16/07/2021 07h28
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De autoria do vereador Cláudio Sorocaba (PL), presidente da Câmara, a Lei 12.321 nomeia uma rua localizada no Bairro Ipatinga

Milton Santos (1926-2001): geógrafo brasileiro conceituado internacionalmenteA Estrada de George Oetterer, localizada no Bairro Ipatinga, com início na Avenida Elias Maluf e término na Estrada do Ipatinga, passa a se chamar Estrada Milton Santos, em homenagem ao geógrafo brasileiro, conceituado internacionalmente. É o que estabelece a Lei 12.321, de 14 de julho de 2021, de autoria do vereador Cláudio Sorocaba (PL), publicada no Jornal do Município, na quarta-feira, 14. A referida rua é a da escola municipal que também leva o nome do geógrafo brasileiro de importância internacional.

O geógrafo Milton Almeida dos Santos nasceu em Brotas de Macaúbas, na Bahia, em 3 de maio de 1926, filho de professores primários, que foram responsáveis por sua alfabetização. Em 1935, foi cursar o ginásio em Salvador e, aos 15 anos, passou a ministrar aulas particulares de Geografia, por gostar da disciplina. Mas, a conselho dos pais, formou-se em Direito, na Universidade Federal da Bahia, chegando a advogar em Ilhéus. Em Salvador, passou a lecionar em faculdades e tornou-se colaborador do jornal A Tarde

Doutorado na França – Em meados da década de 50, doutorou-se em Geografia na Universidade de Estrasburgo, na França. De volta ao Brasil, tornou-se professor catedrático na Universidade da Bahia, onde fundou o Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais. Foi diretor da Imprensa Oficial e secretário de Planejamento da Bahia. Posteriormente, foi subchefe da Casa Civil do governo João Goulart. Em 1964, com o advento do regime militar, ficou 100 dias preso, ainda que sem acusação formal, deixando o país ao sair da prisão.

Construiu uma sólida carreira no exterior, lecionando e realizando pesquisas em instituições como a Sorbonne, em Paris, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, a Universidade de Colúmbia, em Nova York, além de Toronto, no Canadá, Politécnica de Lima, no Peru, Dar-es-Salaam, na Tanzânia, e Caracas, na Venezuela. Prestou consultoria sobre problemas urbanos para a ONU e para governos da Argélia e Guiné-Bissau, além de integrar o conselho editorial de revistas científicas.

Cláudio Sorocaba, presidente da Câmara: autor da lei que homenageia Milton SantosObras principais – Ao retornar ao Brasil, em 1977, não conseguiu emprego em universidade, apesar do prestígio internacional e trabalhou como consultor de planejamento do governo paulista. Somente com o aprofundamento da abertura política, em 1979, recebeu convite para lecionar na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1984, através de concurso público, tornou-se professor da Universidade de São Paulo (USP). Foi autor de mais de 30 livros, muitos deles traduzidos em vários países, dois quais se destacam O Espaço Dividido, que trata da economia urbana dos países subdesenvolvidos, e Por uma Geografia Nova, ambos publicados em 1978.

Milton Santos, como geógrafo, foi responsável por desenvolver novas compreensões de conceitos como espaço geográfico, lugar, paisagem e região. Ao longo de sua carreira, recebeu o título de Doutor Honoris Causa em 20 universidades nacionais e internacionais e ganhou o Prêmio Vautrin Lud de 1994, considerado o “Nobel da Geografia” e instituído pelo Gymnase Vosgien, uma instituição cultural e científica criada por volta de 1500 por Vautrin Lud (1448-1527), na cidade de Saint-Dié-des-Vosges, na França. Milton Santos foi o primeiro e único geógrafo da América Latina a receber o prêmio. 

Questões raciais – Além disso, como homem negro inserido em uma intelectualidade predominantemente branca, Milton Santos discutiu o preconceito racial em vários artigos e entrevistas. Em artigo na Folha de S. Paulo, em 7 de maio de 2000, afirmou: “No caso do Brasil, a marca predominante é a ambivalência com que a sociedade branca dominante reage, quando o tema é a existência, no país, de um problema negro”. Milton Santos morreu em São Paulo, em 24 de junho de 2001, aos 75 anos, vítima de câncer na próstata, que havia sido diagnosticado sete anos antes.

Ainda na justificativa do projeto de lei, o vereador Cláudio Sorocaba afirma: “Dessa forma, indicamos o nome do professor Milton Santos para denominar a rua da escola que também leva seu nome, a Escola Municipal Prof. Milton Santos, da qual é patrono, reconhecendo e valorizando o seu legado e sua contribuição para os estudos e reflexões dos estudantes, o protagonismo e o engajamento nas causas sociais, buscando a possibilidade de novas relações entre as pessoas e os povos, com mais igualdade e menos injustiças”.