Por iniciativa de Iara Bernardi e Francisco França, da bancada do PT, o evento também marcou posição contra a Reforma da Previdência e a Reforma Trabalhista
O Dia do Trabalhador foi comemorado na Câmara Municipal de Sorocaba em sessão solene realizada na noite de terça-feira, 25, por iniciativa da bancada do Partido dos Trabalhadores na Casa, composta pela vereadora Iara Bernardi e o vereador Francisco França. Além de celebrar a data, que rememora a luta dos trabalhadores em todo o mundo, o evento também foi marcado por críticas à Reforma Trabalhista e à Reforma da Previdência, propostas pelo governo do presidente Michel Temer.
Presidida pelo vereador Francisco França (PT), a mesa de honra da solenidade foi composta pelas seguintes autoridades: vereadora Iara Bernardi (PT); vereador Renan Santos (PCdoB); desembargador João Batista Martins Cesar, do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região; e o padre Arari dos Santos Amorim (mais conhecido como Padre Kojac), da Paróquia Nossa Senhora do Povo, de Brigadeiro Tobias. A vereadora Fernanda Garcia (PSOL) foi representada por sua assessora parlamentar Bruna Oliveira.
“Mais do que uma celebração, esta sessão solene é uma reflexão sobre o momento que o país atravessa, com a Reforma da Previdência, a Reforma Trabalhista e a terceirização. Esperamos sair daqui mais preparados para os embates que vêm pela frente, principalmente a Greve Geral da próxima sexta-feira, 28, que não é uma greve desta ou daquela categoria, mas uma greve cidadã, a maior da história do país, em defesa do povo brasileiro, contra a perda de direitos dos trabalhadores”, afirmou Francisco França na abertura dos trabalhos.
“Os processos mais danosos para os trabalhadores estão sendo votados de forma acelerada em Brasília”, afirmou Iara Bernardi, criticando os deputados federais da região que estão apoiando as reformas do governo Temer, que, segundo ela, não tem legitimidade. “Deputados e senadores que têm imensas dívidas trabalhistas e dívidas com a Previdência estão fazendo a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência”, afirmou, defendendo a importância da greve geral e de outras formas de mobilização.
O vereador Renan Santos (PCdoB), que também é membro do Sindicato dos Professores (Sinpro), disse que, como vereador e sindicalista, também está mobilizado contra “o desmonte dos direitos dos trabalhadores”, o que, segundo ele, “marca o acirramento da luta de classes no Brasil”. Já o Padre Kojak, falando em nome da Arquidiocese de Sorocaba, afirmou que “não se pode deixar de levantar a bandeira dos menos desfavorecidos”, sustentou que as reformas estão sendo feitas sem debate e lembrou que a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) também se posicionou contra as reformas, citando a fala de vários bispos nesse sentido.
O desembargador João Batista Martins Cesar, do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, apresentou uma análise detalhada da reforma trabalhista. “Estamos vivendo tempos difíceis em nosso país. Os direitos sociais estão em risco. A Reforma Trabalhista não é uma reforma pontual, mas uma reforma profunda, que altera cerca de 200 artigos da Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT, e estas alterações estão se dando sem debate popular”, afirmou, acrescentando que nas grandes redes de televisão não há espaço para ninguém falar contra as reformas. “Querem reformar, em poucos dias, uma legislação que vem evoluindo ao longo de mais de 70 anos”, enfatizou.
Citando estudo do jurista Hugo Melo Cavalcante Filho, juiz do trabalho e presidente da Associação Latino-americana de Juízes do Trabalho, o desembargador Martins Cesar afirmou que o “desmantelamento dos direitos sociais” está fixado em cinco pontos da reforma, que busca: reduzir a relevância da Justiça do Trabalho; ampliar o alcance da terceirização; introduzir o contrato de trabalho de jornada intermitente; extinguir o imposto sindical que custeia os sindicatos; e introduzir a figura do trabalhador “hipersuficiente”, com salário superior a R$ 11 mil, que poderá negociar livremente com o empregador, sem necessidade de sindicato.
Diversos representantes de sindicatos também fizeram uso da palavra durante a sessão solene, que foi transmitida ao vivo pela TV Legislativa (Canal 61.3, digital e aberto, e Canal 6 da NET). Estiveram presentes na solenidade: o ex-vereador Izídio de Brito (PT), ex-presidente e membro da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba; Leandro Soares, presidente eleito do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba; Ademilson Terto da Silva, coordenador da CUT em São Paulo; Sandra Navarro, do Sindicato dos Comerciários; Neusa Albuquerque, do Sindicato dos Trabalhadores do Vestuário; João Pedro Leite, da Juventude Petista; Marcos Antonio Frias, do Sindicato dos Rodoviários; e o padre José Luiz de Moraes, mais conhecido como Padre Giba, da Arquidiocese de Sorocaba, entre outros.