27/05/2025 08h18
atualizado em: 27/05/2025 08h58
Facebook

O Eixo Oeste do projeto do Trem Intercidades, que permitirá o transporte de passageiros por via férrea entre Sorocaba e São Paulo, foi apresentado e discutido em audiência pública na Câmara Municipal de Sorocaba, na manhã desta segunda-feira, 26, sob a responsabilidade da Secretaria de Parcerias em Investimentos do Estado de São Paulo.

A audiência foi aberta pelo presidente do Legislativo sorocabano, vereador Luis Santos (Republicanos), ladeado, na mesa dos trabalhos, pelas seguintes autoridades: Augusto Almudim, diretor de Assuntos Corporativos da Companhia Paulista de Parcerias; Felipe Alves, assessor especial da Secretaria de Parcerias e Investimentos; e o primeiro vice-presidente da Câmara de Sorocaba, vereador Caio Oliveira (Republicanos).

“Sinto-me honrado e profundamente emocionado ao falar sobre um tema que toca as fibras mais sensíveis da nossa memória coletiva e projeta uma esperança luminosa sobre os trilhos do futuro: o Trem Intercidades”, afirmou Luis Santos, ressaltando a importância do projeto para Sorocaba e região. Após abrir os trabalhos e acompanhar a exposição inicial da equipe técnica da secretaria, Luis Santos transferiu a condução dos trabalhos para o 1º vice-presidente da Casa, Caio Oliveira, em virtude de ter que comparecer ao sepultamento do pastor Osmar José da Silva.

Em seguida, o assessor especial da Secretaria de Parcerias fez uma exposição do projeto do Trem Intercidades, que, por meio do seu Eixo Oeste, vai permitir a ligação, por linha férrea, entre a capital e Sorocaba num trajeto que deverá ser feito em 60 minutos e terá a reforma e construção de estações. O projeto, com custo estimado em torno de R$ 12 bilhões, contempla dois tipos de serviço: o Serviço Expresso, ligando Sorocaba diretamente à Estação Água Branca, em São Paulo, e o Serviço Parador, com seis paradas, em Brigadeiro Tobias, São Roque, Amador Bueno e Carapicuíba, além de Sorocaba e Água Branca. A previsão é que serão atendidas cerca de 46 mil pessoas por dia.

O assessor especial Felipe Alves falou das vantagens do Trem Intercidades, ressaltando rapidez, quando se consideram os congestionamentos da ligação rodoviária entre Sorocaba e São Paulo, e a competitividade da tarifa, que segundo ele, deve ficar em torno de R$ 45 o percurso completo entre Sorocaba e São Paulo. Mas também haverá a cobrança proporcional, por quilômetro, o que reduz o valor da tarifa. Por exemplo, entre Sorocaba e a primeira estação, a de Brigadeiro Tobias, o valor será de R$ 5,72.

No período de pico, de segunda a sexta, sairá um trem a cada 30 minutos, tanto do Serviço Expresso quanto do Serviço Parador, totalizando quatro viagens por hora, o que significa um intervalo de 15 minutos entre uma e outra. Aos sábados, o intervalo será de 20 minutos e, nos domingos e feriados, sairá ao menos um trem por hora. Além disso, o passageiro será integrado à Rede de Transportes Metropolitanos do Estado e, no futuro, também está prevista a integração como VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). Os bilhetes, comprados com antecedência, serão preferencialmente digitais. O serviço também prevê indicadores de monitoramento da concessão.

Participação dos vereadores – Após a exposição técnica sobre o projeto, a palavra foi aberta às autoridades e ao público presente. A vereadora Iara Bernardi (PT) indagou sobre o início e o término da obra e sobre a negociação com a empresa Rumo, responsável por todo esse setor da ferrovia em Sorocaba. “Também queremos saber por que não será utilizado o trajeto que já temos hoje, mas apenas depois de Barueri. Se aproveitássemos o trajeto já existente, não precisaríamos de desapropriações”, questionou a vereadora.

O vereador Cristiano Passos (Republicanos) também discorreu sobre a importância de se valorizar a malha viária já existente e observou que o projeto tende a enfrentar resistência do transporte rodoviário convencional. “Antes da inauguração do Trem Intercidades, o Governo do Estado precisa ter um olhar mais atencioso para a estrutura que já temos hoje aqui na cidade, valorizando isso também”, enfatizou.

O vereador Roberto Freitas (PL) afirmou que o Trem Intercidades vai colocar Sorocaba num novo patamar, lembrou que Sorocaba está construindo uma nova rodoviária e defendeu a integração desses modais. Também defendeu que a Zona Norte de Sorocaba, assim como Iperó, seja integrada nesse processo.

O vereador Fábio Simoa (Republicanos) externou sua preocupação com as pessoas que estão morando na estação de Brigadeiro Tobias e em torno da linha férrea. Também defendeu medidas mitigadoras e sustentáveis, como placas de energia solar para a movimentação dos trens, e os devidos cuidados com a fauna. O vereador também anunciou ter recebido a notícia de que o Bairro Genebra foi retirado da rota dos pedágios “Free Flow”.

O vereador João Donizeti Silvestre (União Brasil) solidarizou-se com os moradores de Alumínio e Mairinque, que também reivindicam estações do Trem Intercidades e questionou a velocidade do trem, que será em torno de 120 a 140 quilômetros. “Por que não podemos pensar num trem-bala, como velocidade muito maior, que já é comum em muitas outras cidades?”, indagou.

O vereador Caio Oliveira (Republicanos) discorreu sobre a necessidade de se promover ao máximo a integração dos municípios da região, corroborando a demanda de Mairinque e de Alumínio, falou sobre a importância de se aproveitar as linhas férreas da cidade e indagou se a construção do Trem Intercidades terá algum custo para Sorocaba.

O vereador Dylan Dantas (PL) ressaltou a importância do Trem Intercidades para o desenvolvimento da região e defendeu que, em vez de oito estações de parada, poderiam ser contempladas 12 cidades. Dylan Dantas também defendeu a implantação de uma estação na Zona Norte contemplando também Iperó.

O vereador Rogério Marques (Agir) disse que o assunto da ferrovia é antigo e que é preciso pensar para frente, sugerindo a implantação de um trem bala. “Vamos pensar nas melhorias em tudo que vai surgir nesse tempo”, disse. Ele citou que o trem pode servir até para atendimento na área da saúde, no transporte de pacientes, e salvar vidas.

A prefeita de Alumínio, Ana Paula de Cássia Neto, o presidente da Câmara de Alumínio, Gediel Hosana de Carvalho, o presidente da Câmara de Mairinque, Rafael de Oliveira Dias, o Rafael da Hípica, e vários vereadores das duas cidades defenderam uma estação do Trem Intercidades em ambos os municípios, assim como vereadores de outros municípios, como Tatuí.

Respostas da secretaria – Após um intervalo, a audiência pública foi retomada para que fossem apresentadas respostas aos questionamentos realizados na primeira parte do evento. Augusto Almudim respondeu em bloco as perguntas sobre a situação de Alumínio e Mairinque e explicou que foram feitos estudos sobre quem utilizará o trem ao longo da concessão, usando diversos dados para capturar os fluxos de viagens de automóveis e ônibus. “O resultado desses estudos é que a estação de Alumínio apresentou demanda baixa, assim como Mairinque, que está próxima à estação de São Roque”, informou.

O diretor de Assuntos Corporativos da Companhia Paulista de Parcerias disse que para esses casos a maior viabilidade seria no transporte de ônibus, podendo ser linhas intermunicipais, para atender essas regiões até as estações. “Ainda assim incluímos no contrato essas duas estações como investimento contingente, isso significa que caso haja demanda poderão ser construídas”.

Sobre as obras, ele informou que tem início no ano quatro, termina no ano sete e começa a operar no ano oito, o que seria em 2032. Quanto às negociações com a Rumo, empresa que detém a concessão da malha oeste, que passa entre Mairinque e Sorocaba, terminam no próximo ano e será requerida o uso dessa área. 

Em relação ao traçado atual da ferrovia Sorocabana, foi informado que é muito sinuoso e por isso apenas o trecho a partir de Barueri poderá ser utilizado de forma integral para manter a velocidade prevista e atingir o tempo de viagem de no máximo uma hora. “Se fosse o traçado atual, certamente seria um tempo maior e as pessoas iriam preferir utilizar o carro”, justificou Almudim, sobre a necessidade de construção de novos trechos.

O diretor disse que não está prevista a integração do Trem Intercidades com a nova rodoviária de Sorocaba, na região da rodovia Raposo Tavares, mas que é possível a interligação com o sistema BRT e VLT. Sobre desapropriações e realocações de pessoas por conta das obras, ele explicou que a fase atual é de anteprojeto, e que ainda não é possível ter um número exato de impacto. “Todas as pessoas afetadas não podem ser esquecidas e deverão ser cadastradas e indenizadas devidamente”, disse, explicando que essa determinação está prevista no contrato com a concessionária.

O projeto prevê passagens de faunas e medidas compensatórias para o licenciamento ambiental. Estão previstas placas fotovoltaicas nas estações e as medidas de bitolas serão no padrão de 1,60m para proporcionar a interligação com outras linhas no futuro. Sobre trem-bala, ele explicou que seria inviável do ponto de vista econômico pela necessidade de obras para corte de relevo e construção de tuneis para que o trem pudesse atingir a velocidade. Acessibilidade e segurança plena estão previstas no contrato para todas as estações, trens e passarelas.

O diretor explicou que o trem parador e o expresso estão dentro do mesmo projeto e que a exploração de trens de carga pode ser realizada, desde que não impacte a operação do trem de passageiros. As contraprestações sobre o projeto serão a cargo do Estado e a tarifa do trecho completo será de R$ 45. Se houver necessidade de convênios com o município, deverão ser analisadas as necessidades de participação do Legislativo.

Ele explicou que não se trata de um projeto de privatização, mas apenas a concessão do serviço, que ao final do contrato deverá ser retomado pelo poder público. “É um investimento muito robusto”, disse Almudim, justificando o tempo necessário de contrato para que a concessionária possa reaver os investimentos. No contrato estão previstas obras de restauro dos bens tombados e, segundo ele, a prioridade do projeto é o foco no passageiro. A antiga oficina da Sorocabana deverá ser o pátio de manutenção do Trem Intercidades, podendo casar com outras finalidades de interesse do município por conta do tamanho da área.

Ao final, Almudim disse que a consulta pública segue aberta até o dia 2 de junho e que é possível se manifestar por escrito via site da Secretaria de Parcerias, além da possibilidade de agendamento de reuniões. A audiência pública foi transmitida ao vivo e poderá ser revista na grade de programação da TV Câmara Sorocaba e nas redes sociais do Legislativo (YouTube e Facebook).