31/03/2025 12h08
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Evento reuniu especialistas, lideranças políticas e religiosas para discutir os desafios enfrentados pelas mulheres em relação ao bem-estar emocional

A Câmara Municipal de Sorocaba realizou, na noite de sexta-feira, 28, audiência pública com o tema “A Importância da Saúde Mental e Emocional da Mulher”. A iniciativa foi do presidente da Casa, vereador Luis Santos (Republicanos), e os trabalhos foram conduzidos pelo vereador João Donizeti (União), líder do Governo no Legislativo.

A mesa principal contou com a presença da deputada estadual Maria Lúcia Amary; da secretária da Mulher, Rosângela Perecini (representando a primeira-dama Sirlange Maganhato); da médica e ex-presidente do Fundo Social de Solidariedade Denise Lippi; da pastora Vera Lúcia Tomaz Rosa; e da terapeuta Mônica Medeiros Aliaga, que foi a palestrante da noite. Também participaram da audiência os vereadores Iara Bernardi (PT), Jussara Fernandes (Republicanos), Henri Arida (MDB) e Rogério Marques (Agir); além da ex-vereadora Neusa Maldonado, representantes de entidades religiosas, lideranças comunitárias, profissionais da saúde e da educação e um público expressivo presente no plenário.

Corpo e mente saudáveis – A terapeuta Mônica Medeiros apresentou uma palestra sobre o tema em que enfatizou a necessidade de se tratar a mulher de forma integral, considerando corpo e mente como aspectos inseparáveis. Segundo ela, a origem de muitos problemas emocionais está ligada a padrões familiares e sociais repetidos por gerações, como o medo de confiar, a autossuficiência forçada e a ideia de que a mulher deve ser sempre forte.

“A mulher pode sim ser forte, mas sem carregar pesos que não são seus”, disse. Ela também abordou a relação entre saúde emocional e doenças físicas, como a endometriose, e criticou o uso excessivo de medicamentos como solução única. 

Rosângela Perecini destacou que muitas mulheres sequer têm acesso à informação e às ferramentas necessárias para compreender o que estão vivendo. Ela defendeu a ampliação das políticas públicas, inclusive com leis e projetos voltados ao acolhimento e à prevenção da violência. “Precisamos garantir que elas tenham onde buscar apoio”, afirmou.

A deputada Maria Lúcia Amary ressaltou que a sobrecarga imposta às mulheres, que precisam dar conta de múltiplas funções – como mães, profissionais, esposas e cuidadoras – tem causado impactos profundos na saúde emocional feminina. “Estamos precisando não só discutir, mas propor soluções concretas”, afirmou.

Vereadores cobram apoio às mulheres – O vereador João Donizeti destacou que a saúde mental das mulheres é um tema de extrema relevância e urgência. Segundo ele, a sociedade sempre impôs uma carga emocional elevada às mulheres, o que se intensificou na era moderna com a expectativa de que sejam "supermulheres", capazes de equilibrar casa, trabalho, filhos, família e demandas sociais. “Precisamos cuidar daquelas que são as verdadeiras maestras da nossa comunidade”, afirmou. Ele também apontou que fatores como sobrecarga de trabalho, desigualdade de gênero e violência contribuem significativamente para o sofrimento emocional das mulheres.

A vereadora Jussara Fernandes criticou a cobrança social de que as mulheres sejam sempre sábias e responsáveis pelo bom funcionamento dos relacionamentos, tanto no trabalho quanto em casa. Para ela, essa expectativa é desconectada da realidade enfrentada por muitas mulheres, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade. “Dizer a uma mulher que está em risco, sem renda ou apoio, que ela precisa apenas de sabedoria é aumentar ainda mais o peso que ela já carrega”, afirmou. Jussara defendeu políticas públicas efetivas que garantam acolhimento, acesso à terapia e oportunidades para que essas mulheres possam reconstruir suas vidas e retornar ao mercado de trabalho.

Já a vereadora Iara Bernardi destacou conquistas legislativas importantes, como a Lei Maria da Penha e outras normas que combatem o assédio e a desigualdade, mas frisou que é necessário avançar ainda mais. Citou como exemplo a criação de delegacias especializadas, a obrigatoriedade de que imóveis do programa “Minha Casa, Minha Vida” estejam no nome da mulher e o uso de tornozeleiras eletrônicas para agressores. A vereadora também comentou que Sorocaba recebeu recentemente seis viaturas do programa “Protege Mulher”, e que, em 2023, o botão do pânico foi acionado quase 500 vezes. “Isso significa que muitas vidas foram salvas. A coragem de denunciar e buscar proteção tem evitado feminicídios”, afirmou.

O vereador Rogério Marques destacou a relação entre traumas de infância e saúde mental, especialmente entre mulheres. Segundo ele, muitas carregam esse fardo sozinhas após serem abandonadas pelos parceiros. “Quem cuida de quem cuida?”, questionou, ao defender mais apoio às mulheres em situação de vulnerabilidade. Por fim, o vereador Henri Arida afirmou que seu gabinete pretende atuar como um espaço voltado à construção de políticas públicas em defesa da saúde mental da mulher e que coloca seu mandato à disposição dessa causa.

A audiência pública foi transmitida ao vivo pela TV Câmara Sorocaba e pelas redes sociais do Legislativo (Facebook e YouTube), onde está disponível na íntegra.