que isso exige um melhor gerenciamento da central de regulação de vagas. O mesmo problema reforçado por vários vereadores, inclusive Luis Santos, que citou casos de pacientes idosos que esperaram mais de uma semana na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Éden, enquanto outras pessoas conseguiam transferência para hospitais. “Busquei informações e ninguém sabia explicar os critérios aplicados para decidir quem deveria seguir primeiro para a internação”, reclamou.
Fausto Peres lembrou que o tempo de espera por consulta na UPH da Zona Norte chega a seis horas e que não está claro o sistema de gerenciamento da central de regulação de vagas, para quem está na unidade à espera de transferência para a Santa Casa.
JP Miranda observou que a situação encontrada na Santa Casa foi bem diferente da realidade nas UPHs, onde munícipes aguardam dias pela internação num hospital público. “Pode estar havendo falha na comunicação, porque eu vi macas e leitos vazios na Santa Casa”, afirmou.
Péricles Régis observou que existe a necessidade de ampliar a comunicação com a população e sugeriu uma campanha de conscientização para utilização do SUS.
O vereador Rafael Militão elogiou a iniciativa da Mesa Diretora e disse que a Prefeitura pode realizar ações preventivas de incentivo à prática de exercícios físicos e a alimentação mais saudável, como maneiras de prevenir doenças.
Fernando Dini lembrou que já fez parte da Comissão de Saúde e que o clamor da população deve ser atendido. O vereador também frisou que há anos não se via uma reunião com a presença de tantos representantes do Executivo no Poder Legislativo.
A vereadora Iara Bernardi defendeu que a Santa Casa não receba verbas suplementares enquanto não apresentar um relatório da contabilidade. “Enquanto isso não vou dar meu voto de confiança à diretoria que lá está. Na minha opinião, a Santa Casa deveria assumir também as dívidas deixadas pelo governo passado”, disse.
O secretário Marinho Marte ressaltou que 99% dos contratos existentes na Prefeitura, como saúde e limpeza pública, foram encerrados até o final do ano passado e que o momento é de retomada. “Alguns convênios não podem ser feitos de maneira emergencial e estamos correndo para dar esse suporte às secretarias”, explicou.
O prefeito
Depois de ouvir as considerações dos vereadores, Crespo agradeceu o apoio do Legislativo e solicitou que seja intensificada a fiscalização em todos os setores do serviço público. “Só peço que os senhores sejam pontuais, como em casos em que médicos plantonistas estejam ausentes, indicando as pessoas que devem ser notificadas. Isso reduz a burocracia e facilita as ações”, afirmou.
O prefeito reclamou de problemas administrativos e financeiros deixados pelo governo anterior, mas disse que isso não vai impedir a Prefeitura de caminhar. “Nós temos que produzir resultado para esse povão, que paga os nossos salários”, disse.
Quanto à central de regulação de vagas, muito citada durante a reunião e no relatório, Crespo reconheceu que não está atuando como deveria, desde que foi criada há alguns anos, e afirmou que o tema será revisto em sua administração.
Em relação à Santa Casa, Crespo foi enfático: “Sem o apoio da Prefeitura a Santa Casa não funciona. O governo ainda não deu respaldo ao que o governo Pannunzio decidiu. Eles é que têm que provar para nós que merecem confiança. Não há nenhuma garantia que eles iriam continuar gerindo o hospital. Poderemos inclusive fazer uma interdição ou a requisição da unidade”, avisou.
O prefeito citou projetos que considera “embrionários”, como a instituição de um cartão do cidadão, a exemplo de Barueri, que dispensa a necessidade de recadastramento de moradores para planejamento de educação ou de qualquer outro serviço. “Lá, o atendimento na saúde não demora 15 dias para o munícipe, que pode escolher o posto mais próximo com vaga disponível, e agendar a consulta pelo aplicativo do celular”, ressaltou.
Ainda segundo Crespo, “o grande problema da saúde é que o atendimento tem que começar, se possível, e ser revolvido no próprio bairro. As UBSs têm que funcionar com consultas, exames, remédios, médicos da família, resolvendo 80% dos problemas da população. As UPHs só deveriam ser procuradas durante a madrugada ou por problemas de mal súbitos e acidentes”, afirmou.
Ao final da reunião, o prefeito anunciou novidades, como a intenção de que o Conjunto Hospitalar passe a ser administrado pela PUC e não mais pelo estado; a possível reforma da Policlínica, ao invés da construção de uma nova unidade, utilizando recursos de emendas parlamentares já liberados; a implantação de um Hospital Municipal e de um Hospital da Mulher, com maternidade; e a possibilidade de firmar convênios com médicos particulares para atenderem pacientes, pelo SUS, em seus consultórios.
Outra medida, segundo o prefeito, será a realização de mutirões da Saúde, que devem ter início dentro de um mês, dependendo da captação de recursos. “Vamos trazer um batalhão, mais de cem médicos de fora para atender a demanda”, finalizou Crespo.