27/03/2020 12h30
atualizado em: 27/03/2020 12h44
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Médicos explicaram por que cardiopatas e idosos integram grupo de risco e deram dicas para pessoas nessas condições

O cardiologista Marcelo Rolim e o geriatra Paulo Canineu concederam na manhã desta sexta-feira, 27, na Câmara Municipal de Sorocaba, entrevistas sobre a pandemia do coronavírus e explicaram como são afetadas as pessoas com cardiopatias e idosas. 

Segundo o Dr. Marcelo Rolim, todo paciente com alguma afecção cardíaca tem baixa resposta imunológica e precisa de cuidados especiais. “Todo paciente com cardiopatia é imunodeprimido e tem tendência a adquirir doenças virais. 40% dos pacientes que tem a forma grave do Covid-19 tem doença cardíaca ou qualquer outra comorbidade de forma elevada”, afirmou.

O cardiologista explicou a questão do sistema imunológico comparando com a resistência das crianças ao vírus. “O sistema imunológico das crianças é melhor porque é um sistema que está apto a aprender, a cada vez melhora”, disse o médico, acrescentando que no caso de pessoas com doenças cardíacas a resposta imunológica está em declínio, aumentando muito as chances de desenvolver a forma grave da doença e precisar de tratamento intensivo. 

Rolim falou também que o risco para os idosos é igualmente mais elevado. “Todos os obesos têm mais riscos de desenvolver outras doenças porque tem a imunidade mais deprimida do que a população em geral. Eles não são classificados como grupo de risco, mas a correlação me parece bastante óbvia”.

Por fim, o médico reiterou a importância de respeitar a quarentena. “A minha recomendação é a mesma do Ministério da Saúde e do Conselho Federal de Medicina: se manter em casa, manter o afastamento. Compreendo as preocupações com a economia, mas se abrir o comércio por alguns dias vai voltar a fechar novamente, porque vai aumentar o número de infectados”.

Riscos aos idosos – O geriatra Paulo Canineu também ressaltou que o sistema imunológico das pessoas é responsável por uma resposta satisfatória ao coronavírus ou não. Segundo ele, é por isso que os idosos são considerados grupo de risco. “No processo de envelhecimento, não podemos falar de uma data exata, mas há mudanças em nosso organismo. Isso ocorre principalmente a partir dos 60 anos de idade. A mudança da resistência é que permite que os indivíduos com mais idade sejam agredidos por desde uma gripe comum até o Covid-19 ou outras patologias”.

“É muito comum o idoso, mais do que qualquer outra idade, termos as chamadas comorbidades, que são doenças que permanecem silenciosas”, acrescentou o geriatra, citando problemas de pressão alta, diabetes, colesterol alto, depressão, ansiedade e sedentarismo intenso como fatores que podem mudar a capacidade imunológica dos idosos.

Como providências para prevenção e melhora do sistema imunológico, Canineu elencou a boa alimentação, o repouso, a prática de atividades físicas e a manutenção de práticas cognitivas. Dentre eles, o geriatra destacou o repouso, que, segundo ele, é muito subestimado. “É muito importante o repouso, não só para o idoso, mas para todos os indivíduos. Devemos descansar de 20 a 40 minutos logo após o almoço e 7 a 8 horas por noite”, afirmou.

Por fim, o médico enfatizou, como todos os outros, a importância de ficar em casa e deu dicas de como manter contato social mesmo durante a quarentena. “Existem outros meios de não ficar isolado. Podemos usar o telefone e o WhatsApp para ver outras pessoas. E uma coisa excelente também é escrever. Podemos aproveitar o momento para escrever mensagens ou pequenas cartas para amigos, parentes, filhos e netos via internet. Enfim, tem que usar a criatividade dentro da própria casa”.