03/04/2018 11h10

Por iniciativa do vereador Anselmo Neto (PSDB), a solenidade foi realizada no plenário da Câmara Municipal e contou com a participação de pessoas autistas e seus familiares

 

Com o objetivo de contribuir com a inclusão social das pessoas com transtorno do espectro autista, a Câmara Municipal de Sorocaba celebrou o Dia Internacional do Autista em sessão solene realizada na noite de segunda-feira, 2 de abril. A iniciativa do evento foi do vereador Anselmo Neto (PSDB), autor da Lei 9.581, de 24 de maio de 2011, que instituiu o “Dia Municipal de Inclusão do Autista”, inserindo no calendário oficial de Sorocaba o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007.

 

Além de Anselmo Neto, a mesa de honra da sessão solene foi composta pelas seguintes autoridades: secretário municipal de Educação, professor Mário Bastos, representando o prefeito José Crespo; a presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência e diretora da Amas (Associação dos Amigos dos Autistas), Jeane Collaço; e o diretor da Amas, Celso Humaitá. O evento contou com apresentação de dança da aluna Ana Júlia Nunes, de 9 anos, da Escola Municipal Matheus Maylasky, com a profissional de Educação Física da Amas, Maria Carolina Lucena.

 

Durante a sessão solene, receberam votos de congratulações: Simone Pires Zamboni, especialista em medicina funcional e em tratamento voltado para autistas; a odontóloga Alessandra Batistela Laragnoit, doutora em Ciências da Saúde, que atua na Policlínica na área de odontologia para pacientes com necessidades especiais; Renata Cristina Bonel, pós-graduada em Saúde Mental, que atende várias pessoas com transtorno do espectro autista; Lilia Zanoni Nogueira, coordenadora de programas de saúde que auxiliam alunos com necessidades especiais, inclusive o Transtorno do Espectro Autista; e José Luiz Ibañes, representando a Ação Social Tauste, da rede de supermercados Tauste, que trabalha com projetos sociais, tendo auxiliado a Amas na melhoria de sua sede, com a construção de salas, refeitório e banheiros.

 

Necessidade de conscientização – Simone Pires Zamboni, representando os homenageados, lembrou que o transtorno do espectro autista, cujos casos, segundo as estatísticas, vem aumentando, é amplo e vai desde pessoas que têm dificuldades básicas de comunicação até aquelas com alto desempenho acadêmico. “O número dos casos de autismo está aumentando e o mundo tem que se preparar para essas crianças, para esses adultos”, afirmou, observando que o transtorno do espectro autista abrange, segundo estimativas atuais, uma a cada 45 crianças e até um caso a cada 38 crianças. Simone Pires observou, ainda, que o autismo costuma ser acompanhado por comorbidades (outras doenças relacionadas a ele) e exige um atendimento multidisciplinar e que as vagas públicas para esse tipo de atendimento não são suficientes, havendo listas de espera, em Sorocaba e no resto do país.

 

O secretário Mário Bastos, pai de um filho autista de 19 anos, enfatizou a necessidade de conscientização social sobre o autismo, lembrando as dificuldades de inclusão do autista. “Não obstante, qualquer que seja o estágio da vida em que esteja o seu filho, ame-o, dedique-se a ele, porque essas gotas de amor que a gente pinga todos os dias em seu coração fazem a diferença e vamos colher os frutos”, afirmou. Celso Humaitá, um dos criadores da Amas, enfatizou a importância de homenagear os profissionais de saúde e educação que atendem as crianças com autismo. E Jeane Collaço, também da Amas, relembrou a conquista das pessoas autistas e seus familiares em Sorocaba, inclusive no âmbito da legislação, e enfatizou a necessidade de novas conquistas.

 

Características do autismo – O transtorno do espectro autista é um conjunto de condições comportamentais que se caracterizam por prejuízos no desenvolvimento de habilidades sociais, da comunicação e da cognição da criança. Anselmo Neto enfatiza que o objetivo de celebrar a data “é disseminar informações sobre a importância do diagnóstico e da intervenção precoce na síndrome, além de aproximar a sociedade das pessoas que apresentam quadro de autismo, ajudando a evitar o preconceito”.

 

Segundo os especialistas, crianças autistas diagnosticadas precocemente têm chance maior de apresentarem melhorias significativas nos sintomas do transtorno ao longo da vida. “Enquanto a média de idade de diagnóstico nos Estados Unidos é de cerca de 3 anos (o que já é tarde, pois o diagnóstico antes dos 2 anos garante um prognóstico melhor), no Brasil os indivíduos são diagnosticados por volta dos 8 anos de idade e acabam tendo um prognóstico muito pior”, afirma o médico psiquiatra César de Moraes, professor da Faculdade de Medicina da PUC de Campinas, em prefácio ao livro Manual do Autismo, do médico Gustavo Teixeira.