25/10/2017 12h29

Promovida pela vereadora Fernanda Garcia (PSOL), a audiência pública contou com palestras da arquiteta Ariane Pini e do geógrafo Tiago Rodrigues Leite, que falaram sobre o Projeto Conecta Sorocaba

 

Com o objetivo de debater as possiblidades de transformação da mobilidade urbana de Sorocaba, a Câmara Municipal de Sorocaba realizou audiência pública sobre o tema na noite de terça-feira, 24, no plenário da Casa, por iniciativa da vereadora Fernanda Garcia (PSOL), que presidiu o evento. Além da vereadora, a mesa dos trabalhos foi composta pelas seguintes autoridades: arquiteta e urbanista Ariane Pini e o geógrafo Tiago Rodrigues Leite, mestrando em Geografia Humana pela USP.

 

A audiência pública debateu o Projeto “Conecta Sorocaba”, uma proposta de planejamento urbano e desenvolvimento integrado para Sorocaba idealizada e desenvolvida pelos dois palestrantes. Na abertura dos trabalhos, Fernanda Garcia observou que Sorocaba, como cidade-sede de sua Região Metropolitana, tende a influenciar nas tendências e decisões das demais cidades da região, e enfatizou que discutir a mobilidade urbana no município – que, como enfatizou, enfrenta diversos problemas – é uma forma de ampliar o debate regionalmente.

 

“Hoje, cerca de 4,5 milhões de pessoas utilizam o transporte público durante o mês, é um número alto, mas levando em conta o tamanho de nossa população, mais pessoas poderiam utilizar o transporte público, no entanto, isso não ocorre. Muitas pessoas estão deixando de usar o transporte público. Temos bairros que só dispõem de ônibus duas vezes por dia” – enfatizou a vereadora, citando outros problemas do transporte público na cidade e defendendo a adoção de políticas públicas para resolvê-los.

 

 “A forma da cidade é um misto de várias temporalidades, são vários momentos incorporados no mesmo espaço urbano”, afirmou Tiago Leite, lembrando que o “Peabiru”, histórico caminho utilizado pelos indígenas, também foi utilizado por bandeirantes e tropeiros e deixou seus vestígios no núcleo urbano de Sorocaba. “A Rua da Penha foi feita para o cavalo e, depois, adaptada para o automóvel, daí as dificuldades que apresenta para o trânsito”, observou, afirmando que o Projeto Conecta Sorocaba prevê a ampliação do sistema interbairros e a reativação da estrada de ferro.

 

A arquiteta Ariane Pini explicou a parte técnica do Projeto Conecta Sorocaba e fez uma comparação entre os custos do BRT (Ônibus de Trânsito Rápido, na sigla em inglês) e do VLT (Veículo Leve sobre Trilho). O custo do BRT é estimado em R$ 20 milhões por quilômetro, com capacidade para atender de 10 mil a 50 mil passageiros por hora. Já o custo do VLT está estimado em R$ 80 milhões por quilômetro com capacidade para atender de 10 mil a 15 mil pessoas. O tempo médio de construção do primeiro é de dois anos e o do segundo, de cinco anos. Todavia, o impacto ambiental do BRT é maior do que o do VLT, com elevadas emissões de gás carbônico e alto consumo de combustíveis fosseis.

 

A audiência pública também contou com a participação de representantes de várias entidades e líderes de bairros, que fizeram perguntas aos palestrantes. O vereador Luis Santos (Pros) participou da audiência pública e elogiou o Projeto Conecta Sorocaba e defendeu, como medida mitigadora na questão da mobilidade urbana, a implantação de linhas de ônibus interligando diretamente todas as unidades de saúde.

 

Os pesquisadores Tiago Oliveira e Ariane Pini abordaram, ainda, vários outros aspectos da mobilidade urbana e ressaltaram que o Projeto Conecta Sorocaba está aberto à participação população. A vereadora Fernanda Garcia elogiou a qualidade técnica do projeto: “Todo projeto tem que dialogar com a população. A mobilidade urbana vem sendo discutida por vários movimentos, como o movimento estudantil, mas não havia um projeto de fato, mas apenas ideias soltas. Vejo no Projeto Conecta uma conexão de ideias, de fato. Sorocaba tem um transporte caro e deficitário, por isso está será a primeira de outras audiências para discutir o tema”, concluiu Fernanda Garcia. A audiência pública foi transmitida ao vivo pela TV Câmara (Canal 61.3, digital e aberto, e Canal 6 da NET).