20/04/2021 21h25
Facebook

Vereadora Fernanda Garcia comandou o evento e criticou ações do governo federal, porém defendeu o Sistema Único de Saúde

A Câmara Municipal de Sorocaba realizou na noite desta terça-feira, 4, audiência pública com o tema “Fortalecimento do SUS no enfrentamento à pandemia”, por iniciativa da vereadora Fernanda Garcia (PSOL), em parceria com o Fórum Popular de Saúde. Realizada virtualmente, a audiência teve a participação de quatro especialistas, que discorreram sobre a importância do Sistema Único de Saúde no combate à Covid-19, na promoção de saúde e assistência à população.

Fernanda Garcia afirmou que os danos da pandemia foram agravados pelas atitudes do governo federal, que, segundo ela, primeiramente negou a gravidade da situação tendo reflexo na população que não acreditou na doença e promoveu aglomerações. “Mesmo com congelamento de investimentos na saúde, terceirização e precarização do trabalho na saúde pública, o SUS tem se demonstrado imprescindível durante a pandemia. Se o SUS não existisse, certamente a dimensão da tragédia no Brasil seria muito pior”, afirmou a vereadora.

O primeiro convidado, Marco Antonio de Moraes, militante do fórum popular de saúde, disse que o SUS nunca foi financiado a contento desde a Constituição de 88, mas impactos maiores foram mais recentes, diante da pandemia. Ele afirmou também que o governo mantém no Ministério da Saúde um número grande de militares sem nenhum preparo. “Por falta de coordenação federal, o sofrimento ocorre no nível municipal”, explicou, complementando que nos estados também houve muitas hesitações em relação a, na opinião dele, o que seria um fechamento adequado.

Em seguida, o doutor Fabrício Menegon, epidemiologista e professor da Universidade Federal de Santa Catarina, discorreu sobre a importância do controle da subida de casos para diminuir o número de óbitos. O professor citou estudo mostrando que surtos em regiões específicas no Brasil anunciaram sua chegada. “Mesmo assim, por deficiência no sistema de vigilância, os óbitos não foram evitados”, afirmou. “As rotas terrestres deveriam ter sido controladas para evitar propagação da doença”, complementou, afirmando também que o vírus circulou sem detecção no Brasil por mais de um mês.

No mesmo sentido, o doutor Eduardo Vieira, diretor da Sociedade Médica de Sorocaba, citou que nos momentos em que foi mais liberada a circulação de pessoas, o acesso a vagas de UTI diminuiu. “Estamos vivendo essa situação hoje. Estamos preocupados em Sorocaba como está nosso estoque de sedativos e instrumentos de ventilação mecânica”, explicou. O médico concluiu defendendo o sistema público de saúde. “O SUS está vivo e respondeu adequadamente à pandemia. Se não respondeu, não foi por falta de organização do SUS, mas por falhas dos gestores em todas as esferas de governo”.

Por fim, a doutora Lívia Rodrigues, médica e professora do departamento de saúde coletiva da PUC Sorocaba discorreu sobre a questão da testagem do vírus e afirmou que o país cometeu erros na liberação e avaliação de testes no início da pandemia. Sobre o tratamento precoce, a médica alertou que os riscos de efeitos adversos superam benefícios, que não são comprovados. “O tratamento precoce para a Covid não tem potencial de benefício, só tem efeitos adversos”, afirmou. A doutora disse também que em decorrência da pandemia o país enfrenta uma situação de insegurança alimentar, com salto de 27% de pessoas passando fome.

A audiência pública foi realizada de maneira virtual, por meio de videoconferência, e transmitida pela TV Câmara, assim como pelas redes sociais da Câmara de Sorocaba.