20/04/2021 13h13
Facebook

Projeto da vereadora Fernanda Garcia (PSOL) foi aprovado em primeira discussão com emenda de Dylan Dantas (PSC), excluindo parcerias com instituições.

Transparência quanto aos recursos da merenda escolar e Programa Maria da Penha Vai à Escola são temas dos dois projetos de lei aprovados pelos vereadores, em primeira discussão, durante a 17ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Sorocaba realizada de maneira mista na manhã desta terça-feira, 20, sob o comando do presidente da Casa, vereador Cláudio Sorocaba (PL).

Abrindo a ordem dia, foi aprovado em primeira discussão o Projeto de Lei nº 08/2021, de autoria do vereador Ítalo Moreira (PSC), que obriga o Município de Sorocaba a divulgar, obrigatoriamente, em seu respectivo sítio oficial na Internet, em formato aberto, a prestação de contas do total de recursos recebidos do Governo do Estado para fornecimento da merenda escolar aos alunos da rede municipal de ensino. Para tanto, o projeto acrescenta o artigo 2º-A à Lei 9.025, de 22 de dezembro de 2009, que trata do referido convênio.

O autor defendeu o projeto, reforçando a importância da merenda escolar para a comunidade. “Muitos jovens dependem da escola para comer, tanto é que escolas estão abrindo apenas para dar o que comer a estudantes”, disse. Destacou ainda a necessidade de manter a transparência desses contratos e evitar possíveis desvios, citando a operação “Prato Feito”, que investigou irregularidades na merenda.

A proposta do parlamentar prevê que, sempre que possível, o convênio deverá prever mecanismos digitais de transparência, permitindo o acesso facilitado e o controle da sociedade civil, estudantes e responsáveis, disponibilizando informações atualizadas sobre o financiamento e os respectivos canais para a denúncia de irregularidades.

Sobre o tema, a vereadora Iara Bernardi (PT) lembrou que as empresas envolvidas nas irregularidades apontadas pela operação “Prato Feito” prestavam serviço para Sorocaba e também citou a CPI da Merenda realizada pela Casa e presidida pela parlamentar. “A transparência é extremamente importante’’, frisou.

O líder do Governo na Casa, vereador João Donizeti (PSDB) também falou sobre a importância do projeto destacando que o contrato da merenda é de R$ 50 milhões de reais ao ano, sendo, portanto, essencial criar dispositivos de transparência. Outros parlamentares também se manifestaram favoravelmente ao projeto e ainda sobre a necessidade de distribuição de cestas básicas às famílias dos alunos da rede municipal durante a pandemia.

Com parecer favorável, o projeto foi aprovado com emenda da Comissão de Justiça, com o objetivo de adequá-lo à melhor técnica legislativa. Já a Emenda nº 2, do autor, suprimindo a expressão “cardápio da alimentação escolar”, foi retirada.

Violência doméstica – Após amplo debate, também foi aprovado em primeira discussão o Projeto de Lei nº 148/2020, de autoria da vereadora Fernanda Garcia (PSOL), que institui o “Programa Maria da Penha Vai à Escola”, com ações educativas voltadas para o público escolar da rede municipal de ensino, e a Campanha “Agosto Lilás”, a ser realizada, anualmente, durante o mês de agosto, com o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher e divulgar a Lei Maria da Penha através de mobilização, palestras, debates, encontros, panfletagens, eventos e seminários.

Mediante termo de cooperação, as ações da campanha poderão ser estendidas às escolas privadas e instituições de ensino superior. O Poder Executivo realizará as referidas atividades de forma articulada com os organismos municipais de políticas para mulheres, podendo firmar parcerias, para esse fim, com instituições governamentais e não governamentais, empresas públicas e privadas, movimentos sociais, conselhos de direitos e conselhos de classe. A regulamentação da lei, caso aprovada, caberá ao Executivo.

“Esse projeto vem para tentar diminuir a violência doméstica na nossa sociedade”, afirmou a autora, que pediu a aprovação do projeto original sem emendas. A parlamentar reforçou que a proposta recebeu o apoio da OAB-Sorocaba, que pretende trabalhar conjuntamente com o Município nas escolas, caso o projeto se torne lei. A vereadora disse ainda que seu projeto prevê o cumprimento de um dispositivo da própria Lei Maria da Penha. “A lei prevê que estados e municípios tenham essas campanhas educativas. Na cidade de Sorocaba isso não está acontecendo”, disse.

Em seguida, a vereadora Iara Bernardi (PT) fez um retrospecto da legislação de combate à violência doméstica no país, lembrando que é de sua autoria a lei que a tipifica o assédio sexual no código penal. “A violência contra a mulher acontece muito cedo, muitas vezes no namoro. É um fato sim para ser debatido nas escolas”, afirmou. Outros parlamentares também se manifestaram e falaram sobre a complexidade e gravidade do tema.

Emendas - Na sessão de 4 de fevereiro último, o projeto – que teve parecer favorável da Comissão de Justiça – recebeu duas emendas, ambas de autoria do vereador Dylan Dantas (PSC). A Emenda nº 1, suprime o artigo 5° do projeto, que prevê ações do Poder Executivo em parceria com organismos de mulheres e outras instituições públicas ou privadas. Já a Emenda nº 2 suprime o artigo 4º do projeto, que define o “Programa Maria da Penha Vai à Escola” e suas ações.

Dantas disse ser favorável a conscientização e criação da campanha, mas cobrou rigor na legislação. “Só se protege a mulher fazendo com que as leis funcionem”, afirmou. O parlamentar retirou a emenda nº 2, mas manteve a primeira emenda, apesar do pedido da autora e dos vereadores do PT. “O que esses movimentos sociais de esquerda vão ensinar nas escolas? Não precisamos levar ideologia às escolas”, questionou. Aberta a votação, a emenda foi aprovada com nove votos contrários.

E, em discussão única, foi aprovado em o Projeto de Lei nº 74/2021, de autoria do vereador João Donizeti Silvestre, que denomina “Osmir Francisco de Oliveira” a Rua “A” do Loteamento Jardim Villaggio Ipanema I, que se inicia na Rua 2 e termina na Rua Ordália Guimarães dos Santos.Osmir Francisco de Oliveira era natural de Sorocaba e realizava trabalhos filantrópicos na Comunidade Nossa Senhora Aparecida e no Gpaci (Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil). Trabalhou como escriturário na Companhia Nacional da Estamparia, de 1966 a 1992, e abriu um depósito de bebidas em sua residência. A partir de 1994, trabalhou também no Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de Sorocaba até seu falecimento, ocorrido em 23 de janeiro de 2009, aos 57 anos.


Fora de pauta – O Projeto de Lei nº 70/2020, de autoria do Executivo, em primeira discussão, que recria o Conselho Municipal do Jovem (Comjov) e revoga expressamente a Lei 8.703, de 6 de abril de 2009, que o havia criado, saiu de pauta após receber um substitutivo.

A vereadora Iara Bernardi (PT) reforçou que a recriação do conselho é imprescindível para a transferência de recursos externos para o Município e acesso a políticas públicas nacionais para a juventude. Porém, como a parlamentar, discorda da redação do projeto, apresentou um substitutivo. A parlamentar sugeriu, inclusive, a realização de audiência pública para debater a proposta. Já o vereador Dylan Dantas (PSC) se colocou contrário à formação de novos conselhos.

Devido ao fim do tempo regimental, as demais propostas da pauta restaram prejudicadas. Sem registrar novos casos de Covid-19 e com o retorno de Sorocaba à Fase Vermelha do Plano São Paulo de Combate à Pandemia (antes Sorocaba estava na Fase Emergencial, em que as medidas de distanciamento são mais restritivas), o Legislativo voltou, por determinação da Mesa Diretora, a realizar duas sessões ordinárias por semana, nas manhãs de terça-feira e quinta-feira, de maneira mista, sendo facultada a presença física ou remota dos vereadores.