07/05/2021 12h40
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A vereadora do PT participou do programa “Bate-Papo com os Vereadores”, na manhã desta sexta-feira, 7.

Relatora do Fundeb, intermediadora da implantação da UFSCar em Sorocaba e autora de diversas leis de proteção à mulher, a vereadora Iara Bernardi (PT) falou sobre educação, direitos humanos, violência doméstica e participação feminina na política na manhã desta sexta-feira, 7 de maio, em entrevista ao programa Bate-Papo com os Vereadores, da TV Câmara, apresentado por Carlos Garbo. 

Nascida em Sorocaba, professora de biologia e mestre em Biologia da Conservação e Biodiversidade, Iara Bernardi foi deputada federal por três vezes, e está em seu quinto mandato de vereadora, cargo que assumiu pela primeira vez em 1982, sendo a primeira mulher a assumir uma vaga no Legislativo sorocabano, ao lado de Diva Prestes de Barros, ainda no período da ditadura militar. “A primeira vereadora eleita foi Salvadora Lopes, mas o partido dela foi cassado e ela não assumiu, infelizmente. Isso na época da ditadura Vargas”, ressaltou.

A parlamentar falou sobre a ausência, ainda hoje, de mulheres na política, mesmo após a implantação de cotas, em 1996. “Tenho a convicção de que precisava representar as mulheres sorocabanas. Então meu mandato sempre teve como pauta a defesa das mulheres e dos direitos humanos, e, como professora, a educação”, disse.

Durante a entrevista, Iara também lembrou sua participação nos movimentos sociais e estudantis em Sorocaba na década de 1970, que, de acordo com a vereadora, representaram um marco na luta contra a ditadura. Iara citou a intervenção policial na chamada “Noite do Beijo”, quando um juiz da cidade proibiu beijos em locais públicos, e a morte do estudante Alexandre Vannucchi Leme. “A ditadura perseguia o movimento estudantil e ele foi morto e torturado e foi uma luta para a família reaver o seu corpo”, ressaltou.

Educação – Como deputada federal, Iara Bernardi foi relatora e participou da aprovação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica). A vereadora falou sobre a importância do fundo para o financiamento da educação no país, principalmente para municípios com poucos recursos. “Foi a primeira legislação do tipo e agora, após 15 anos, o Fundeb foi reformulado com mais recursos”, disse.

Iara Bernardi também integrou a comissão especial que discutiu e aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE), que implicou em planos estaduais e municipais. “Infelizmente, muitas metas do Plano Nacional que construímos não se concretizam, pois precisa de recursos”, frisou, lembrando que recursos do pré-sal, que deveriam ser investidos em educação e saúde, não foram destinados para essa finalidade. 

Iara Bernardi falou ainda sobre a política de expansão das universidades em todo o país, lembrando que, por seu intermédio, Sorocaba recebeu um campus da UFSCar. “Foi uma luta, pois não havia uma vaga pública sequer para os alunos do ensino superior nessa região”, pontuou, ressaltando que hoje a universidade necessita de uma área para expansão. Ainda como deputada, foi relatora da política de cotas. “A universidade pública é para alunos da rede pública, negros e indígenas, como acontece aqui em Sorocaba”, afirmou.

A vereadora falou ainda sobre a precariedade das escolas municipais, que vêm sofrendo repetidos ataques, com furtos diários. “Estamos cobrando uma atitude mais efetiva das polícias civil e militar e da Guarda Civil Municipal, para garantir a segurança de nossas escolas, e também infraestrutura, para que nossos alunos e profissionais possam retornar em segurança nesse momento de pandemia”, disse.

Iara cobrou ainda rapidez na entrega de cestas básicas para os alunos da rede municipal, na contratação de profissionais de educação e na vacinação dos professores. “A escola pública passa hoje por uma situação bem dramática”, completou.

Defesa das Mulheres – Durante sua trajetória política, a vereadora Iara Bernardi participouativamente da elaboração de políticas públicas de defesa da mulher, tendo composto a bancada feminina da Câmara dos Deputados. “Coordenei a bancada por vários anos e a gente conseguia sensibilizar os deputados, na grande maioria homens, para votar temas que defendiam a mulher brasileira”, afirmou.

Ainda como deputada, apresentou o projeto que veio a se tornar a chamada “Lei do Minuto Seguinte”, que garante atendimento médico imediato a vítimas de abuso sexual, e a lei que Criminaliza o Assédio Sexual. Participou também da comissão especial que criou a “Lei Maria da Penha”. 

Durante a entrevista, a vereadora defendeu a educação sexual nas escolas, como prevenção à violência sexual, aos abusos e mesmo à gravidez na adolescência. Iara reforçou que as maiores vítimas de abuso sexual são crianças pequenas, que, muitas vezes, sofrem violência dentro da própria casa. 

Direitos Humanos – Iara Bernardi também falou sobre sua luta pelos direitos humanos. Ela lembrou que, como deputada federal, foi autora, em 2006, de um projeto de lei prevendo a criminalização da homofobia. Segundo a vereadora, o projeto de lei, que ficou conhecido como “Lei Anti-Homofobia”, ficou paralisado no senado, por pressão de entidades contrárias à legislação. Em 2018, quando o debate chegou ao Supremo Tribunal Federal, o ministro Celso de Mello, em sua decisão favorável à criminalização da LGBTfobia, citou seu projeto.

A vereadora criticou ainda o que chamou de perseguição à sua página na rede social Facebook, que foi retirada do ar por seis vezes. “São ataques de grupos de direita que em massa denunciam meu perfil como sendo falso”, lamentou. “A obrigação máxima do vereador é fiscalizar e é o que eu procuro fazer. E aí, infelizmente, muitas vezes você atrai a incompreensão”, finalizou. 

Transmitida ao vivo pela TV Câmara, a entrevista completa com a vereadora Iara Bernardi (PT) pode ser revista no site do Legislativo.