Realizado por iniciativa da vereadora Iara Bernardi (PT), o evento contou com a participação de especialistas da Unesp e da UFSCar
Com o tema “Planejamento Urbano: Manancial, Abastecimento e Drenagem Urbana”, a Câmara Municipal de Sorocaba, por iniciativa da vereadora Iara Bernardi (PT), realizou audiência pública na noite de terça-feira, 16, com a participação dos especialistas Alexandre Marco, da Unesp, e André Cordeiro, da UFSCar, que integraram a mesa dos trabalhos e proferiram palestras no evento. A vereadora preside a Comissão de Habitação e Regularização Fundiária, formada pelos vereadores Vitão do Cachorrão (MDB) e Wanderley Diogo (PRP).
A audiência pública faz parte de um ciclo de conferências que vem sendo promovidas pela vereadora Iara Bernardi (PT), com a participação de especialistas. O primeiro tema debatido foi a expansão urbana, em audiência realizada em 27 de fevereiro último. “Depois dessa discussão, percebemos que era preciso discutir a questão da água, que é extremamente problemática”, afirmou a vereadora na apresentação dos trabalhos, enfatizando que é preciso proteger a Represa de Itupararanga, que, conforme observou, não está em Sorocaba, mas é o principal manancial que abastece a cidade, bem como Votorantim.
Palestras de pesquisadores – O professor André Cordeiro, da UFSCar, observou que uma pessoa precisa de cerca de 5 litros de água por dia para consumo e 25 litros para higiene pessoal, o que significa que numa família de quatro pessoas, no Brasil, esse consumo chega a 200 litros por dia. Mas esse montante varia conforme outros fatores, inclusive econômicos, sendo de 350 litros no Canadá, 165 litros na Europa e apenas 20 litros na África. “Mesmo em Sorocaba, a média pode chegar a 400 litros por família por dia, no caso de bairros ricos, em que as casas têm piscina”, completou.
De acordo com os dados apresentados pelo pesquisador, 84% da água consumidora no município vem da Represa de Itupararanga, enquanto 8% vem de Ipaneminha, 6% do Pirajibu-Mirim e 2% de poços. “Um dos problemas que temos no sistema de abastecimento é o índice de perdas de água, que chega a 40%”, afirmou André Cordeiro. Segundo ele, em 2050, Sorocaba deverá contar com uma população de 862 mil habitantes, que vai demandar novas fontes de abastecimento, pois a Represa de Itupararanga será insuficiente.
Planejamento necessário – “Quase todas as microbacias da região já estão comprometidas em termos de qualidade, devido à entrada de esgoto e drenagem urbana malfeita”, afirmou André Cordeiro, acrescentando que as áreas onde há mais nascentes, nas Zonas Oeste, Leste e Norte, principalmente nas áreas rurais, são justamente as áreas previstas como de expansão urbana pelo Plano Diretor. “A situação não é muito confortável. Já não temos água, não temos fontes próximas e as poucas fontes locais estão sendo gradativamente degradadas”, alertou André Cordeiro, defendendo que não se pode deixar que a especulação imobiliária determine a ocupação do território.
O professor Alexandre Marco, do curso de Engenharia Ambiental da Unesp, discorreu sobre as condições do Rio Sorocaba e afirmou que o rio, apesar de ter sido despoluído do ponto de vista da “poluição macro, mais visível”, ainda apresenta problemas. “Temos cerca de 1.200 quilômetros de rios no município de Sorocaba e aproximadamente 2.330 nascentes”, contabilizou o pesquisador, salientando que um dos problemas que afetam os mananciais é o lixo nas calhas d’água e o esgoto não tratado. Alexandre Marco também enfatizou a importância do planejamento urbano.
O vereador José Claudio Pereira, o Zelão, do PT de Votorantim, também participou da audiência pública, que contou com representantes de várias entidades. Iara Bernardi (PT) lamentou que a Prefeitura não tenha enviado representante para participar da audiência pública e se manifestar quanto à questão. A vereadora reiterou que Sorocaba precisa liderar a luta pela preservação da Represa de Itupararanga e lamentou que a Prefeitura não tenha tomado essa iniciativa, defendendo, ainda, que a cidade dê o devido valor às pesquisas produzidas pelas universidades, que podem nortear soluções para os problemas hídricos relatados.
A audiência pública foi transmitida ao vivo pela TV Câmara (Canal 31.3; Canal 6 da NET; Canal 9 da Vivo) e pode ser vista na íntegra no portal da Casa através dos seguintes endereços eletrônicos:
Parte 1: https://youtu.be/eot9fAOyMLg
Parte 2: https://youtu.be/Z3hxJI5C5N8