05/05/2022 11h02
atualizado em: 05/05/2022 11h15
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Por iniciativa do vereador Ítalo Moreira (PSC), a audiência discutiu o tema com a participação de especialistas e munícipes

A compostagem como forma de promover o descarte adequado dos resíduos sólidos orgânicos, mediante seu aproveitamento, foi tema de audiência pública da Câmara Municipal de Sorocaba, realizada na noite de quarta-feira, 4. A iniciativa foi do vereador Ítalo Moreira (PSC), que presidiu a audiência e dividiu a mesa dos trabalhos com as seguintes autoridades: secretário do Meio Ambiente, Edson Thiago Santoro Alves, representando o prefeito Rodrigo Manga; Felipe Pedrazzi, do Coletivo Lixo Zero Sorocaba e da Associação Brasileira de Compostagem, um dos palestrantes do evento; Thiago Aguiar Cacuro, da Força Orgânica e Associação Brasileira de Compostagem, também palestrante na audiência; e Ísis Costa, presidente da Associação de Moradores do Jardim Brasilândia, que também relatou sua experiência com compostagem.

Participaram virtualmente da audiência pública outros integrantes da Associação Brasileira de Compostagem: Everton Alex Rodrigues dos Santos, Lara Teixeira Laranjo, Tatiana Alvarez Vianna e Marina Sierra de Camargo. Na mesa estendida, estiveram presentes: Danielle Moura, do Coletivo Lixo Zero Sorocaba; Antônio Carlos Magne e Célia Magne; Eduir Braz Pereira, da Associação Amigos de Bairro do Santa Rosália; Paulo Gianola; José Antônio Ribas, da Etec Prof. Elias Miguel Júnior, de Votorantim, acompanhado de alunos da instituição; e Alas Henrique Aro, diretor do Meio Ambiente de Araçoiaba da Serra. Participaram da audiência os alunos da turma de Logística da Etec: Guilherme Henrique de Souza Silva, Juliana Vicente dos Santos, Leonardo Oliveira, Bernardo, Luiz Henrique Paes Vaz, Miguel Barba Neto e Victor de Araújo Abreu.

Geração de receita – Na abertura dos trabalhos, o vereador Ítalo Moreira observou que, hoje, o lixo produzido em Sorocaba é praticamente destinado todo ao aterro sanitário. “Estamos perdendo riqueza, uma vez que esses resíduos poderiam gerar receita para o município. A rigor, não são resíduos, mas matérias-primas para a fabricação de diversos produtos, inclusive poderiam ser usados na compostagem para agricultura”, afirmou, ressaltando que o objetivo da audiência é buscar sugestões de aproveitamento do lixo, através da compostagem e de outros métodos, para que Sorocaba chegue muito próximo do “lixo zero”.

Graduado em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade de Taubaté e pós-graduado em Direito Ambiental pela Faculdade Ibra (Instituto Brasil de Ensino), o secretário de Meio Ambiente, Edson Thiago Santoro,disse que a Secretaria de Meio Ambiente pretende voltar a atuar com muita força em ações de educação ambiental visando a separação e descarte de resíduos de forma correta.

Experiências de compostagem – Thiago Cacuro, da Força Orgânica e Associação Brasileira de Compostagem, discorreu sobre o tema em sua palestra e abriu espaço para os participantes virtuais, de outras cidades, como São Paulo, Campinas e ABC Paulista, discorrerem sobre as experiencias de compostagem que realizam nessas cidades. “O lixo, na verdade, não existe. Nada é lixo. Só vira lixo se não há separação entre resíduos orgânicos e resíduos recicláveis. Se esse material for separado e reutilizado, ele deixa de criar um passivo ambiental e passa a fomentar a economia”, afirmou, observando que alvo da compostagem são os resíduos orgânicos, advindos de fonte vegetal ou animal.

“É importante destacar que, quando se fala de resíduos urbanos, cerca de 60% dessa massa de resíduos é constituída de resíduos orgânicos. Há um estudo do professor Sandro Mancini que constatou que entre 50% e 60% dos materiais do aterro sanitário de Sorocaba são resíduos orgânicos, que são reciclados através da compostagem. Porém, apesar de serem a maioria dos seres gerados, próximos de 60%, apenas 2% de resíduos orgânicos são reciclados no Brasil. Os outros 98% vão para o aterro sanitário e deixam de ser um produto comercialmente viável, tornando-se um passivo ambiental”, afirmou Cacuro, explicando que a definição técnica de compostagem é a “biodegradação da matéria orgânica e a transformação de resíduos orgânicos em adubo orgânico”, uma técnica que já ocorre na natureza. 

Ganho ambiental – “A compostagem nada mais é que um mimetismo, ou seja, uma cópia do que acontece na natureza, em escalas diferentes. É o mesmo processo natural, não industrializado. A diferença é apenas de tempo: as técnicas de compostagem aceleram o tempo de degradação desses materiais orgânicos, que, na natureza pode demorar anos, mas, com essas técnicas, demoram cerca de três meses, dependendo da técnica utilizada”, explicou. Para Cacuro, a compostagem representa ganhos ambientais diretos. “Há estudos mostrando que uma tonelada destinada à compostagem quando comparada com uma tonelada enviada para aterro evita a emissão de uma tonelada de gás de efeito estufa”, destaca. O palestrante também procurou desfazer o que considera mitos sobre a compostagem, como a ideia de que ela polui e provoca mau cheiro. “Se feita da forma correta, a compostagem tem cheiro de solo, de terra molhada”, garantiu.

O biólogo Felipe Pedrazzi, que integra o Coletivo Lixo Zero Sorocaba, disse que uma das características do trabalho de compostagem é o amor que as pessoas que se dedicam a ela têm pela atividade. “Apesar de ser pequenininho, o saquinho de lixo da cozinha é pesado e tem o poder de feder todo o lixo. Então, quando é devidamente separado e encaminhado para compostagem, nutrientes estão deixando de ser reaproveitados. Enfatizou que falar de compostagem é falar também do reaproveitamento de outros resíduos. O palestrante também enfatizou que a prática da compostagem reforça a educação ambiental, que passa a ser também um ato de cidadania, e discorreu sobre o “mundo de possibilidades” que a compostagem abre para agricultura e a produção de alimentos. 

Em seguida, Ísis Costa, da Associação de Moradores do Jardim Brasilândia, discorreu sobre o processo de compostagem que desenvolve no bairro, assim como diversos outros participantes da audiência pública também falaram de suas experiências em compostagem e ressaltarem os ganhos econômicos e ambientais dessa prática. A audiência pública está disponível no portal da Câmara Municipal e nas redes sociais da Casa.