Desde 2012 morando na Espanha, na região da Galícia, o brasileiro André Lopes Fernandez participou, na tarde desta segunda-feira (11), de uma entrevista ao vivo na TV Câmara Sorocaba para falar sobre os efeitos da pandemia de Covid-19 no país, um dos mais afetados na Europa, com mais de 224 mil casos confirmados e cerca de 26 mil mortes. Tendo vivenciado de perto o impacto do novo coronavírus na sociedade espanhola, ele defendeu a necessidade do isolamento social como forma de evitar a disseminação da doença.
André contou que a Espanha chegou a ter uma taxa de contágio de 35% por dia, mas que após a determinação da quarentena, o número atualmente caiu para 0.28%. “No geral o povo espanhol se comportou bem, levou a sério as recomendações”, explicou ele, lembrando que o governo espanhol chegou a estipular multas que variam de 600 até 600 mil euros para quem não cumprir alguma das recomendações.
O brasileiro, que gerencia um posto de combustíveis, contou que não deixou de trabalhar por atuar em uma área considerada essencial, destacou que o pior momento enfrentado pelos espanhóis foi quando o governo decretou um lockdown, ou estado de sitito, de duas semanas, onde praticamente esvazio as ruas do país. “Torcia para alguém (vir ao posto) consumir, mas depois voltou a funcionar, pouco a pouco estamos voltando a uma rotina um pouco melhor”, relatou.
De acordo com André, a partir de hoje (11), a região da Galícia inicia uma flexibilização da quarentena, a chamada fase “1”. “Algumas regiões, que de alguma maneira cumpriram com as exigências de cuidados da saúde, puderam ter essa flexibilização, mas não significa que pode fazer qualquer coisa”, explicou. Ele disse, por exemplo, que dentro da Galícia existem quatro províncias, mas que os habitantes ainda não podem ir de uma para outra nesse momento.
André explicou que todas as regiões começaram da fase “0” do processo de abertura, e duas ilhas, por conta do baixo numero de infectados, já estavam na fase “1”. Outras regiões, como a capital Madrid, ainda permanecem no estado inicial, por serem regiões de maior população e não terem cumprido todos os requisitos.
Em relação à economia, o brasileiro explicou que as empresas grandes, que fecharam 100% da atividade, agora podem retomar com numero limitado de pessoas ou permanecer fechadas até dia 30 de junho, com as despesas custeadas pelo governo. “É como um seguro desemprego, o governo proporciona essa alternativa, mas depende do tipo de comércio”, disse André, lembrando que áreas de essenciais não tem essa possibilidade.
Com toda a experiência dentro de um dos países mais afetados pela pandemia, André fez questão de alertar os brasileiros para que levem a sério o novo coronavírus. “O que eu tenho a dizer é estamos e uma guerra em que a gente não vê de onde vem a bala, eu sempre tenho em mente que qualquer pessoa está contaminada”, disse o brasileiro, contando que mantém um rigoroso comportamento de higiene, como utilizar luvas, máscara e álcool gel sempre que sai de casa.
“Eu recomendo e acredito que até agora não teve outra coisa melhor que o isolamento. E tem que levar a sério, pois não tem medicamento ou vacina conta esse vírus”, destacou. “Desejo que (a pandemia) acabe o mais rápido. Entendo que muitas pessoas não têm alternativa e precisam sair, mas é preciso levar a sério o isolamento, chegar à 70%, pois assim é possível reduzir a curva de contágio, como aqui na Espanha. É melhor aguentar dois meses, dois meses e meio, para voltar pouco a pouco a realidade, ao novo normal”, alertou.