No programa “Bate-Papo com os Vereadores”, a parlamentar também cobrou a manutenção das escolas municipais, entre outras questões
A necessidade de manutenção das escolas municipais, a defesa de programas de moradia para famílias vulneráveis e as comemorações e lutas relativas ao Dia Internacional da Mulher, foram algumas das questões abordadas pela vereadora Iara Bernardi (PT) em entrevista ao “Bate-Papo com os Vereadores”, da TV Câmara, na manhã desta segunda-feira, 14. No programa conduzido por Carlos Garbo, a vereadora também falou de projetos de sua autoria, como o programa que trata da “logística reversa de embalagens”, bem como fez a defesa da criação de parques no município, entre outras ações.
A crise hídrica é um dos motivos de preocupação por parte da vereadora Iara Bernardi, que defende a preservação de nascentes, por meio da criação de parques, bem como critica a impermeabilização do solo motivada pela urbanização intensa em áreas que, no seu entender, deveriam estar sendo preservadas, inclusive para evitar enchentes, como as que ocorreram no último final de semana. Como exemplo, Iara Bernardi defendeu a criação de um parque na parte alta do Campolim, visando à preservação de nascentes, objeto de um projeto de lei de sua autoria, que homenageia João de Camargo.
A vereadora criticou a não participação do prefeito Rodrigo Manga nas reuniões do Comitê de Bacia do Rio Sorocaba, afirmando que, em relação à crise hídrica, a atitude da Prefeitura Municipal foi ‘negacionista’. “A crise hídrica não foi uma surpresa, mas um alerta presente há mais de dois anos. O fator limitante do crescimento de Sorocaba é a água. É preciso fazer um estudo sobre os nossos recursos hídricos e até onde a cidade pode crescer, tanto para se prever a questão do racionamento, quando chove menos, mas também para evitar enchentes, como vimos agora”, explica.
Saúde básica – Para Iara Bernardi, “a questão mais dramática da administração municipal é a saúde”. A vereadora cobrou a construção de mais Unidades Básicas de Saúde, lamentando que se tenha criado na cidade, segundo ela a “cultura do PA”, em que a pessoa é atendida rapidamente no Pronto-Atendimento, mas não tem o devido acompanhamento. “Tivemos um crescimento dos partos de alto risco. Por que isso ocorre? Porque o pré-natal não foi feito. Isso pode trazer problemas de má-formação para a crianças. Por isso que a Unidade Básica de Saúde é importante, para que a família, sendo acompanhada devidamente, não precise depois do hospital”, argumenta.
A vereadora criticou o processo de terceirização na saúde, observando que há uma leva de empresas privadas que entram em licitações em Sorocaba, para dirigir as unidades de Pronto-Atendimento, mas deixam uma série de problemas, como a falta de pagamento dos profissionais. A exceção, para Iara Bernardi, é o PA da Zona Leste, “cuidado pela Santa Casa com eficiência e o maior carinho pelos pacientes”. A vereadora também cobrou mais fiscalização do contrato com os vigiais nas escolas, medida que reputa como muito importante, mas que, no seu entender, precisa do devido acompanhamento para evitar problemas trabalhistas.
Logística reversa – Iara Bernardi também falou sobre o Projeto de Lei nº 383/2019, de sua autoria, que institui o Sistema de Logística Reversa de Embalagens e Resíduos de Embalagens, tendo como parâmetro o Acordo Setorial Nacional, em vigor desde 2010. O projeto estabelece que caberá às empresas que produzem, importam ou comercializam embalagens ou produtos embalados em Sorocaba o financiamento, a implantação e a operacionalização do referido sistema, prioritariamente em parceria com cooperativas e associações de catadores de materiais recicláveis, para fomentar a geração de empregos. “A empresa que produziu um determinado produto tem de ajudar a recolher os resíduos quando ele for descartado. O planeta pede isso”, enfatizou, ressaltando que sua proposta também gera empregos.
Autora de um projeto de lei que institui em Sorocaba o “Dia da Favela e da Luta por Moradia Digna”, Iara Bernardi enfatizou que sempre gostou de atuar na era de moradia, sendo inclusive integrante da Comissão de Habitação e Regularização Fundiária da Câmara. A vereadora lembrou que Sorocaba tem 38 favelas e criticou o programa habitacional do governo Rodrigo Manga por não atender essa população mais vulnerável. “Não há mais um programa habitacional para as famílias que ganham até três salários mínimos. A Prefeitura deveria estar atendendo justamente essas famílias e não aquelas que o mercado imobiliário já atende”, enfatiza.
Educação e mulheres – Iara Bernardi vem realizando várias visitas a escolas municipais e conta que algumas escolas reiniciaram as aulas ainda em situação precária. No seu entender, muitos anúncios do prefeito para a educação ainda não foram cumpridos; disse também que a reformas e manutenções já deveriam ter sido feitas no ano passado, quando as escolas estavam fechadas. “As coisas não estão acontecendo no ritmo em que o prefeito anuncia”, afirma, citando como exemplo os uniformes, que ainda não chegaram. A vereadora também defendeu uma melhor estrutura de trabalho para o Conselho Tutelar.
Em face do Dia Internacional da Mulher, celebrado pela Câmara Municipal na semana passada, Iara Bernardi também falou das lutas e conquistas das mulheres, observando que as mulheres ainda enfrentam diferenças salariais em relação ao homem, assédio no trabalho, violência doméstica e feminicídio. Para fazer frente a esses problemas, a vereadora defende a ampliação do espaço da mulher na vida pública. “Num ano eleitoral, é importante frisar que precisamos de mais mulheres nos espaços de poder. Em toda história da Câmara de Sorocaba, por exemplo, tivemos apenas oito mulheres exercendo mandato de vereadoras”, afirma, destacando o tema da “precariedade menstrual”, discutido em audiência pública na Câmara e objeto de dois projetos de lei, um de sua autoria e outro de Fernanda Garcia (PSOL).
Por fim, a vereadora Iara Bernardi também abordou a pandemia de coronavírus, ressaltou a importância da vacinação para a queda de casos graves e óbitos e defendeu o passaporte sanitário bem como a continuidade de máscara em locais fechados. E lembrou o jornalista André Canevalle Rezende, que, por sua inciativa, com aprovação dos demais vereadores, nomeou o espaço de imprensa da Câmara. Canevalle morreu em 2021, aos 35 anos, vítima da Covid-19. A entrevista da vereadora está disponível nas redes sociais da Casa.