Novo maestro da Orquestra Sinfônica de Sorocaba fala dos projetos da orquestra na Rádio Câmara

Novo regente titular da Orquestra Sinfônica de Sorocaba, o maestro Eduardo Pereira, que assumiu o posto em janeiro último, foi o entrevistado do programa “Manhã Câmara”, da Rádio Câmara, na manhã desta sexta-feira, 25. Ele substituiu o maestro Eduardo Ostergren, que esteve à frente da orquestra por mais de dez anos. No programa conduzido por Priscilla Radighieri e Marcelo Araújo, o maestro também falou sobre sua trajetória musical e sobre a temporada da orquestra para 2022, entre outros assuntos.

Mestre em Regência Orquestral pelo Instituto de Artes da Unicamp, Eduardo Pereira está fazendo Doutorado em Regência na mesma instituição, sob a orientação do professor e maestro Eduardo Ostergren. Seu primeiro contato com a música se deu aos sete anos, na fanfarra de uma escola da periferia de São Paulo, e, por incentivo do maestro da fanfarra, começou a estudar trompete, aos dez anos, na Universidade Livre de Música, hoje vinculada ao Centro Tom Jobim. “Por isso, eu acho esses projetos socioculturais gratuitos de extrema importância, especialmente para um público de baixa renda. Eu tive oportunidades através desses projetos”, conta o músico, que também cursou MBA em Gestão Estratégica na Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP).

Eduardo Pereira já se apresentou com diversas orquestras, entre elas, Orquestra Sinfônica Brasileira, Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Orquestra Sinfônica da USP, Orquestra Sinfônica de Campinas, Orquestra Sinfônica de Santo André, Banda Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo e Orquestra de Sopros Brasileira. Também foi maestro, em turnês pelo Brasil, do grupo vocal Il Divo e do tenor italiano Emanuele Servidio. Foi diretor da Banda Sinfônica do Exército Brasileiro e dirigiu vários espetáculos e musicais, na confluência da música erudita com a música popular, inclusive especiais de Natal da Rede Vida.

Excelência musical – “Sorocaba é uma das cidades mais importantes do Estado de São Paulo e mantém uma orquestra sinfônica há quase 70 anos, abrigada num dos prédios históricos da cidade. E teve como maestro, entre outros, o maestro Eduardo Ostergren, responsável por uma revolução que trouxe para Sorocaba a excelência musical, em várias vertentes, não só com repertório sinfônico. Ele é professor na Unicamp e é meu professor também, no doutorado”, conta Eduardo Pereira, acrescentando que ser depositário da confiança de Ostergren, que indicou o seu nome à Fundec, é uma grande reponsabilidade.

O maestro Eduardo Pereira também é coordenador pedagógico do Projeto “Solar Musical”, financiado pelo Proac (Programa de Ação Cultural) do Governo do Estado e que atende crianças de baixa renda nas cidades de Paraguaçu Paulista, Iepê e Narandiba, próximas à fronteira com o Paraná. “Esse projeto atende cerca de 600 alunos, com aulas regulares semanais de instrumentos”, afirma o maestro. Segundo ele, além da música clássica, o projeto busca reconhecer a diversidade cultural, valorizando a identidade de cada aluno e dialogando com outros gêneros musicais. “Apresentamos de tudo um pouco para os alunos. Há coisas esteticamente boas e esteticamente questionáveis em todos os estilos”, afirma.

O maestro defendeu que a música deve ser parte integrante da educação das crianças e adolescentes, seja dentro do currículo regular ou no currículo complementar. Citou como exemplo a cidade de Mogi das Cruzes, em Minas Gerais, que oferece aulas de música, de canto e diversos instrumentos, para mais de 12 mil alunos, contando com 75 professores. Além disso, conta com práticas de conjunto, como orquestras, bandas, corais, entre outros, abrangendo quase a totalidade das escolas municipais. Para ele, a Fundec desenvolve um trabalho educacional semelhante em Sorocaba, através da formação que oferece através do Instituto Municipal de Música, desde a iniciação musical, passando pelas formações musicais de bandas e outros grupos, até chegar na profissionalização do músico através da orquestra.

Importância econômica – O maestro também discorreu sobre a importância econômica de uma orquestra sinfônica: “Uma orquestra sinfônica é uma grande geradora de empregos. Em que pese ter um custo, ela é responsável por girar uma cadeia gigantesca da economia criativa, inclusive trabalhadores não diretamente ligados à música, além do comércio no entorno do teatro, por exemplo”, afirma. 

Por fim, o maestro adiantou que a programação da Orquestra Sinfônica de Sorocaba para 2022 já está fechada, com concertos todos os meses. Em abril próximo, estão programados três concertos, dois na Sala Fundec (nos dias 14 e 21) e o concerto de estreia da Orquestra Sinfônica de Sorocaba no palco da Sala São Paulo, no dia 24 de abril. Eduardo Pereira também irá participar da abertura do “Rock in Rio”, em 2 de setembro, regendo a Orquestra Sinfônica Brasileira junto com a Banda Sepultura. A entrevista do maestro está disponível nas redes sociais da Casa.