Luta das mulheres, combate ao abuso sexual de crianças e transparência na vacinação contra a Covid-19 foram alguns temas abordados pela vereadora
Fernanda Garcia na TV CâmaraAs lutas das mulheres, da juventude, dos negros e da comunidade LGBT, entre outros segmentos do movimento social, além da violência contra a mulher e sua inserção no mercado de trabalho, bem como a necessidade de transparência na vacinação contra a Covid-19, foram temas da entrevista que a vereadora Fernanda Garcia (PSOL) concedeu ao programa Bate-Papo com Vereadores, da TV Câmara, sob o comando do apresentador Carlos Garbo, na manhã desta quarta-feira, 19.
Filha de um pedreiro e de uma trabalhadora do lar, mais velha de quatro irmãos, Fernanda Garcia nasceu em Sorocaba em 10 de novembro de 1977, formou-se em Letras na Universidade de Sorocaba (Uniso), em 2003, e seguiu carreira no magistério como professora de língua portuguesa. Iniciou sua participação política no movimento estudantil, na luta por passe livre no transporte público municipal. Como moradora do Bairro São Conrado, onde continua residindo, também vivenciou a luta por moradia e melhores condições de vida.
“A participação no movimento estudantil foi essencial na minha formação. É isso que tanto admiro na juventude, essa capacidade de instigar o debate e levar a mudanças na sociedade”, afirma a vereadora, que também foi conselheira do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), considerado o maior sindicato da América Latina. Em decorrência de sua militância nos movimentos sociais e sindicais, sobretudo na luta pela valorização dos professores, conta que foi convencida a se candidatar a vereadora, sendo eleita, em 2016, com 3.882 votos, e reeleita, em 2020, com 4.795 votos, ficando na quinta colocação na Câmara.
Leis aprovadas – Fernanda Garcia (PSOL) lembra que um de seus primeiros projetos aprovados na Câmara Municipal, resultante de uma discussão com os movimentos sociais, foi voltado para o combate à homofobia e resultou na Lei 11.541, de 10 de julho de 2017, que instituiu o “Dia de Luta Contra a Lesbofobia, Homofobia, Bifobia e Transfobia”, a ser realizado, anualmente, no dia 17 de maio, que coincide com a data internacional que celebra o referido tema.
Fernanda Garcia com Carlos Garbo: entrevista à TV CâmaraA vereadora também discorreu sobre as lutas do movimento feminista, observando que, a despeito das muitas conquistas das mulheres, ainda há muitos problemas que precisam ser enfrentados, como a violência contra as mulheres, a desigualdade salarial, a necessidade de igualdade de direitos. “Ainda vivemos numa sociedade patriarcal, em que, além dessas desigualdades, a mulher ainda sofre violência física e psicológica”, afirma a vereadora, que também falou do combate à violência e ao abuso sexual contra crianças e adolescentes.
Ainda em relação às lutas das mulheres, Fernanda Garcia afirma que não se deve caracterizar o feminismo como se fosse a outra face do machismo, pois, no seu entender, o que o feminismo busca é a igualdade, o que o diferencia do machismo. A vereadora defendeu medidas de conscientização da sociedade para mudar paradigmas e evitar que a opressão das mulheres seja internalizada nas práticas cotidianas.
Com o objetivo de enfrentar esses problemas, agindo preventivamente, Fernanda Garcia é autora da Lei 12.301, de 17 de maio de 2021, publicada na terça-feira, 18, no Jornal do Município, que implanta em Sorocaba o Programa “Maria da Penha Vai às Escolas” e a campanha Agosto Lilás. Essa campanha consistirá na realização, durante o mês de agosto, de ações de mobilização, palestras, debates, encontros, panfletagens, eventos e seminários visando à divulgação da Lei Maria da Penha, estendendo-se para o público em geral.
Transparência na vacinação – As denúncias de que tem havido desvio de vacinas no país, com pessoas falsificando dados e valendo-se de outros expedientes para serem vacinadas, mesmo não integrando os grupos prioritários, também preocupa Fernanda Garcia. Em função disso, a vereadora apresentou projeto de lei que garante transparência na aplicação das doses de vacina contra a Covid-19, para que a população possa acompanhar a vacinação, através do Portal da Transparência da Prefeitura Municipal, evitando possíveis desvios.
Fernanda Garcia também falou sobre o Centro de Memória Operária de Sorocaba, que vem sendo liderado pela artista plástica Fernanda Aguilera e o historiador Carlos Cavalheiro, destacando a exposição virtual realizada pelo centro com a reconstituição das lutas e costumes dos operários que ajudaram a construir Sorocaba. “Nessa exposição virtual, há documentos históricos e reconstituição de imagens do operariado de Sorocaba. A história não pode ser contada só por um ângulo; por isso, é fundamental resgatar a luta e o cotidiano dos trabalhadores”, afirma.
A vereadora também questionou o modo como a Escola Cívico-Militar foi implantada em Sorocaba, lembrando que as escolas escolhidas para participar do programa não tiveram o aval do Conselho Municipal de Educação, que não foi consultado. Baseando-se no entendimento de entidades e mães que participaram de uma audiência pública sobre o assunto, a vereadora observa que o programa deveria ser implantado em escolas com perfil de vulnerabilidade social, não em escolas consolidadas, com nota alta no Ideb, como a Escola Matheus Maylasky.
“Felizmente, ontem, a pedido do Ministério Público, a Justiça suspendeu a implantação da Escola Cívico-Militar. Foi uma vitória”, comemora Fernanda Garcia, que discorreu sobre outras questões, como a necessidade de disponibilizar psicólogos para as escolas. Sua entrevista, ficará disponível nas redes sociais da Câmara Municipal.