Em entrevista á Rádio Câmara, o veterinário Douglas Renato Cleto observou que os animais também podem ficar ansiosos e precisam de cuidados
Com o objetivo de explicar os cuidados com animais domésticos durante o período de isolamento social motivado pelo coronavírus, o veterinário Douglas Renato Cleto concedeu entrevista à Rádio Câmara (também transmitida pela TV Câmara), na tarde desta quarta-feira, 29, em que enfatizou a importância de manter a higiene dos animais, mesmo não havendo estudos mostrando transmissão de coronavírus de animais para humanos.
Douglas Renato Cleto, que é pós-graduando em Ortopedia e Neurologia Animal, observou que os animais também podem sentir ansiedade e, apesar de gostarem da presença de muita gente em casa, nesse período de isolamento social podem acabar ficando estressados se não puderem, por exemplo, passear fora de casa, especialmente no caso de cães que só conseguem fazer suas necessidades fisiológicas fora do ambiente doméstico.
“As pessoas acabam não saindo, e tem animais que precisam sair. Quanto menos sair é melhor para que os humanos evitem o contágio, mas tem animais que estão habituados a sair e acabam sofrendo por conta dessa restrição”, lembrou o veterinário, destacando que as mudanças de horários para as rotinas do dia aumentam a tensão dos animais.
Mas para passear com o animal, Douglas Renato Cleto recomenda que a pessoa use luvas e máscara, faça passeios curtos e menos frequentes e evite aglomerações ou contato próximo com outras pessoas. O acompanhante do animal deve estar saudável e os donos do animal podem se revezar nos passeios. “Se o cão não está acostumado a usar sapatinho para passear, suas patas devem ser higienizadas com sabão próprio para animais ao voltar da rua. Também é importante limpar seu pelo antes de entrar em casa”, explicou, ressaltando que não se deve usar álcool gel no animal.
Casos em animais – O médico veterinário também falou sobre os casos em que coronavírus foram detectados em animais, como o caso de um gato na Bélgica e dois cães em Hong Kong, descritos em artigo científico da revista Nature, publicado em 1º de abril último. Douglas Cleto observou que os estudos até agora não são conclusivos e não se sabe se os animais que, tendo o vírus, apresentaram sintomas realmente estavam com a doença. “Também não há nenhum estudo mostrando transmissão do vírus de animais para humanos”, afirmou.
Douglas Cleto explicou que existe o coronavírus específicos de cães e gatos que não são transmitidos para humanos. “Foram realizados estudos e os gatos se mostraram mais suscetíveis. Além de adquirir, eles replicam o vírus para outros animais da mesma espécie”, explicou. Cleto contou que existe também o coronavírus felino, diferente do Covid-19, que pode trazer sintomas graves para os gatos. “Há também o coronavírus de cachorro, mas que apresenta sintomas diferentes”, ressaltou.
Impacto na veterinária – Segundo Douglas Cleto, a pandemia afetou também a área de medicina veterinária, cujo trabalho está sendo contínuo, tanto em relação aos cuidados com os animais, mas também em relação às pesquisas para saber se o vírus pode ser transmitido por animais. “Nas clínicas veterinárias estamos atendendo com todos os cuidados necessários, com equipamentos de proteção e distanciamento social, com menos pessoas no consultório”, explicou.
No caso da proximidade com animais de estimação por parte das pessoas do grupo de risco, o veterinário disse não haver problema de manter contato, desde que não estejam com sintomas. Douglas Neto observou, entretanto, que é bom evitar o contato com as mucosas do animal, inclusive para quem não é do grupo de risco, independentemente de haver alguém contaminado ou não na casa.
Já em relação aos animais abandonados, disse que não tem informações sobre ações para evitar o contágio de animais de rua, mas lembrou que em alguns pontos da cidade existem pontos para coleta e doação de ração. Ao final da entrevista, o médico veterinário reforçou as orientações para cuidados dos animais em caso de saídas para passeios e, principalmente, evitar o contato com outros proprietários de animais durante a atividade.