Duas representantes do coletivo, que faz campanhas de distribuição de preservativos, e a vereadora abordaram o assunto no programa “Radar Cidadão”
A precariedade menstrual, que ser refere à falta de condições de muitas mulheres brasileiras para adquirir produtos destinados a sua higiene menstrual, foi tema do programa “Radar Cidadão”, da Rádio Câmara, na manhã desta quarta-feira, 3. A vereadora Iara Bernardi (PT), juntamente com as estudantes Isabela Mariano e Júlia Cristina dos Santos, que cursam Geografia na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e integram o Coletivo Luas, abordaram o assunto durante o programa, conduzido por Priscilla Radighieri.
Iara Bernardi observou que a “precariedade menstrual” ganhou visibilidade durante a pandemia, o que motivou a apresentação de dois projetos de lei na Câmara Municipal, um de sua autoria e outro da vereadora Fernanda Garcia (PSOL), tratando do assunto. O Projeto de Lei 208/2021, de Iara Bernardi, institui o Programa Municipal de Combate à Precariedade Menstrual e aguarda manifestação do Executivo. Já o Projeto de Lei 198/2021, de Fernanda Garcia, institui Programa de Conscientização sobre a Menstruação. Ambos preveem a distribuição gratuita de absorventes para estudantes que os solicitarem.
Isabela Mariano, que é caloura da UFSCar, conta que tomou conhecimento sobre a questão da pobreza menstrual ao se deparar com a notícia sobre distribuição de preservativos no Rio de Janeiro. “Fiquei chocada, pois não conhecia essa realidade. Então, pesquisei sobre o assunto, e vi que não era só sobre absorvente, mas sobre falta de utensílios de higiene nas casas e nas escolas. Então, entrei em contato com minhas colegas veteranas e decidimos criar o coletivo. Hoje, somos 15 meninas e buscamos arrecadar absorventes para cerca de 400 mulheres”, conta. Os kits com absorventes e produtos de higiene estão sendo distribuídos pelo Coletivo Luas numa comunidade situada entre Votorantim e Sorocaba. No Instagram, basta digitar @coletivoluas para conhecer a campanha.
Júlia Cristiana dos Santos explicou que o coletivo aceita preservativos e outros materiais de higiene, mas também recursos para adquirir esses produtos, por meio de parcerias. “A ideia é montar kits de produtos higiênicos femininos, como absorvente, sabonete, calcinha e papel higiênico”, explica. Além de arrecadar produtos, o coletivo aceita doações através do Pix e promove rifas, entre outras atividades, para arrecadar recursos para a compra dos produtos. O coletivo também trabalha com absorvente ecológico, lavável.
Política pública – Segundo Júlia Cristina, suas avós contam que sofreram com a pobreza menstrual, usando toalhas e até jornal. Segundo elas, ainda há mulheres que, por falta de condições de adquirir absorvente, ainda usam papal higiênicos e outros materiais. Já Iara Bernardi lembrou que, no passado, esse assunto era tabu, uma vez que muitas mães sequer dispunham de informações para orientar suas filhas, e ressaltou a importância da educação sexual nas escolas. A vereadora também destacou o papel da UFSCar, como universidade pública, no desenvolvimento desse tipo de programa social.
A vereadora também destacou que os projetos de lei de sua autoria e de Fernanda Garcia têm como objetivo tratar a questão como política pública nas Unidades Básicas de Saúde e nas escolas municipais. “Essa proposta foi para a manifestação do prefeito, porque gera despesa e não pode ser da iniciativa do Legislativo, mas vamos insistir para que essa política pública seja encampada e implantada”, afirma Iara Bernardi, observando que as meninas estão engravidando mais cedo e há meninas do ensino fundamental que já estão menstruando.
Iara Bernardi observou que seu projeto de lei prevê a realização de “campanhas conjuntas que desenvolvam a educação integral em sexualidade, incluindo a educação menstrual, para que as pessoas que menstruam conheçam seus próprios corpos e ciclos menstruais e combatam a tabus e preconceitos”. Para a vereadora essas campanhas são fundamentais para prevenir gravidez precoce, bem como abusos e violência. A vereadora também enfatizou que, por falta de absorvente, a menina ou a mulher pode deixar de exercer atividades essenciais como estudar e trabalhar. E cobrou agilidade da Prefeitura para implantar uma política pública municipal sobre o tema.