Evento realizado pela vereadora Fernanda Garcia (PSOL), em parceria com o CVV, trouxe informações sobre prevenção e falou sobre a importância de se falar sobre o suicídio
O “Setembro Amarelo” - evento internacional criado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), com o objetivo de prevenir o suicídio, foi lembrado pela Câmara Municipal de Sorocaba, em audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira, 27, por iniciativa da vereadora Fernanda Garcia (PSOL).
A audiência, realizada em parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV), teve como intuito trazer informações sobre as causas mais comuns do problema e sobre ações de prevenção. Além da vereadora Fernanda que presidiu a audiência, a mesa de trabalhos do encontro foi composta pelo Major Caldas, da 14ª Circunscrição do Serviço Militar; Leila Lima, do Grupo de Apoio aos Sobreviventes do Suicídio (GASS); Lauren Gonsales, psicóloga, e pelos representantes do CVV, José Luiz Hungaro e Alcebíades Alvarenga.
A proponente do debate citou dados oficiais que demonstram aumento de 10% de suicídios entre jovens, em 12 anos, e que colocam o Brasil como o oitavo país no ranking mundial do suicídio. Ainda segundo a OMS, mais de 800 mil pessoas cometem suicídio anualmente no mundo – uma pessoa a cada 40 segundos. “É um problema atual que precisa ser extremamente debatido com a sociedade. O suicídio vem crescendo muito, principalmente entre os jovens e os idosos. Esconder isso é um grande problema”, disse a vereadora que assumiu o compromisso com o CVV de intermedir o diálogo com a Secretaria de Igualdade e Assistência Social para ampliar o atendimento através de políticas públicas em Sorocaba.
CVV – Segundo apresentação de José Luiz Hungaro, em uma sala com 30 pessoas, cinco já pensaram em suicídio. O representante do CVV falou sobre acolhimento, importância da conscientização da vida e de se observar os sinais de alerta, como mudanças comportamentais, como medidas de prevenção ao suicídio. “Fiquemos alerta a sinais de mudança, fora do padrão, que demonstram que algo não está certo. Essa pessoa precisa ser acolhida”, disse, citando uso excessivo de álcool e drogas, mudanças comportamentais, abandono de atividades sociais, instabilidade emocional, depressão, agitação e irritabilidade como sinais de alerta.
Como fatores de risco, citou os transtornos mentais, abusos psicológicos, restrições de saúde e uso de álcool e drogas. Quanto às estatísticas, segundo o voluntário, são 32 mortes por dia no Brasil e em Sorocaba o índice de suicídio por 100 mil habitantes é 7,2 - maior que a taxa nacional que é de 5,7. Por fim, Hungaro falou sobre as ações do “Setembro Amarelo”, realizadas pelo CVV em parceria com diversas entidades, incluindo a Câmara Municipal, que durante o mês de setembro iluminou o prédio na cor amarela, além de encaminhar mensagens nos holerites dos seus servidores e inserir a fita amarela no Portal Oficial do Legislativo. O CVV atende em Sorocaba através do telefone141 e pelo site www.cvv.org.br.
Acolhimento – Em seguida, a psicóloga Lauren Gonsales fez sua apresentação lembrando que o suicídio ainda é um tabu e que a maioria dos casos ocorrem dentre dos domicílios. “Apesar de a morte ser um tabu, precisamos falar dela para falar em vida”, afirmou, ressaltando que as estatísticas não representam a realidade, devido a dados não registrados (incluindo acidentes de carro, afogamentos, morte por causa indeterminada, entre outros). Também reforçou a importância de se buscar ajuda qualificada, incluindo psicólogos, psiquiatras e equipes multidisciplinares, e também de uma rede apoio que podem ser familiares e amigos.
Por fim, Leila Lima do Grupo de Apoio aos Sobreviventes do Suicídio (GASS) falou sobre o trabalho de acolhimento do grupo do CVV, onde familiares de suicidas ou sobreviventes podem falar e serem ouvidos. “Quem comete suicídio não quer morrer. Quer se livrar de sua dor”, disse. As reuniões ocorrem na última quinta-feira de cada mês na sede do CVV. O Major Caldas também falou sobre o suicídio dentro da corporação militar. Segundo o Major, existe uma cartilha que é distribuída nos quartéis, contendo indícios e formas de encaminhamento dos possíveis casos em potencial. Disse ainda que em situações de estresse extremo, o Exército disponibiliza psicólogos e agentes sociais para prestarem apoio contínuo aos militares.
Após as apresentações, foi aberta a palavra aos presentes e também encaminhadas aos palestrantes as dúvidas de munícipes que enviaram perguntas por telefone e internet. Entre os pontos levantados, está a dificuldade de acesso ao tratamento na rede pública de saúde.