O orçamento da Secretaria da
Saúde (SES) para o próximo ano será de R$ 557.383.816, sendo R$ 269 milhões
para pessoal, R$ 282 milhões para custeio e R$ 5,2 milhões investimentos. Do
orçamento total, 26% são de recursos federais e apenas 0,7% estaduais. Em
relação ao ano corrente, a pasta sofrerá um corte de cerca de 6 % da verba. As
informações forma apresentadas hoje (07) pelo secretário Ademir Watanabe, durante a
terceira Audiência Pública para debater Projeto de Lei de
autoria do Executivo, que estima a receita e fixa a despesa do município para o
exercício de 2020.
Em seguida, os vereadores
iniciaram os questionamentos me bloco. Abrindo a primeira rodada, a vereadora
Iara Bernardi (PT) questionou o fluxo de atendimento, sendo que muitos
pacientes acumulam exames que perdem a validade sem ter encaminhamento, cintado
os caso do Outubro Rosa de câncer de mama. Criticou terceirizações dos PAs, que
recebem reclamações de usuários, e lembrou do caso da Cies Global na distribuição
de medicamentos, que chegou a se tornar alvo de investigação policial.
A vereadora também perguntou
sobre a desativação de leitos, a possibilidade de concurso para novos
profissionais e as propostas da Saúde para o orçamento de 2020, que será menor
que o atual. Engenheiro Martinez (PSDB) afirmou que queria ouvir as propostas
para a Policlínica, Santa Casa, Santa Lucindo e emendas a serem pagas.
Luis Santos (PROS) questionou
sobre o Ônibus da Mulher, que está em péssimo estado, o Trailer Odontológico e
a Policlínica móvel, da mesma forma que o vereador Silvano Junior (PV). “Todos
equipamentos de prevenção, que poderiam evitar maiores custos na área curativa”,
disse. Fernanda Garcia (PSOL) destacou a falta de enfermeiras para atenção da
saúde da mulher e atendimento básico. Segundo ela, faltam 200 médicos, fora
outros profissionais da área da saúde, como auxiliares administrativos e agentes
comunitários de saúde. A vereadora também perguntou sobre os números
específicos do programa Estratégias de Saúde para a Família.
O vereador Péricles Régis
(MDB), criticou o relatório pouco detalhado semestral enviado pela SES e questionou
a verba destinada para atendimento de média e alta complexidade e se há previsão
orçamentária para aumento de especialidades na Policínica, além da situação de especialistas
em saúde mental e a possibilidade de atendimento em pediatria e ginecologia em
todas as UBS em tempo integral. Outros temas levantados pelo vereador foram
sobre o prontuário eletrônico utilizado na área da Saúde e a falta de fraldas e
vacinas.
O secretário iniciou as
respostas afirmando que diante de todos os questionamentos, vai faltar
dinheiro. “Existe um limitador, o orçamento, dinheiro”, disse Watanabe. Ele lembrou
que quando assumiu a pasta havia muitas dividas e cortes a serem feitos, e alguns
estão sendo cumpridos. “Cortes vão ter que existir senão não chegaremos ao
final do ano. E para o ano que vem, o cenário é pior. Ou se faz corte radical,
ou vamos ficar na ilusão de que há recursos, e não há”, alertou o secretário. Segundo ele, já houve uma reunião com todos os
hospitais para expor a situação e a duvida é quais serviços não essenciais que
possam ser reduzidos.
Watanabe criticou o
comportamento comum da população de procurar primeiramente os PAs para depois
ser encaminhada às UBSs (Unidades Básicas de Saúde). Ele também deixou em
aberto a possibilidade de fechar alguma UPA ou UPH para melhorar a atenção
básica.
Ele afirmou que todas as emendas
empenhadas serão pagas, de acordo com a Secretaria da Fazenda e contou que o
percentual de redução atual é de até 25% no orçamento vigente. Sobre os
trailers e os ônibus da Mulher e do Homem, todos estão no estacionamento da Policlínica
em atividade, mas não têm condições de rodar pois precisam de manutenção.
Sobre o atendimento
oncológico o Outubro Rosa, Watanabe lembrou que existem 280 pedidos a serem
atendidos para exames de câncer de mama. Ele disse que a maior necessidade na
área é de profissionais em ginecologia e obstetrícia. Hoje são 41 no total, distribuídos
em 32 unidades de saúde. O secretário afirma que todos os exames para detectar
o câncer é feito pelo município e, confirmado o diagnostico, a paciente é encaminhada
a rede Hebe Camargo para sequência do atendimento. Em relação aos pediatras nas
UBS, a sugestão de Watanabe seria retomar médicos das unidades de emergência, sendo
necessário para isso um decreto da prefeita.
Em relação a contratação de
agentes em Estratégia de Saúde da Família, afirmou que hoje são 44 equipes, sendo
40 habilitadas. O secretário conta que enfrenta problema para formar equipes
por conta do fim do envio de profissionais do Programa Mais Médicos e que é necessário
criar novos cargos de médicos com carga de 40 horas semanais pois, hoje, no
município, são apenas cargos de 15h.
Watanabe explicou também que
o prontuário eletrônico, produzido pela empresa ViverSistema, é uma grande “encrenca”.
Segundo ele, o sistema seria para atender a Educação e a Saúde, mas não
funciona corretamente. Ele diz que a secretaria procura uma solução, mas que não
pode interromper o uso do sistema pois pararia o atendimento em todas as
unidades de saúde. Sobre falta de fraldas e medicamentos, o secretário contou
que houve aumento nas solicitações e em relação às vacinas, o fornecimento é do
Ministério da Saúde e houve problema em nível nacional por conta da produção, que
deve ser normalizada em novembro.
No segundo bloco de
perguntas, o vereador Silvano Júnior (PV) criticou a demora em atendimento de
pacientes em Sorocaba. O secretário justificou dizendo que a lista de
atendimento é definida pelo Estado e não pelo município.
O vereador Renan Santos (PC
do B) questionou divergência de números do orçamento de 2019, que segundo a LOA
seria de R$ 588 e a prefeita Jaueline Coutinho falou em R$ 610 milhões. O secretário
justificou a diferença como pendências de dívidas anteriores, mas que serão
pagas. O vereador perguntou onde será o aplicada a redução do orçamento para
2020, que caiu quase R$ 30 milhões e foi informado que sairá proporcionalmente de
toda a pasta. Renan Santos sugeriu rompimento do contrato com a gestora das UPH
da Zona Oeste e Norte para redução de custos na ordem de até R$ 20 milhões, e
repasse da administração das unidades para a Santa Casa, que cobra menos para
gerir a UPH da Zona Leste. O secretario afirmou que existem irregularidades no
contrato com a gestora e que aguarda relatório, podendo ocorrer até mesmo a
recisão contatual.
Sobre concurso público, Watanabe
afirmou que já realizou estudos sobre áreas que mais necessitam de
profissionais e que vai priorizar Agentes de Combate Endemias. O vereador João
Donizeti (PSDB) questionou projeto para orientar a população ao atendimento
primário em UBS se existe estudo para fechamento de alguma UPH. Ele alertou
para recursos de emendas impositivas que ainda não foram empenhados já que
existem obras não licitadas.
João Donizeti ainda perguntou
sobre alteração da carga horária dos médicos e se existe possibilidade de
implantar o projeto de estratégia de família em mais UBS. Questionou também
como a pasta poderá chamar novos médicos com os recursos contidos e qual seria o
maior rombo da SES que quebrou a saúde da cidade nos últimos anos.
O secretário reforçou a
intenção de criar uma nova carga horária para médicos e que há interesse em ampliar
o programa de estratégia em família. Sobre fechamento de UPHs, disse que é
necessário um estudo muito amplo para essa definição. Watanabe contou que hoje a
SES possui um déficit de 2500 funcionários, mas não tem lastro financeiro para
contratações. Afirmou ainda que há irregularidades nos contratos de gestão
compartilhada que não estavam previstos na LOA e disse que está em elaboração o
POA (Plano Estratégico Operacional) em parceria com a Santa Casa, que vai
traçar os novos rumos da Saúde no município.
E seguida, o gestor da Santa
Casa, padre Flávio Miguel, usou a palavra para explicar que a demora no
atendimento para casos de câncer acontece por conta dos processos de exames.
Ele afirmou que a única preocupação do hospital para o próximo ano é e relação
ao aumento salarial da categoria.
Carlos Aparecida Teles,
gestor do Hospital Santa Lucinda, destacou a necessidade de planejamento na
área da saúde, para garantir a correção dos custos e pagamento em dia, pois se as
dívidas forem acumuladas e somadas às inflações, sempre faltarão recursos para
os hospitais. Ele contou que as dívidas da prefeitura com o hospital são de
gestões anteriores e agradeceu as emendas parlamentares destinadas ao Santa Lucinda
e afirmou que todas estão sendo pagas de forma parcelada.
Por conta do horário
avançado, as apresentações de orçamento das Secetarias de Cultura e Turismo e Abastecimento,
Agricultura e Nutrição, foram postergadas. A próxima sequência das Audiências Públicas
para debater o orçamento municipal de 2020 será na quarta-feira (09), a partir
das 9h.