A entrevista foi transmitida ao vivo também pela TV e Facebook do Legislativo.
O programa Câmara Saúde, realizado pela Rádio Câmara, na tarde desta quinta-feira (21), recebeu o professor e biomédico Dr. Eric Barioni para esclarecer as principais dúvidas sobre a vacina Coronavac, produzida pelo Instituo Butantan em parceira com o laboratório chinês Sinovac, e que nesta semana começou a ser aplicada na população brasileira para combater a Covid-19. A entrevista foi transmitida ao vivo também pela TV e Facebook do Legislativo.
De acordo com Barioni, a Coronavac é uma vacina segura e criticou a disseminação de informações que colocam em dúvida a eficácia e segurança do imunizante. Ele também afirmou que ainda existe uma imagem negativa aos produtos chineses, mas que isso não condiz com a realidade. "A China é uma potencia mundial, assim como os Estados Unidos, e nós, como outros países, dependemos de insumos hospitalares e medicamentos que vem desses países.", disse, lembrando que o país asiático vem mostrando competência em diversos setores industriais, principalmente na área da saúde.
Sobre a qualidade da vacina que está sendo aplicada na população brasileira, o especialista pontuou que houve uma falha na comunicação do Governo Estadual na divulgação da eficácia do imunizante, que primeiro anunciou o valor de 78% e depois de 50,4%. "Isso é pano pra manga para aqueles que querem criticar ou simplesmente gerar mais duvidas", destacou.
Barioni explicou que a Coronavac tem 100% de proteção contra casos moderados e graves, que necessitam de internação hospitalar, nas infecções por Covid-19, e que os critérios para análise da vacina são diferentes para cada laboratório, sendo que a vacina do Butantan utilizou evidências que outras estudos não incluiram para constatar a doença, como sintomas de náusea, vômito e diarreia.
Para quadros leves da infecção, em que os pacientes podem desenvolvem sintomas que necessitem de medicamentos, a vacina oferece 78% de proteção. "Os outros 22% poderão desenvolver sintomas leves, que necessitem de assistência medicamentosa, mas não evoluem para quadros moderados e graves" disse.
Sobre a taxa de eficiência global de 50,38%, Barioni contou que esse é o número de chance que uma pessoa vacinada tem de não desenvolver a doença. "Já os outros quase 50%, em sua maioria, significa que poderão desenvolver sintomas muito leves", concluiu, destacando que o importante da Coronavac é a proteção da população contra o caso graves e moderados.
Questionado sobre os motivos para os laboratórios não se responsabilizarem pelos efeitos das vacinas, o biomédico lembrou que mesmo com o maior grau de segurança, todo medicamento é passível de riscos. "O risco é a probabilidade de alguma coisa acontecer, pode ser mínimo, mas nunca zero." afirmou. Ele utilizou como exemplo a aspirina, que é um medicamente seguro e amplamente utilizada no mundo todo, mas que mesmo pode apresentar efeitos colaterais.
Segundo Barioni, os laboratórios fazem todos os estudos para que os riscos sejam mínimos, e que a partir e agora, com o início da vacinação mundial, começam os testes da fase 4 das vacinas, que vão medir os efetios adversos nas pessoas imunizadas. Ele reforçou que as vacinas são seguras e que os efeitos adversos são raros, geralmente dor no local da aplicação e desconforto. O especialista, porém, lembrou que determinados pacientes necessitam de orientação médica para tomar qualquer vacina, como gestantes ou pessoas que possuem algum tipo de alergia contra algum componente da fórmula.
Sobre a Coronavac ter sido aprovada pela Anvisa com ressalvas, Barioni , disse ser uma situação normal e que a vacina não partiu do zero, mas é resultado de estudos de grupos de trabalho sobre outros coronavírus. "É um momento de extrema gravidade, com muitas pessoas morrendo, porém ao mesmo tempo que o uso foi aprovado, de forma emergencial, o laboratório Sinovac e Instituto Butantan deverão responder as não conformidades apontadas pela Anvisa", disse. Segundo o especialista, a vacina se mostrou eficaz e segura, mas é padrão a solicitação de novas informações.
Em relação a aplicação da vacina em pacientes imunossuprimidas, o especialista alertou da necessidade de orientação médica. "Pode ser que a pessoa demore mais para adquirir a imunidade, mas cada caso é um caso, é preciso uma analise com o médico para avaliar custo beneficio", disse. Ele destacou também que vacinar esses pacientes é importante justamente para levantar dados sobre os efeitos do imunizante nessa população.
Vacina da Fiocruz - Barioni também falou sobre outra vacina aprovada pela Anvisa para ser utilizada no Brasil, a desenvolvida pela AstraZeneca/Oxford com a Fiocruz. Segundo ele, ambas as vacinas são seguras e apesar do imunizante da Fiocruz apresentar 70,4% de eficácia, as formas de cálculos para a informação são diferentes entre os laboratórios. "São tecnologias de produção, populações testadas e critérios diferentes. Mas as duas vacinas são importantíssimas.", resumiu.
Ao final da entrevista, Barioni destacou que o fim da pandemia vai depender do maior numero de pessoas vacinas e que, mesmo com a vacina, a população não pode abandonar os hábitos de segurança, como distanciamento social, utilização de máscara e álcool em gel. "Com a vacina, num primeiro momento estamos protegidos conta evolução dos quadros da doença, não da transmissão do vírus", ressaltou. O programa Câmara Saúde está disponível no canal da Câmara Sorocaba no Youtube.