Em oitiva realizada na tarde desta terça-feira, 28, a CPI da Cies Global ouviu o ex-secretário da Saúde de Sorocaba, Ademir Watanabe, e o diretor executivo da entidade cujos contratos com a Prefeitura são investigados, Roberto Kunimassa Kikawa. Participaram da oitiva o presidente da CPI, Hudson Pessini (MDB), o relator Francisco França (PT) e os vereadores Luis Santos (Pros), Iara Bernardi (PT) e Fernanda Garcia (PSOL).
Respondendo questionamentos dos parlamentares, Ademir Watanabe contou que foi favorável à realização do primeiro convênio com a Cies Global, com a esperança que as consultas e exames realizados pela entidade conseguissem desafogar a demanda reprimida da Policlínica, que, segundo o ex-secretário, aumentava cada vez mais. O depoente afirmou que o serviço prestado, entretanto, teve diversos problemas e não atingia as expectativas da Prefeitura, especialmente em relação à quantidade de atendimentos. Segundo Watanabe, a entidade alegou ter enfrentado problemas para contratar profissionais em Sorocaba, a ponto de trazê-los posteriormente de São Paulo.
O ex-secretário disse ainda que vários pacientes tinham que ter suas consultas reagendadas pela Secretaria da Saúde por falta de comparecimento dos profissionais contratados pela Cies Global. Por outro lado, Watanabe reconheceu também que houve um absenteísmo muito grande (entre 30 e 40%) entre os pacientes.
Sobre o motivo de não ter assinado os convênios com a entidade, o ex-secretário da Saúde explicou que, por determinação da Secretaria de Licitações e Contratos (Selc), convênios ou contratos firmados acima de determinado valor não seriam assinados pelos secretários, mas pelo prefeito – como feito com a Cies Global.
Watanabe afirmou ainda que foi “frontalmente contra” a renovação e prorrogação do convênio por conta dos problemas na execução do serviço. Disse ainda que esse fato não foi o único responsável pelo seu pedido para desligamento do comando da secretaria, mas que foi um dos motivos para isso.
O ex-secretário falou também sobre a denúncia de cobrança múltipla de exames realizados apenas uma vez. “A partir dessa informação, a única providencia possível foi instaurar uma auditoria, que foi feita nos moldes do Ministério da Saúde”. Os vereadores Francisco França, Hudson Pessini e Iara Bernardi, entretanto, disseram que em depoimentos de funcionários da Secretaria da Saúde ficou claro que não foi realizada uma auditoria, mas somente uma visita técnica.
Por fim, Watanabe confirmou que a Cies Global realizou os atendimentos em uma tenda montada na área da Unidade Básica de Saúde do Jardim São Guilherme sem o alvará da Vigilância Sanitária, mas apenas com um protocolo de solicitação para funcionamento. Sobre essa questão, a vereadora Iara Bernardi argumento que não entende por que em Sorocaba foi preciso contratar uma tenda para atendimento à saúde, sendo que há diversas unidades com estrutura para realizar os exames. “Para mim, tudo foi direcionado para que essa entidade recebesse o contrato”, afirmou.
Posicionamento da entidade – Também respondendo questionamentos dos vereadores, o diretor executivo da Cies Global, Roberto Kunimassa Kikawa, defendeu que a entidade realizou integralmente todos os exames contratados e afirmou que não houve cobrança múltipla por exames realizados apenas uma vez. Segundo ele, um mesmo paciente passava por diversos procedimentos, como sedação, consulta médica, pesquisa bacteriológica, entre outros, e para cada etapa é registrado um código – por isso apareceriam nos registros várias vezes o mesmo nome do paciente.
Kikawa disse também que a entidade se sentiu muito prejudicada porque o convênio inicialmente previa recursos de R$ 1,4 milhão para prestação dos serviços, mas posteriormente o valor foi reduzido para cerca de R$ 500 mil. Por isso, segundo o depoente, o plano de trabalho da Cies Global teve que passar por uma readequação para se enquadrar no novo valor. Pelo mesmo motivo Kikawa explicou as dificuldades para contratação de profissionais. “A redução não permitiu ter o número adequado de quais exames seriam realizados. Com isso tivemos dificuldade de realizar a contratação de médicos, pois estava incerta a demanda”, concluiu.
O depoente alegou, ainda, que as circunstâncias da cassação do prefeito José Crespo e as mudanças na Secretaria da Saúde também prejudicaram o serviço da entidade, pois dificultou a interlocução com a Prefeitura para dar andamento nos atendimentos.