Carlos Alberto Lazar abordou temas como vacinação de grávidas, segunda dose da vacina e importância coletiva da imunização.
Na noite desta quinta-feira, 13, o médico infectologista e pediatra, Carlos Alberto Lazar, participou do programa “Câmara Convida”, apresentado pela jornalista Carina Rocco, para repercutir o andamento da vacinação contra a Covid-19 em Sorocaba e no país.
Logo na abertura do programa, a coordenadora da TV Câmara falou sobre a apreensão da população após o anúncio, nesta semana, da suspensão da vacinação para grávidas e puérperas com a vacina AstraZeneca/Oxford, por orientação da Anvisa. Segundo o médico, a suspensão é considerada normal em casos suspeitos, como o da gestante que morreu, após receber a vacina. “Não se sabe ainda se foi realmente pela vacina ou se teve alguma outra possibilidade para explicar. Isso também aconteceu com a vacina da Janssen nos EUA, com o problema da trombose. Depois voltou-se com a vacinação”, afirmou.
O médico reforçou que a orientação no momento é que seja utilizada a Coronavac, que utiliza o vírus inativado, nas gestantes e puérperas, até que o caso seja esclarecido. Dr. Lazar destacou ainda que o elevado número de mortes pela Covid-19 entre as gestantes levou à inclusão delas no Plano Nacional de Vacinação. “Realmente é muito cedo para termos uma ideia precisa de todas essas vacinas lançadas de caráter emergencial. Não temos ainda os estudos aprofundados em relação a todas as vacinas”, afirmou, reforçando que, mesmo assim, devido às mortes entre as gestantes, a vacinação é recomendada.
O infectologista também destacou que, em comparação com a Coronavac, a vacina AstraZeneca/Oxford é mais reatogênica, ou seja, é capaz de gerar maiores reações adversas no organismo, entretanto, produz uma imunidade maior que a vacina do Butantan.
A população que acompanhou ao vivo o programa, também pôde enviar suas dúvidas ao Dr. Lazar. Entre as questões levantadas, o médico explicou que as pessoas que já foram infectadas pela Covid-19 também devem se vacinar. “A Sociedade Brasileira de Imunização pede para respeitar um prazo de 30 dias, após a Covid-19. Entretanto isso é apenas uma consideração, não é obrigatório. Não há problema se a pessoa tomar antes essa vacina, porque a gente sabe que em algumas pessoas a imunidade desaparece e ela pode ter uma segunda vez a doença”, explicou.
Sobre o atraso na segunda dose, o médico reforçou que não há problema para a imunização completa do paciente, caso seja ultrapassada a data prevista para a vacinação.
Com relação aos vacinados, o médico também reforçou que não há como precisar o tempo de imunização. “Acredita-se que seja de seis a oito meses que você estaria imune, com uma quantidade de anticorpos suficiente para sua proteção. Entretanto, mesmo com duas doses, nós recomendamos o uso de máscaras, lavagem das mãos e o cuidado com as aglomerações, pois essa certeza nós ainda não temos”, afirmou, lembrando que iremos conviver com a doença por muito tempo ainda.
O infectologista reforçou, durante a entrevista, a importância da vacinação, que ao atingir grande parte da população tende a diminuir drasticamente a circulação do vírus. “Sempre se procurou, desde o começo da pandemia, o efeito rebanho. Ele não aconteceu como se previa, mas, ainda pode acontecer com a vacinação. Se toda a população for vacinada nós diminuímos a transmissão, as internações e os casos graves. As pessoas vão morrer menos, mesmo aquelas com comorbidades. Isso é muito importante”, frisou.
O infectologista falou também sobre a preocupação com o movimento antivacina, que atinge não apenas os envolvidos, mas toda a população. “Quando me vacino, não estou protegendo só a minha casa, mas sim o meu bairro, a minha cidade e meu país. Esse deve ser o pensamento. Como conseguimos acabar com a poliomielite? Não foi com a vacinação? Como conseguimos parar com o sarampo, que quando diminuiu a vacinação, causou muitos problemas, principalmente no norte do pais”, pontuou.
Com relação à possibilidade de uma terceira onda da doença, levantada por especialistas, o médico confirmou que já observa um aumento de casos suspeitos em seu consultório. “Temos a ideia de que estamos melhores, mas não estamos. Inclusive li a respeito de fila para UTI, que voltou em Sorocaba”, disse, ressaltando que, em caso de suspeita, é preciso procurar o médico para acompanhamento. “A doença está bem mais rápida e mais intensa. Nessa segunda onda tivemos muito mais casos, maior número de internações e óbitos, portanto, foi muito pior que a primeira onda, o que é muito preocupante”, reforçou.
Encerrando sua participação no programa, o médico infectologista reforçou as recomendações passadas desde o início da pandemia para à população. “Continuo dizendo que nós podemos evitar usando máscaras, lavando as mãos e evitando aglomerações. Eu volto a enfatizar, não sou só eu, é toda uma coletividade. Eu tenho que me preocupar com todas as pessoas que estão ao meu redor”, concluiu.
O Câmara Convida, que foi exibido ao vivo na TV Câmara e também no Youtube e Facebook, pode ser revisto no site do Legislativo e redes sociais da Casa.