20/07/2018 14h49


Déficit é de 645 funcionários; só entre auxiliares de enfermagem, faltam 114.

Por trás da dificuldade em agendar uma consulta com especialista, realizar um exame diagnóstico ou mesmo conseguir atendimento de urgência e emergência nas unidades públicas de saúde de Sorocaba, há um gigante déficit de profissionais que precisam ser contratados pela administração pública. Um requerimento do vereador Péricles Régis (MDB) mapeou as áreas onde mais faltam profissionais. Algumas categorias perderam profissionais em série desde 2013 e jamais realizaram contratações desde então.

Na resposta dada pelo Executivo ao requerimento nº1125/18, são citadas 74 categorias profissionais em atuação na saúde. Péricles perguntou quantos trabalhadores deixaram de atuar (por exoneração, mudança de secretaria ou aposentadoria) e quantos foram contratados em cada área nos últimos cinco anos.  Das 74 categorias, apenas 17 possuem o número ideal de profissionais. A categoria com maior déficit é a dos auxiliares de enfermagem. Entre 2013 e junho de 2018 a Secretaria de Saúde perdeu 114 profissionais e não repôs nenhum. Os enfermeiros vêm em seguida, com a falta de 95 funcionários. “Quando a população se revolta nos saguões das unidades de saúde se queixando da falta de atendimento ou acolhimento, é esse déficit que está por trás do problema. Os funcionários que lá estão viram para-raio da revolta, porém estão trabalhando por dois e às vezes não conseguem dar conta da demanda”.

Entre os médicos, a situação também é crítica. Na Atenção Básica, há 220 médicos e a necessidade de 500. Na Urgência e Emergência há 99 clínicos e 31 pediatras, quando a necessidade seria de 139 clínicos e 56 pediatras. No requerimento a Prefeitura cita uma lista de 13 categorias (com profissionais como dentistas, pediatras e enfermeiros) que estão com concursos ainda vigentes e com profissionais em lista de espera, porém não dá previsão para contratação.

A apuração de Péricles exibe também a falta de especialistas na Policlínica. Entre os médicos que realizam exame de ultrassonografia, há cinco onde deveria haver 10. São três neurologistas, quando seriam necessários oito. Atualmente há 84 especialistas na Policlínica, quando seriam necessários 122 para atender à demanda. O efeito prático da falta de especialistas é sentido por quem mais precisa. O requerimento enviado à Prefeitura foi motivado pelo acompanhamento da situação de pacientes que aguardam há meses, às vezes anos, por um procedimento. Um dos casos refere-se a uma senhora que teve o útero removido em razão de um câncer. Por determinação médica ela teria que passar por exame diagnóstico de imagem anual pelos próximos cinco anos, porém ela já espera pela realização da ultrassonografia desde 2016. “As famílias vivem em desespero, pois o paciente não sabe se uma doença voltou, ou se agravou. Quando o diagnóstico enfim é feito um quadro tratável, pode encontrar-se já avançado demais”, critica o vereador.

Consultas expressas - Péricles ainda usa o requerimento para questionar o tempo das consultas, uma vez que muitas pessoas o procuram para dizer que elas são feitas muito rapidamente, sem que seja prestada a devida atenção. A Prefeitura alega que segue o tempo médio de 15 minutos de consulta baseado nas diretrizes de portaria do Ministério da Saúde que preconiza este prazo como sendo ideal para a prestação de uma consulta adequada. Em sua resposta a Prefeitura alega que com a experiência no atendimento público, o médico tende a passar a fazer atendimentos mais rápidos. “Com o passar do tempo e com o médico já conhecendo seus pacientes, a tendência é que o tempo de consulta venha a se reduzir”, respondeu o Executivo. Péricles questiona a resposta: “Os pacientes relatam justamen te o contrário, não com os médicos conhecendo a fundo caso a caso, mas justamente fazendo um diagnóstico acelerado, muitas vezes sem examiná-los. O problema não são as consultas realizadas dentro dos 15 minutos tidos como suficientes, o problema são aquelas muito mais rápidas que podem comprometer a capacidade do profissional de avaliar, seja por negligência, seja por pressão externa por conta do acúmulo de pessoas nas salas de espera. A sobrecarga causada pela falta de profissionais acaba refletindo-se numa piora da qualidade do atendimento”.

Link para o requerimento:

http://www.camarasorocaba.sp.gov.br:8383/syslegis/materiaLegislativa/imprimirTextoIntegralFinal?idMateria=193882

(Assessoria de imprensa – vereador Péricles Régis – MDB)