Participaram do programa o pesquisador Ademir Barros dos Santos e titulares do Conselho da Comunidade Negra e da Coordenadoria da Igualdade Racial
Ademir Barros dos Santos, pesquisadorO racismo estrutural, bem como suas implicações na história e no cotidiano da sociedade, foi o tema, na quarta-feira, 23, do programa Plenário Aberto da TV Câmara de Sorocaba, realizado pela Escola do Legislativo, com o objetivo de abrir espaço para os conselhos municipais discutirem temas importantes para a sociedade. Participaram do programa, conduzido por Paulo Marquez, o presidente do Conselho Municipal de Participação da Comunidade Negra, José Marcos Oliveira; a titular da Coordenadoria de Igualdade Racial da Secretaria da Cidadania, Viviane Taveira; e o coordenador da Câmara de Preservação do Núcleo de Cultura Brasileira (Nucab) da Universidade de Sorocaba, Ademir Barros dos Santos.
Mestre em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (Campus Sorocaba) e autor o livro África: Nossa História, Nossa Gente, o pesquisador Ademir Barros dos Santos discorreu sobre o racismo ao longo da história, começando pela Antiguidade Clássica, entre gregos e romanos, passando pelos judeus e, em seguida, pelos portugueses, que durante o Viviane Taveira, da Coordenadoria de Igualdade Racialperíodo das Grandes Navegações, promoveram o comércio de escravos na África. Para Barros dos Santos, essa história forjou uma “cultura europeia predatória”, que foi transplantada para as Américas, o que, segundo ele, depõe contra a ideia de democracia racial que já imperou no Brasil.
Para o pesquisador, o negro no Brasil foi “preso dentro de sua própria pele”, em função das normas que permitiam até marcá-lo a ferro durante o sistema escravista, e continua vítima de um “navio negreiro social”, que, segundo ele, impedem os descendentes de negros de ascenderem socialmente. Ademir Barros dos Santos discorreu ainda sobre as diferenças entre discriminação e racismo, mostrando que o racismo é quando a discriminação produz efeito social. “Por isso, é difícil falar em racismo reverso, porque para que o José Marcos Oliveira, do Conselho da Comunidade Negraracismo seja exercido é preciso ter o poder de exercê-lo”, explicou, discorrendo também sobre o racismo estrutural, que permeia as instituições.
O presidente do Conselho da Comunidade Negra, José Marcos Oliveira, afirmou que a compreensão do racismo estrutural é importante para rever as situações desfavoráveis ao negro na sociedade, defendendo uma “educação que conte a verdadeira história da África e a história afro-brasileira”. Já Viviane Taveira, da coordenadoria de Igualdade Racial, discorreu sobre as parcerias institucionais desenvolvidas pelo órgão, como a promoção de cursos profissionalizantes, e destacou uma parceria desenvolvida com o Sebrae para dar autonomia financeira às mulheres negras, sobretudo como forma de atravessar esse período de pandemia.
O programa Plenário Aberto ficará disponível no sítio oficial da Câmara de Sorocaba e nas redes sociais da Casa.