Cintia de Almeida apresentou os dados durante a sessão ordinária a convite do presidente da Casa, Rodrigo Manga (DEM)
A secretaria de Igualdade e Assistência Social, Cíntia de Almeida (MDB), compareceu à Câmara Municipal durante a sessão ordinária desta terça-feira, 4, para falar da situação dos moradores de rua no município, em resposta aos questionamentos do presidente da Casa, vereador Rodrigo Manga (DEM), diante da notícia veiculada oficialmente pela Prefeitura Municipal, recentemente, de que o número de moradores de rua havia sido reduzido no município, caindo de cerca de 1.200 para 653 pessoas. “Esse número pode não corresponder à realidade de hoje, pois é flutuante”, afirmou a secretária.
Cíntia de Almeida disse que, quando assumiu a pasta em 2017, não havia parâmetros sobre o número de moradores de rua no município, uma vez que o último dado a respeito da questão era de 2007, do Ministério do Desenvolvimento Social, que identificou, na época, 217 moradores de rua em Sorocaba. “Em 2017, dados de diversas fontes indicavam que havia em Sorocaba havia entre 1.200 e 2 mil moradores de rua. Hoje, temos dados mais concretos, oficiais, com o cadastro único”, afirmou a secretária, afirmando que grande parte dessas pessoas são oriundas de municípios vizinhos.
A secretária apresentou dados sobre os moradores de rua, levando em conta variáveis como idade, sexo, raça e escolaridade. O maior número está na faixa produtiva, entre 29 e 43 anos. O tempo nas ruas e os vínculos familiares também variam. A forma mais comum de sobrevivência é o pedido de dinheiro nas ruas, seguido pela coleta de material reciclável. A secretária também apresentou pesquisa sobre a percepção dos comerciantes acerca dos moradores de rua, mostrando que 48% disseram que o número dos moradores de rua diminuiu, enquanto 46% disseram que não.
O vereador Luis Santos (Pros) disse que, em 2005, foi feito um levantamento que indicou 138 pessoas em situação de rua. Observou que, na época, havia uma rede que funcionava muito bem, com cerca de quatro ou cinco entidades que atendiam as diferentes necessidades dos moradores de rua. “Hoje já não se tem mais essa linha de trabalho e o resultado é que explodiu o número de moradores de rua”, afirmou o vereador. Já a vereadora Iara Bernardi (PT) afirmou não acreditar na redução dos moradores de rua, em face da grave crise econômica, e observou que muitos foram para os bairros e quis saber para onde são encaminhados os moradores em situação de rua. A secretária disse que realiza exames periódicos com a população de rua, entre eles o exame para detectar doenças sexualmente transmissíveis, mas em cada 100 moradores apenas dez aceitam fazer o exame.
A vereadora Fernanda Garcia (PSOL) disse que o preconceito com a população de rua é muito grande e questionou uma declaração feita pela secretária no passado afirmando que havia muitos foragidos da Justiça entre os moradores de rua. Também criticou a mudança do Centro Pop e defendeu que ele se localize em uma região centralizada. Cíntia de Almeida respondeu que não estigmatizou as pessoas que estão em situação de rua como foragidos da prisão, mas afirmou que algumas são, salientando que a Polícia Civil os distingue por meio de um aplicativo próprio para identificar foragidos de outros municípios que vêm para Sorocaba.
O presidente Rodrigo Manga afirmou que a redução das pessoas em situação de rua anunciada pela Prefeitura é fantasiosa, já que a busca ativa realizada para as identificar não foi até as minicracolândias espalhadas pela cidade. “Esse número não é real, porque 90% dos moradores de rua são usuários de álcool e drogas e não foram incluídos na contagem”, argumentou. “Vamos ajudar a fazer o trabalho necessário junto com a Comissão de Dependência Química, mas não podemos maquiar os dados. Temos o número de pessoas em situação de rua aumentando dia após dia”, concluiu.
Já o vereador Hudson Pessini (MDB) disse que há muitos anos participava de abordagens sociais e notou que no momento em que eram realizadas as ações a notícia rapidamente se espalhava, fazendo com que os moradores de rua se espalhassem para evitar serem encontrados. “É como formiga no mel. Estão todas em volta do mel, você espreme uma com o dedo e ela faz com que todas as outras saiam e se espalhem, mas dias depois eles voltam novamente”, disse Pessini, salientando que a melhora detectada pela Prefeitura pode ser apenas momentânea e que as ações precisam ser constantes para terem um resultado efetivo.