03/06/2022 20h56
atualizado em: 03/06/2022 23h02
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A vereadora considera “autoritarismo” ter sido impedida, junto com o Flamas, de participar de entrevista coletiva do Executivo sobre o tema

A vereadora Fernanda Garcia (PSOL) teceu críticas ao Executivo pelo modo como vem tratando a questão da possível migração de adictos e pessoas em situação de rua do centro da cidade de São Paulo para as cidades próximas do interior, como Sorocaba. A vereadora considera uma “clara demonstração de autoritarismo” o impedimento de sua entrada na coletiva de imprensa realizada no Paço Municipal, na tarde desta sexta-feira, 3.

“Fui barrada juntamente com representantes do Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba, o Flamas, e do Instituto Contraproposta, ambos da sociedade civil. O que é lamentável, pois esse debate é extremamente sério e considero que os vários ramos da saúde mental e dos movimentos sociais que convivem com pessoas em situação de rua, bem como das demais esferas políticas, deveriam ser ouvidos”, afirma a vereadora, enfatizando que o debate não pode privilegiar, como interlocutores, apenas agentes de segurança.

“A atual administração tem uma visão midiática e procura desmontar as políticas públicas, abrindo as portas para as terceirizações. E o que se vê é uma tentativa de implantar novamente, a qualquer custo, uma política manicomial de internações compulsórias e de criação de clínicas de reabilitação. Trata-se de uma visão autoritária e de viés religioso, que, muitas vezes, nada tem de realmente científico”, argumenta Fernanda Garcia.

Questionamentos técnicos – “Outra questão que considero preocupante é a presença ostensiva de representantes das forças de segurança de todo Estado nessa reunião promovida pelo Executivo para discutir a possível migração dos moradores de rua. As exceções foram o próprio secretário de Saúde e uma pessoa da assistência social da pasta de Cidadania”, conta Fernanda Garcia, enfatizando que o tratamento do tema com um enfoque policial explicita “uma espécie de caça às bruxas, em tom de sensacionalismo”.

Para corroborar o que diz, Fernanda Garcia avalia que faltaram dados técnicos na abordagem do problema por parte do Executivo: “Quantas pessoas migraram até o momento? Quem as trouxe? Por que Sorocaba seria o destino dessas pessoas e não as suas cidades de origem? Sem responder a essas questões básicas, não é nem possível formular hipóteses plausíveis a serem provadas com fatos” – questiona a vereadora.

Por fim, reiterando sua indignação por não ter podido participar da entrevista coletiva juntamente como Flamas e o Instituto Contraproposta, Fernanda Garcia enfatiza: “Tratar as pessoas em situação de rua e dependentes químicos somente pelo olhar dos agentes das polícias, no intuito de reprimir e não de cuidar da maneira correta destes seres humanos, é um uma evidência clara da tentativa de ações de higienismo social e aporofobia [fobia de pobres], não somente em Sorocaba, mas em toda a região”.

(Assessoria de Imprensa – Vereadora Fernanda Garcia/PSOL)