O tema foi abordado pela professora Débora Castro, mestre em Comunicação Social pela UnB e professora da Universidade Estadual do Ceará
As redes sociais e seu uso como ferramenta de participação social e política foi o tema do Plenário Educação, realizado pela Escola do Legislativo na tarde de quinta-feira, 8, e transmitido pela TV Câmara. O programa, conduzido por Anderson Santos e Paulo Marquez, contou com a participação da pesquisadora Débora Castro, mestre em Comunicação pela Universidade de Brasília (UnB) e professora da Universidade Estadual do Ceará, com experiência em educação de jovens.
Valendo-se de pensadores como o sociólogo espanhol Manuel Castells (nascido em 1942), formulador da teoria da “sociedade em rede”, na década de 80, Débora Castro analisou o advento das redes sociais como ferramenta de mobilização, desde a eclosão da chamada “Primavera Árabe”, no final de 2010, na Tunísia, que se espalhou por vários países árabes do Norte da África e do Oriente Médio, nos anos seguintes, observando que esses movimentos sociais arregimentados pela Internet chegaram ao Brasil em 2013.
A “sociedade em rede” de Castells, conforme explicou Débora Castro, rompe com o modelo “piramidal” do passado, em que prevalecia a hierarquia nas relações sociais, fazendo emergir um novo modo de ordenação social que se caracteriza pela horizontalidade das relações e tem na comunicação o elemento de ligação entre seus pontos, por meio da mediação da tecnologia.
“Sociedade colaborativa” – A pesquisadora também discorreu sobre a obra do filósofo franco-tunisiano Pierre Lévy (também nascido em 1942), que discute temas como cibercultura, refletindo sobre as comunidades virtuais e a inteligência coletiva que ela propicia, levando a uma sociedade colaborativa. Esse processo culmina com o conceito de Web 2.0, a partir dos anos 2000, cunhado pelo irlandês Tim O'Reilly (nascido em 1954). Apesar disso, Débora Castro observa que, no Brasil, ainda há cerca de 40 milhões de brasileiros que não têm acesso à Internet. “Oitenta e dois por cento dos brasileiros têm conexão, mas isso não significa que tenham acesso efetivo à Internet”, observa.
A pesquisadora apresentou dados mostrando que o brasileiro tem um alto engajamento nas redes sociais, sendo o segundo país do mundo em média de horas por usuário, atrás apenas do México; todavia, quando se trata dos dados de conexão, o Brasil não aparece entre os dez primeiros. “Ainda temos uma defasagem muito grande no Brasil quando se fala em tecnologia de comunicação”, afirmou a pesquisadora, observando que isso ocorre até com a transmissão de sinal de TV para determinados pontos do país.
Débora Castro também discorreu sobre a participação popular nas Cassas Legislativas e disse que a participação da comunidade em audiências públicas, por exemplo, depende do grau de mobilização e explicou que os Legislativos precisam disponibilizar suas atividades pelos meios disponíveis e acessados pela população, como Facebook, por exemplo. Por fim, Débora Souza defendeu mais investimento público em infraestrutura de redes para possibilitar a democratização do acesso à Internet.
O programa, a exemplo dos demais, ficará disponível nas redes sociais da Câmara Municipal, como Facebook e YouTube.