A Câmara Municipal aprovou,
em Sessão Extraordinária, que começou na tarde de ontem e se encerrou na
madrugada de sexta-feira, a cassação do mandato do prefeito José Crespo por
infração político-administrativa no caso conhecido como “falso voluntariado”. A
decisão foi determinada por 16 votos a favor e quatro votos contrários à
cassação, nos três quesitos em que o chefe do executivo foi julgado: irregularidade
na assinatura do termo de contrato de voluntariado com Tatiane Polis, autorização
para que a voluntária agisse com poderes de servidora e permissão para que ela
recebesse valores ilegais no exercício da atividade.
A ata da sessão foi lavrada
logo após a votação e o presidente do Legislativo, vereador Fernando Dini (MDB)
aguardou a chegada de Jaqueline Coutinho para empossá-la como a nova prefeita
de Sorocaba.
Início
da sessão - A Sessão Extraordinária para votação do
pedido de cassação do mandato do prefeito José Crespo, teve início às 13h de
quinta-feira, com a presença do chefe do Executivo. Conforme rege o Regimento
Interno da Casa, a sessão foi aberta pelo presidente Fernando Dini (MDB) que
questionou, inicialmente, se a defesa iria requerer a leitura integral das
peças do processo, o que foi confirmado pelo advogado do prefeito, Marcio Leme.
O advogado também solicitou a exibição
dos vídeos das oitivas das testemunhas da Comissão Processante e também da
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Falso Voluntariado. A leitura das
cerca de mil páginas dos autos foi iniciada às 13h30.
Suspensão
da leitura - A
leitura das peças do processo referente ao pedido de cassação do prefeito José
Crespo foi interrompida por volta das 22h, atendendo solicitação do advogado de
defesa, Marcio Leme, que também dispensou a exibição dos vídeos das oitivas das
testemunhas da CPI do Falso Voluntariado. Com o prosseguimento da sessão, foi
concedido o tempo de 15 minutos para argumentação de cada vereador, sem
apartes.
Defesa
do prefeito – Antes de iniciar sua sustentação oral, o
advogado Marcio Leme solicitou a o impedimento de participar da votação dos
vereadores Hudson Pessini (MDB), Iara Bernardi (PT), Fernanda Garcia (PSOL),
Francisco França (PT), Péricles Régis (MDB), Renan Santos (PCdoB) e Rodrigo
Manga (DEM). O advogado argumentou que Hudson Pessini, por ser namorado da
vice-prefeita, tem interesse pessoal direto na cassação do prefeito. Já em
relação aos demais vereadores citados, Marcio Leme afirmou que, por terem
assinado o relatório da CPI do Falso Voluntariado, perdem a imparcialidade
necessária à condição de julgadores.
O presidente Fernando Dini
requisitou ao Jurídico da Câmara Municipal um parecer acerca da solicitação do
advogado do prefeito e a resposta, embasada na legislação, é que não havia motivos
para o impedimento de votação dos vereadores citados e, assim, o chefe do
Legislativo rejeitou o pedido da defesa.
O advogado Marcio Leme,
então, iniciou as argumentações finais e defendeu que o parecer da Comissão
Processante não deveria ser acolhido por conta da falta de unanimidade na aprovação
do relatório final. Ele também argumentou que o decreto que regulamenta a
contratação de voluntários em Sorocaba é destinado às secretarias e utilizou
trechos dos depoimentos das oitivas realizadas pela CPI do Voluntariado para afirmar
que a voluntaria não exercia poderes de chefia na prefeitura e não recebia
vantagens financeiras. Alegou ainda que as denúncias contra o prefeito foram
feitas por pessoas que tinham interesses particulares.
Na sequência, o presidente
do Legislativo, vereador Fernando Dini iniciou a votação, por ordem alfabética
dos vereadores, que por 16 votos a favor e 4 contrários definiu a cassação de
José Crespo, já na madrugada de sexta-feira, por volta das 3h.