04/09/2021 14h19
atualizado em: 04/09/2021 14h40
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Além da vereadora, o debate contou com especialistas no assunto: a arquiteta Ariane Pini e o jornalista Fernando Moraes

A crise hídrica em Sorocaba e região foi tema do programa “Câmara Debate”, da TV Câmara, no final da tarde de sexta-feira, 3, por iniciativa da vereadora Fernanda Garcia (PSOL), que propôs um ciclo de debate semanais sobre o tema, envolvendo especialistas, que irá culminar com a realização de uma audiência pública no dia 24 de setembro.

O primeiro debate da série, além da vereadora Fernanda Garcia, contou com a participação da arquiteta Ariane Pini, integrante do Instituto dos Arquitetos do Brasil e do Conselho Municipal do Meio Ambiente, e do jornalista Fernando Moraes, especialista em relações públicas e comunicação organizacional e representante da organização não governamental SOS Itupararanga, que atua há mais de 20 anos. O programa foi conduzido pela vereadora juntamente com o cerimonialista Paulo Marquez.

Volume da represa – Segundo Fernando Moraes, o volume de água da represa de Itupararanga é de 812,2 metros, enquanto o volume mínimo para trabalho é de 817,5 metros, sendo que, a cada semana, perde-se cerca de 10 centímetros da represa. “Ou seja, a situação chegou num nível muito crítico e estamos na iminência, questão de um ou dois meses, para a represa chegar no volume morto, que começa em 807 metros e significa uma água de má qualidade, com excesso de fósforo, de ferro e diversas toxinas”, explica, acrescentando que foi reduzida a vazão para produção de energia elétrica, mas essas providências ainda não são suficientes.

A arquiteta Ariane Pini contou que a Secretaria do Meio Ambiente, desde junho, colocou em debate a questão da economia de água, nas reuniões com o Conselho do Meio Ambiente, mas afirma que falta mais comunicação e campanhas por parte da Prefeitura de Sorocaba a respeito da questão. “O volume morto é lodo e já está faltando água. Nas cidades de Itu e Salto já está havendo racionamento. E na cidade de Valinhos, na região de Campinas, já está havendo racionamento de água de 18 horas por dia”, alerta.

Consumo de água – Segundo dados apresentados por Ariane Pini, o consumo de água no Brasil (em torno de 1.200 metros cúbicos de água por segundo) concentra-se no agronegócio (78%), seguido pela indústria (10%), cabendo aos centros urbanos em torno de 9% do consumo. Para a arquiteta, é preciso buscar meios alternativos de redução do consumo de água, como os chamados “jardins de chuva”, que podem captar a água da chuva e levá-la para os mananciais. “As inundações são motivadas pela falta de espaços permeáveis na cidade”, observa.

Ariane Pini recomendou o reuso de água para descarga dos vasos sanitários, inclusive da máquina de lavar, caso a casa não disponha de um sistema de reuso instalado, e sugeriu que se adote a prática de armazenamento de água, por meio da captação de água da chuva. “Essas ações não são para ser feitas hoje, já deviam ter sido feitas ontem”, enfatizou, acrescentando que essas medidas são uma forma de ajudar a natureza a se restabelecer. No caso de apartamentos, em que não há espaço para armazenamento, a arquiteta defendeu que, em comum acordo com os demais condôminos, se busque utilizar um espaço comum, como uma garagem não ocupada para armazenar essa água em algum recipiente.

Meio ambiente – A pedido da vereadora Fernanda Garcia, Fernando Moraes falou sobre os problemas ambientais que envolvem a represa de Itupararanga, como a questão das plantações em suas imediações, inclusive plantação de soja, o que, segundo ele, significa que há um volume de água sendo captado para esse tipo de produção que não é devidamente mensurado. “Para produzir um quilo de soja são necessários 1,8 mil litro de água e para produzir um quilo de carne são necessários 15,5 mil litros de água”, observa o jornalista.

Fernando Moraes defendeu medidas de curto prazo para enfrentar a crise hídrica, como campanhas de conscientização sobre a necessidade de economia de água, e ações de longo prazo, como o aprofundamento da educação ambiental desde a infância para que as novas gerações já cresçam com a consciência de que é fundamental economizar água. Por sua vez, Ariane Pini defendeu também a revisão do modo de vida das pessoas, inclusive a mudança dos hábitos alimentares, como forma de se reduzir o excesso de consumo.

Ao final do programa, a vereadora Fernanda Garcia se comprometeu a continuar debatendo a crise hídrica com diversos especialistas, por meio do ciclo de debates já programado. “Nós desejamos, realmente, uma outra sociedade, que tenha água em abundância e de qualidade para toda a população e não só para quem tem condições de ter um reservatório”, destacou a vereadora. O programa ficará disponível nas redes sociais da Casa.