20/04/2022 10h01
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Realizado por iniciativa da vereadora Fernanda Garcia (PSOL), o evento contou com a participação de diversos grupos de escoteiros

Em comemoração à Semana do Escoteiro, a Câmara Municipal de Sorocaba realizou audiência pública na noite de terça-feira, 19, quando foram apresentados diversos aspectos atuais e históricos do Movimento Escoteiro, fundado em 1907, na Inglaterra, pelo militar britânico Robert Stephenson Smyth Baden-Powell (1857-1941), com o objetivo de estimular nos jovens valores como camaradagem, iniciativa, coragem e autodisciplina. A iniciativa do evento foi da vereadora Fernanda Garcia (PSOL), presidente da Comissão dos Direitos da Criança, Adolescente e Juventude da Câmara, e contou com a participação de representantes de diversos grupos de escoteiros de Sorocaba e região.

Além de Fernanda Garcia, que presidiu a audiência, a mesa dos trabalhos foi composta pelas seguintes autoridades: diretor-presidente da Região São Paulo dos Escoteiros, Rodrigo Ramos de Freitas; Maurícia Caldeira, comissária do 40º Distrito Escoteiro Lis do Interior; e Cláudio Lara, comissário do 20º Distrito Escoteiro de Sorocaba. Após a execução do Hino Nacional, houve a saudação às bandeiras pelos jovens Maria Júlia (Bandeira do Brasil), Igor (Bandeira de São Paulo) e Eduarda (Bandeira de Sorocaba). Foi apresentado um vídeo explicativo sobre o Movimento Escoteiro, tratando de sua proposta educativa, centrada no conceito de autoeducação, alicerçada em cinco princípios: Lei e Promessa Escoteira; Aprender Fazendo; Vida em Equipe, Atividades Progressivas e Desenvolvimento Pessoal.

Também estiveram presentes representantes de outros grupos de escoteiros: Grupo Escoteiro Agnes Baden Power (Alexandre Gutierrez); 20º Distrito Escoteiro de Sorocaba (Claudinei dos Santos); Sorocaba Oeste (Eliandro Batista de Campos); Itupararanga (Elisângela Stephanie); Recoe (Eloísio Bueno); Terra Rasgada (Jeferson Bertacini); 40º Distrito Escoteiro LIS do Interior (João Augusto Corrêa); Monte Serrat (Michelle Reis Aparecida Gomes); 20º Distrito Escoteiro de Sorocaba (Randal Juliano); Itupararanga (Renato Saito); Santana (Tsurue Manabe Teixeira); Grupo Escoteiro do Ar (Valéria dos Santos); Ipanema (Vítor Elias dos Santos Gabriel); Vuturaty (Wagner Maria Mendes); Ipanema (Maria Clara Suarez) e Tropeiro (Roberta Muller).

História do movimento – O Movimento Escoteiro se divide nos seguintes ramos: Lobinho (de 6,5 a 10 anos); Escoteiro (de 11 a 14 anos); Sênior (de 15 a 17 anos); e Pioneiro (de 18 a 21 anos). Ressaltando que, em 23 de abril, é comemorado o Dia Mundial do Escotismo, Fernanda Garcia lembrou que o início do movimento no Brasil data da primeira década do Século XX, resultando na criação da União dos Escoteiros do Brasil (UEB) em 1924. “Isso significa que o Movimento Escoteiro já tem muita história de trabalho na comunidade, de discussão de valores, daí a importância de trazer um pouco dessa história para uma audiência pública, para que as pessoas possam conhecer melhor os valores e objetivos dos escoteiros, bem como seus desafios”, afirmou a vereadora. 

Comissária do 40º Distrito Escoteiro Lis do Interior, que representa oito grupos (quatro de Sorocaba, dois de Votorantim, um Araçoiaba da Serra e um de Salto de Pirapora), Maurícia Caldeira falou sobre a história do escotismo em Sorocaba, cujo registro mais antigo data de 1919, num livro assinado por George Oeterer. O escotismo foi instalado em 1922 na Escola Antônio Padilha. Na época, os grupos eram chamados de “Tribos Escoteiras” e realizaram acampamentos na Estrada do Tanque Velho, onde atualmente é a Avenida Barão de Tatuí. “Em Sorocaba, o escotismo já começou misto. Havia homens e mulheres escoteiras que viviam com respeito e fraternidade”, contou Maurícia Caldeira, discorrendo sobre os vários grupos de escoteiros de Sorocaba.

Ação pela paz – O diretor-presidente da Região São Paulo dos Escoteiros, Rodrigo Ramos de Freitas, enfatizou: “O escotismo teve início na vida militar e se tornou um dos maiores movimentos de paz do mundo. Os escoteiros são construtores de um mundo melhor e o movimento está em pleno crescimento. Em São Paulo, temos cerca de 20 mil associados no Movimento Escoteiro”, contou. Por sua vez, Cláudio Lara, do 20º Distrito Escoteiro, afirmou: “O escotismo para nós é algo engrandecedor. Reúne uma gama de pessoas que têm personalidades e qualificações diferentes, mas têm o mesmo ideal”.

João Augusto Correia, do 40º Distrito Escoteiro Lis do Interior, observou que “muitos médicos, advogados e professores, entre outros profissionais, passaram pelo Movimento Escoteiro e prometeram servir aos mesmos ideais do compromisso para com Deus, para com a pátria, para com o próximo”. Explicou que o 20º Distrito de Sorocaba possui sete grupos de escoteiros: Baltazar Fernandes, Tropeiros, Albino Bueno de Camargo, Sorocaba Oeste, Tobias de Aguiar, Terra rasgada e Monte Serrat. Já o 40º Distrito Escoteiro Lis do Interior é composto, em Sorocaba, pelos grupos Santana, Ipanema, Recue, Agnes Baden Power; em Votorantim, pelo Votoraty e Itupararanga; em Salto de Pirapora, pelo Salto do Peixe; e pelo Peabiru em Araçoiaba da Serra.

Espaços públicos – Randal Juliano, do 20º Distrito Escoteiro de Sorocaba, disse que o movimento precisa de mais visibilidade. “Para retomar todos os associados que tínhamos antes da pandemia e crescer ainda mais, precisamos de uma força. Dentro do movimento escoteiro, não há nenhuma questão partidária, mas o escotismo envolve questões políticas, questões democráticas, por isso, é importante que os jovens conheçam a Câmara, conhecem a Prefeitura. Para que possam desenvolver suas atividades, os grupos de escoteiros precisam de espaço, com um mínimo de estrutura. Nós temos condição de reunir as tropas escoteiras. A Prefeitura nos prometeu que sairia uma lista dos espaços onde poderiam ser realizados eventos dos escoteiros, mas já se já passou um ano e não foi disponibilizado isso. Então, pedimos encarecidamente que alguns locais públicos sejam disponibilizados para os escoteiros”, reivindicou.

O chefe Eloísio Bueno do Grupo Recoe, contou que iniciou-se no Movimento Escoteiro em março de 1966, com 16 anos, em Minas Gerais. Em 1968, já em Sorocaba, com o apoio do bispo local, criou diversos grupos escoteiros. “De um grupo de escoteiro que tínhamos em 68, hoje temos aproximadamente 40 grupos escoteiros em Sorocaba. Isso é muito importante para a nossa comunidade” – enfatizou. O pioneiro Robert Gabrie, por sua vez, disse que o objetivo dos escoteiros é “ajudar o próximo”.

Na mesma linha, o professor Henrique Miranda, que leciona História, lembrou do caso do escoteiro Caio Martins, que, na primeira metade do Século XX, sofreu um acidente ferroviário e, mesmo ferido, cuidou do resgate de vários outras pessoas próximas, “levando dentro da alma, dentro do coração, o melhor espírito de servir ao próximo”. Também discorreu sobre o papel político de alguns escoteiros, que participaram da luta pela democracia, durante as ditaduras de Getúlio Vargas e do regime militar de 1964. 

Escotismo inclusivo – Lúcia Gutierrez classificou o escotismo como inclusivo: “Meu filho, que é autista, foi recebido no escotismo e está no grupo há sete anos. No início, ele queria desistir, mas os chefes não deixaram. O ganho que ele teve nesse período foi muito grande, não tem preço, não há dinheiro que pague essa irmandade, essa ajuda que temos uns dos outros”. 

A guia Maria Júlia ressaltou a importância do movimento em sua formação: “O escotismo realmente me transformou. O Movimento Escoteiro permite que os jovens se desafiem a cada dia. Não formamos apenas laços de amizades, criamos, de fato, irmãos para a vida inteira. E Vitor Gabriel disse que “o método escoteiro proporciona um complemento organizado ao aprendizado da vida”, destacando que, “como não é possível aprender somente na escola ou somente com os pais, é preciso aprender a viver em sociedade e o Movimento Escoteiro proporciona isso”. Também o jovem Lionel ressaltou o papel do escotismo em seu desenvolvimento pessoal.

Ao longo da audiência pública, vários participantes que fizeram uso da palavra ressaltaram a necessidade de apoio do poder público para que possam desenvolver suas atividades escoteiras, sobretudo no que diz respeito ao uso de espaços públicos, com um mínimo de estrutura, por parte do movimento. A vereadora Fernanda Garcia, no final dos trabalhos, ressaltou que foi esse um dos propósitos da audiência pública: “Nosso objetivo foi dar visibilidade à importância de ser escoteiro, mas também enfatizar a necessidade de apoio do poder público ao movimento” – enfatizou, lembrando que a Câmara Municipal, por meio de seus veículos de comunicação, está aberta ao movimento.

A audiência pública foi transmitida ao vivo pela TV Câmara (Canal 31.3; Canal 4 da NET e Canal 9 da Vivo Fibra) e está disponível no portal da Câmara Municipal de Sorocaba na Internet e nas redes sociais da Casa.