14/03/2025 10h01
atualizado em: 14/03/2025 10h31
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Evento foi realizado por iniciativa da vereadora Fernanda Garcia e reuniu especialistas, parlamentares e a sociedade civil

A Câmara Municipal de Sorocaba realizou, na noite desta quinta-feira, 13, a audiência pública "Faces da Violência: Marielle, Força e Luta". A iniciativa foi proposta pela vereadora Fernanda Garcia (PSOL), em conjunto com a vereadora Iara Bernardi (PT) e os vereadores Raul Marcelo (PSOL) e Izídio de Brito (PT), como parte das atividades do "Mês das Mulheres".

O encontro reuniu especialistas, representantes de entidades e coletivos, além da população em geral, para discutir as diversas formas de violência contra mulheres e a luta por seus direitos. Entre as convidadas estavam a advogada Giovanna Thaize Nunes, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Sorocaba, e a socióloga Dulce Xavier, que trouxeram reflexões sobre a violência de gênero e suas implicações políticas e sociais.

Violência política contra mulheres – A vereadora Fernanda Garcia enfatizou que a violência política de gênero é um desafio constante enfrentado por mulheres em espaços de poder. Ela destacou a necessidade de combater essas práticas para garantir que mais mulheres possam atuar na política sem medo de intimidação ou agressão. Fernanda ressaltou que Marielle Franco foi assassinada justamente por seu ativismo e luta por direitos humanos, sendo um símbolo da violência sistemática enfrentada por mulheres, especialmente negras e periféricas. A vereadora também alertou para o aumento dos casos de feminicídio no Brasil, com uma mulher sendo assassinada a cada seis horas. Segundo ela, é essencial ampliar políticas públicas de prevenção, investir em educação e fortalecer redes de apoio para mulheres em situação de vulnerabilidade.

A vereadora Iara Bernardi destacou a necessidade de medidas preventivas para enfrentar a violência contra mulheres, lamentando que, ano após ano, o tema ainda precise ser debatido no Dia Internacional da Mulher. Ela mencionou avanços como a implantação de viaturas do programa Protege Mulher, que atende vítimas com medidas protetivas, mas ressaltou que a prevenção ainda é insuficiente. Iara também abordou a nova lei que garantirá pensão para crianças órfãs do feminicídio, destacando a falta de acompanhamento adequado a esses menores. Além disso, defendeu a implantação da Casa da Mulher Brasileira em Sorocaba, projeto que depende da adesão do governo estadual. A vereadora alertou para o aumento dos feminicídios na região e enfatizou a necessidade de campanhas preventivas nacionais para combater a violência de gênero de forma eficaz.

Prevenção e proteção – O vereador Izídio de Brito ressaltou a importância dos investimentos públicos na prevenção da violência contra mulheres, alertando para a necessidade de estruturar melhor os serviços de assistência e proteção. Ele destacou que, sem mobilização social, crimes como o de Marielle Franco poderiam cair no esquecimento e defendeu que legislação e policiamento são insuficientes sem contratação de profissionais qualificados para atuar na rede de proteção. Izídio também enfatizou a baixa representatividade das mulheres na política, citando que apenas 18% dos assentos no Congresso são ocupados por mulheres, e argumentou que a legislação eleitoral ainda não garante uma participação igualitária. Para ele, sem investimentos sólidos e consciência coletiva, a violência contra mulheres continuará a crescer.

Raul Marcelo ressaltou a conexão entre a luta de Marielle Franco e a luta do povo brasileiro por justiça social e democracia. Ele destacou que o assassinato da vereadora foi um crime político e que a investigação ainda não revelou todos os envolvidos. O vereador criticou a atuação do Estado na época, mencionando que o Rio de Janeiro estava sob intervenção federal, e apontou possíveis envolvimentos de figuras políticas de alto escalão. Raul Marcelo também enfatizou a importância da democracia para avançar em direitos e apontou o papel fundamental das mulheres na defesa do regime democrático. Para ele, a luta feminista é essencial para mudar a realidade brasileira, desde a redução da jornada de trabalho até o fortalecimento de políticas de proteção e acolhimento.

A audiência também contou com manifestações da sociedade civil, incluindo representantes de movimentos sociais, sindicais e estudantis. Os participantes destacaram que a luta contra a violência de gênero precisa ser constante e que é fundamental pressionar o poder público por ações concretas.

A audiência foi transmitida ao vivo pela TV Câmara e pelas redes sociais do Legislativo sorocabano (Facebook e YouTube), onde permanece disponível para acesso público.