21/09/2018 11h10

O padre Flávio Jorge Miguel Júnior – por iniciativa dos vereadores Engenheiro Martinez (PSDB) e Fausto Peres (Podemos)– recebeu as comendas de Ética e Cidadania e de Direitos Humanos, pelo trabalho desenvolvido à frente da Santa Casa

 

O padre Flávio Jorge Miguel Júnior, diretor-presidente do Conselho de Administração da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba, foi homenageado com duas comendas pela Câmara Municipal de Sorocaba: a Comenda Referencial de Ética e Cidadania, por iniciativa do vereador Engenheiro Martinez (PSDB), e a Comenda “Alexandre Vannucchi Leme” de Direitos Humanos e Defesa da Liberdade e da Democracia, por iniciativa do vereador Fausto Peres (Podemos). As honrarias lhe foram entregues em sessão solene presidida por Martinez e realizada no plenário da Casa na noite de quinta-feira, 20.

 

Além de Martinez, a mesa de honra da sessão solene foi composta pelas seguintes autoridades: vereador Fausto Peres, que também presidiu parte da solenidade; chefe de gabinete do Executivo, Alexandre Robim, representando o prefeito José Crespo; juiz Hugo Leandro Maranzano, coordenador da 10ª Região Administrativa Judiciária; e o ex-prefeito Antonio Carlos Pannunzio. Iara Bernardi (PT), Fernanda Garcia (PSOL), Anselmo Neto (PSDB), Hudson Pessini (MDB), Pastor Apolo (PSB), Hélio Brasileiro (MDB) e Wanderley Diogo (PRP) também prestigiaram a solenidade. O evento contou com apresentações musicais da cantora Tereza Baddini, acompanhada de Nenê Barbosa (violão) e Amaral (bateria).

 

Além de familiares do homenageado, estiveram presentes diversas outras autoridades, entre as quais: juiz José Elias Temer; secretária de Saúde, Marina Elaine Pereira; ouvidora-geral do município, Liliana de Jesus; padres Rodolfo e Kojac; delegado de polícia Alexandre Cassola; secretária de Comunicação Institucional da Câmara de Sorocaba, jornalista Ana Paula Freire; Joel de Jesus Santana, representando o secretário de Educação, André Gomes; Jeferson Delfino, do Conselho Regional de Medicina; presidente da Associação Comercial de Sorocaba, Sérgio Reze; Milton Sanches, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde e do Conselho Municipal de Saúde; ex-vice-prefeito José Ailton; e o presidente do Conselho Fiscal da Santa Casa, Shobei Watanabe.

 

Tradição de filantropia – Autor da iniciativa de homenagear o Padre Flávio com a Medalha Referencial de Ética e Cidadania, o vereador José Francisco Martinez observou que, durante a Idade Média, quando a Europa foi assolada por epidemias, especialmente a peste bubônica, muitos mosteiros se tornaram um refúgio para os doentes, entre eles, o Mosteiro de Montecassino, na Itália, fundado por São Bento de Núrsia em 529, que se tornou símbolo do desenvolvimento da medicina entre os religiosos.

 

“Sorocaba, que nasceu em torno do Mosteiro de São Bento, pode orgulhar-se de manter viva essa tradição da Igreja de acolher e atender os doentes, graças, sem dúvida, ao trabalho que vem sendo realizado pela atual diretoria da Santa Casa de Misericórdia”, enfatizou Martinez, ressaltando que Padre Flávio, à frente da instituição, “resgatou a histórica dedicação aos mais pobres que sempre caracterizou a Santa Casa e trabalha incansavelmente para oferecer aos pacientes um tratamento digno e humanitário, enfrentando todas as dificuldades inerentes à saúde pública, inclusive a falta de recursos”.

 

Já o vereador Fausto Peres, que teve a iniciativa de homenagear o Padre Flávio com a Comenda “Alexandre Vannucchi Leme” de Direitos Humanos e Defesa da Liberdade e da Democracia, enfatizou que, “além de ser um direito social, inscrito no artigo 6º da Constituição de 88 e reforçado em seu artigo 196, a saúde é, sem dúvida, um direito humano fundamental, que precisa ser garantido a todas as pessoas, indistintamente”. O vereador ressaltou que a Câmara Municipal está “totalmente empenhada no propósito de ajudar a Santa Casa, pois confia plenamente no trabalho do Padre Flávio e sua equipe”.

 

Fausto Peres ressaltou que, nos últimos anos, as dívidas das Santas Casas e hospitais filantrópicos vêm crescendo. “Em 2005, o déficit financeiro dessas entidades era de R$ 1,5 bilhão. Em 2018, de acordo com a Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, esse déficit já chega a 23 bilhões de reais. Ainda segundo dados da entidade, em 2015 foram fechados no país 218 hospitais sem fins lucrativos, com uma perda de cerca de 11 mil leitos e 39 mil postos de trabalho. Esses dados reforçam a importância de valorizarmos o trabalho do Padre Flávio à frente da Santa Casa de Misericórdia”, enfatizou o vereador.

 

Fala do homenageado – Ao agradecer as homenagens recebidas, o Padre Flávio Jorge Miguel Júnior discursou acompanhado por um solo de violão de Nenê Barbosa. E afirmou: “O país, a igreja e todas as instituições que se encontram em crise, inclusive a instituição familiar, já passaram ao longo da história por momentos difíceis, mas todas as crises foram passageiras”. E acrescentou: “O pessimismo é bom para derrubar o excesso de otimismo. Toda família, igreja, empresa, estado, sempre deve ter um pessimista, mas apenas um. O pessimista nos coloca com o pé no chão, mas não faz nada para resolver o problema. A sociedade para existir precisa ser otimista e para continuar existindo precisa também do pessimista”.

 

Padre Flávio também fez um chamamento à responsabilidade individual: “Na cultura atual, as pessoas tendem a fugir de suas responsabilidades, como se não fizessem parte do problema. É o que se observa em frases hoje tão presentes: ‘brasileiro não sabe votar’ ou ‘brasileiro é atrasado’. Há nesse caso duas hipóteses: ou não sou brasileiro ou não sei votar. As coisas começam a mudar, quando começamos a dizer ‘eu’, quando as pessoas, num comportamento ético, passam a entender que também fazem parte do problema”.

 

Para Padre Flávio, “ninguém pode se considerar vacinado contra as fraquezas humanas” e defendeu a mudança de comportamento de cada um: “A verdade sobre nós mesmos é a grande questão que devemos ter coragem de levantar. Com certeza, esse é o grande drama do Brasil: nesses 30 anos da nossa Constituição, falou-se, e ainda se fala muito, dos direitos, mas pouca ênfase é dada aos deveres do cidadão. O desequilíbrio num desses pontos coloca em risco a harmonia social”.

 

Padre Flávio disse, ainda, que não tem formação como gestor hospitalar, uma vez que sempre atuou como professor, e considera que seu trabalho à frente da Santa Casa é uma missão divina. E pedindo a seus pais, presentes à solenidade, que ficassem de pé, afirmou: “Aprendi direitos humanos com meus pais. É com a família, a primeira escola, que a gente aprende a respeitar o próximo”. E lembrou que seus pais sempre acolheram todas as pessoas, sem discriminar ninguém. Por fim, sempre acompanhado pelo violão de Nenê Barbosa, Padre Flávio concluiu: “Não nos esqueçamos que somos também cidadãos do Céu e tal cidadania recebemos no batismo, chamados a construir a civilização do amor”.

 

Dados biográficos – Natural de Sorocaba, onde nasceu em 20 de abril de 1970, o padre Flávio Jorge Miguel Júnior é filho de Flavio Jorge Miguel e Vicentina Machado Miguel. Estudou na Escola Municipal Getúlio Vargas, onde ingressou em 1977, concluindo o 2º Grau em 1987. Aos 11 anos, fez um curso no Zoológico Quinzinho de Barros e se tornou líder do Movimento Ecológico de Adolescentes, organizando passeatas em defesa do meio ambiente e ciceroneando as visitas ao referido parque. 

 

Dos 13 aos 17 anos, dedicou-se à vida artística, atuando em diversas peças teatrais e chegando a receber o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante. Também foi coordenador do Grupo de Adolescentes da Catedral de Sorocaba. Após concluir o ensino secundário, ingressou na Faculdade de Direito de Sorocaba, mas não concluiu o curso, pois sentiu o chamado para o sacerdócio e resolveu ingressar no seminário, em 1990.

 

Cursou Filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Sorocaba (atual Uniso) e Teologia na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, onde também fez Mestrado. Participou do Movimento Carismático Católico e foi o primeiro coordenador arquidiocesano dos jovens, atuando nessa área por dez anos. Em 8 de dezembro de 1996 foi ordenado sacerdote e trabalhou, simultaneamente, nas Paróquias de Santa Rosália e de São José Operário.

 

Ao longo de sua vida sacerdotal, coordenou vários trabalhos pastorais, como o Apostolado de Oração e a Pastoral Vocacional. Foi reitor do Seminário Arquidiocesano Bom Pastor e um dos fundadores do Instituto de Teologia João Paulo II da Arquidiocese de Sorocaba. Também foi coordenador nacional do Ministério Cristo Sacerdote, pregando em retiros espirituais pelo país afora. Em 2010, com a criação do Santuário São Judas Tadeu, tornou-se seu primeiro reitor. E foi responsável pela pastoral de mais de 30 mil crianças e jovens da Arquidiocese de Sorocaba. Atualmente, é diretor-presidente da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia.

 

A sessão solene foi transmitida ao vivo pela TV Câmara (Canal 31.3; Canal 6 da NET; e Canal 9 da Vivo) e pode ser vista na íntegra no seguinte endereço eletrônico: https://youtu.be/vW4CPMD8eGo.