O presidente
do Secovi (Sindicato da Habitação), o empresário Flavio Amary, usou a tribuna
no final da sessão ordinária desta terça-feira, 10 de abril, quando se
posicionou contra o Projeto de Lei nº 218/2017, de autoria dos vereadores Iara
Bernardi (PT) e Silvano Júnior (PV), que estabelece que “todos os novos
loteamentos, condomínios, vilas e similares ficam obrigados a projetar e
implantar cabeamento subterrâneo nas vias públicas”. A norma proposta aplica-se
à rede elétrica, cabos telefônicos, TV a cabo, cabos de internet e
assemelhados, cabendo ao poder público regulamentar sua aplicação.
“Todo custo
que se incorpora em determinado produto fatalmente chega ao consumidor final. A
exigência de fiação subterrânea nos novos loteamentos limita o acesso à
moradia, incentivando a invasão de terra na cidade e a proliferação de
loteamento clandestino. Se vivêssemos na Noruega, que tem uma renda per
capita de 100 mil dólares por ano, é possível pensar em fiação subterrânea
para todos, por que é esteticamente melhor, mas, no Brasil, não é
economicamente viável”, afirmou Amary.
O presidente
do Secovi pediu aos vereadores que, na próxima quinta-feira, 12, quando o
projeto entra em segunda discussão, após ter sido aprovado em primeira, seja
considerado o custo econômico da obrigatoriedade da fiação subterrânea, que,
segundo ele, custa de três a quatro vezes mais do que a fiação comum. “É
importante frisar que, quando o loteador faz a rede de água e esgoto, ele a doa
para o Saae, ou seja, para o patrimônio público, para nós mesmos. Mas no caso
da fiação elétrica, ela será paga pelo comprador do lote e será doada para a
CPFL”, explicou.
A vereadora
Iara Bernardi (PT) enfatizou o caos da fiação aérea na cidade e disse que nem
os loteamentos de alto padrão cumprem a lei e citou casos de loteamentos que
aterraram córregos. Já o vereador Silvano Júnior (PV) lembrou que, no passado,
também se dizia que a obrigatoriedade do asfalto nos novos loteamentos iria
afastar os pobres da moradia. O vereador Renan Santos (PCdoB) também se mostrou
favorável ao projeto, defendendo que haja uma transição para que seja
implantado. Já o vereador Rafael Militão (MDB) disse concordar com a opinião de
Flavio Amary de que o projeto é economicamente inviável.
Flavio Amary
reiterou que a obrigatoriedade do asfalto, de fato, dificultou a compra de
imóvel pelos mais pobres, que, antes, conseguiam comprar e pagar um lote em
menos tempo, quatro ou cinco anos, contra 120 meses hoje. Por sua vez, o
vereador José Francisco Martinez (PSDB) observou que a fiação subterrânea
comporta várias questões técnicas que precisam ser melhor elucidadas. “Minha
dúvida é como será feita a fiação subterrânea. A tubulação do Saae é sempre a
última, a mais profunda, não é à flor da terra. Onde passará a fiação
subterrânea? Na calçada ou no leito carroçável? Na rua de maior ou de menor
trânsito? São essas questões que precisam ser aclaradas”, enfatizou Martinez.